sábado, 3 de agosto de 2019

Solteiros interessantes.



Essa foi parte da conversa que tive com um vizinho meu na semana passada. O Sílvio é um meninão de 23 anos ainda se familiarizando com sua recém adquirida vivência gay. 

Levou tempo pra gente se conhecer pessoalmente. Acho que só rolou porque os dois estavam com muito tesão acumulado em plena quarta feira (quando já se passou metade da semana mas tem ainda a outra metade). 

Ele veio ao meu prédio, pediu pra eu descer na portaria (pra não ter nenhuma surpresa - o bichinho ainda é todo desconfiado desse universo da paquera via aplicativos), a gente ficou conversando por uns 10 minutos daí eu o chamei pra subir e ele topou.

Faz pouco tempo que começou a sair com caras e chegou a namorar outro boy por 7 meses (me disse que o namoro acabou no dia em que o cara tentou comer ele... #bapho). 

Eu não deixo sempre de reparar no fato de que mesmo os caras mais travados sucumbem ao desejo. Você pode resistir o quanto quiser (e puder), mas tem uma hora em que você baixa a guarda e se entrega. Ficamos num sarro muito gostoso, muitos beijos, amassos e oral.  Ele é todo lisão, magrelo alto (piro!!!) e tem aquele corpo característico de jogador de volley (que eu acho lindo!). 

Depois que ele saiu daqui de casa continuamos a trocar umas msgs pelo app e foi onde esse papo surgiu. A fala dele me deixou de certa forma intrigado (apesar desse discurso não ser novidade). 

A primeira impressão parece confirmar a tese: se alguém é muito interessante, não teria motivos (nem incentivos) pra estar solteiro. Vem inclusive um certo espanto, como se a lógica estivesse sendo contrariada: mas se você é tão interessante, por que caralhos está solteiro?

Esta pergunta poderia ser respondida de diversas formas. 

Eu começaria problematizando com a constatação de que muitas vezes as pessoas estão juntas pelos motivos errados. Sinto que muita gente prefere estar com alguém pelo simples fato de estar, porque é cômodo, porque sofreria menos, porque não consegue ficar sozinho, porque tem medo da solidão. Sinto também que a maioria das pessoas meio que está "programada" para encontrar um par e seguir a vida. Assim funciona nossa sociedade.

Se é assim, em algum momento da minha vida essa programação social "deu ruim" hehehe... Saí programado ao contrário. Pra mim, o natural é estar sozinho e só estar em par se realmente valer a pena, se houver uma pessoa legal pra estreitar laços e vidas. [E não deixa de haver um certo drama no fato de que recentemente as únicas pessoas que me despertaram essa vontade moram longe e não seria muito viável iniciar relacionamentos assim].

Há uma minoria de pessoas que não necessariamente sente falta de namorar e que fica muito bem na própria companhia. Claro, as pessoas também tem seu círculo de amigos e cada vez mais tem valido a máxima "solteiro sim, sozinho nunca". Ou seja, as necessidades de convívio social, de carinho, sexo e outros sentimentos podem muito bem ser supridas por terceiros que não "os pares fixos". E não há nenhum mal nisso.    

Assim, o fato de ser "interessante" (e bonito, gostoso, bom de papo, bom de cama...) não necessariamente te empurra pra um relacionamento. Inclusive pelo fato (e isso está me vindo agora enquanto escrevo), que se isso é mesmo verdade, você gostaria de ter alguém que combinasse e  tivesse essas mesmas qualidades, não é mesmo? 

Pessoas bacanas e interessantes pra uma relação mais próxima não estão por aí aos montes, como em cachos de bananeiras. E para as que estão, a dança do acasalamento nem sempre vai ser capaz de vencer a regra básica do desencontro dos desejos.

Não é tão fácil quanto parecia, né? 

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