sábado, 31 de dezembro de 2016

Final de ano...

o ano tá acabando... mas a putaria continua firme e forte.

Mensagens singelas e fraternas - diretamente da praia de Ipanema - de um dos meus brothers mais queridos e que este ano conheceu um lado que ele desconhecia até então. 

Pelo menos metade do meu face é de amigos ou conhecidos curtindo muito o Réveillon no Rio de Janeiro. Aquilo deve estar uma loucura, pra dizer o mínimo.





Que em 2017 continuemos abertos a novas experiências. Que tenhamos asas frondosas para alçar altos vôos. Que não permitamos patrulhas morais repressoras e limitantes a nos impor uma suposta normalidade. Que alegria, felicidade e prazer possam ser nossas companhias frequentes.

Obrigado por estar aqui comigo nessa jornada!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

George Michael, para mim.

A morte de George Michael, aos 53 anos, pegou todo mundo de surpresa e só confirmou o ano zicado que foi 2016.

E sinceramente, eu não esperava ainda este ano ter de escrever mais um texto ao estilo R.I.P., como já havia feito para o Prince.

Eu o curtia bastante no começo da adolescência, quando via a MTV pela parabólica e claro, Freedom 90 é música obrigatória em qualquer balada que toque flashback. Então decidi escrever um texto sobre estas lembranças e registrar aqui.

O texto pode ser acessado na página do blog na Obvious magazine:

http://obviousmag.org/diarios_de_um_gay_paulistano/2016/george-michael-para-mim.html

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Sonhos

O sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou recalcado). (Sigmund Freud)


Não sei vocês, mas eu quase sempre fico muito impressionado com a capacidade da nossa mente em 'montar' e nos apresentar sonhos. 

Também não sei vocês, mas eu quase sempre fico muito impressionado com a confusão que são os meus sonhos, a junção de coisas díspares, de contextos diferentes, personagens que na vida real estão separados de repente estão reunidos com a maior naturalidade. 


E por mais óbvio que possa ser, é incrível como os sonhos revelam nossos desejos (os que aceitamos e principalmente os que negamos) e também os nossos conflitos mais perturbadores ou aqueles que temos dificuldade de resolver e encaminhar. 

Acho que foi exatamente isso que me aconteceu no domingo.

Não sei explicar muito claramente, mas a partir do momento em que saí da casa dos meus pais, gradualmente as afinidades foram se perdendo e fui me distanciando. A vida cotidiana é muito diferente; os objetivos de vida são muito diferentes. Hoje em dia temos poucas afinidades e nos momentos em que convivemos, há pouco a ser dito e partilhado.  

A minha vivência gay foi também um fator de distanciamento em relação à minha família, mesmo depois de ter escancarado as portas do armário. Não sei se precisava ter sido assim, mas foram colocadas por mim em lados opostos. Até porque certamente desaprovariam muitas das coisas que faço, dada a herança católica ainda bastante presente ali. Há coisas inclusive que eles nem fazem ideia que existem. 

Esse contexto ajuda a explicar a "salada mista" que vou narrar abaixo.
Eu estava no meu quarto quando recebo uma mensagem do meu pai pelo whatsapp. Ele estava em São Paulo, voltaria pro interior e passava no meu prédio pra se despedir.
Eu respondo a mensagem dizendo que desceria à portaria para vê-lo e me despedir.
Daí eu saio do quarto pra pegar o elevador e eis que chego à sala e lá está rolando uma suruba com vários caras. Eu não consigo identificar nenhum ao certo, exceto um deles: meu chefe.
Eu não me lembro ao certo se estavam pelados... sei que ninguém estava trepando na hora, mas rolava aquele andar de reconhecimento pelo local típico de corredor de sauna; abordagens preliminares.
Eu sei que começo a conversar com as pessoas, estou preocupado em agradar meu chefe, em que ele não tenha uma visão negativa a meu respeito e o tempo vai passando, passando e eu simplesmente não consigo sair do apto e descer à portaria onde meu pai estava me esperando. 
[Pausa: esse tipo de situação é um sonho muito recorrente pra mim. Acontece de eu ter de ir a algum lugar ou realizar alguma tarefa mas nunca conseguir. Daí eu passo a noite inteira lutando no sonho pra conseguir e é muito desgastante. Por exemplo: um relatório que preciso escrever no trabalho, uma reunião com itens a negociar ou uma viagem na qual não consigo chegar ao aeroporto. Tem sempre algo (ou algoS) me impedindo de finalizar um determinado objetivo.] 
Num dado momento eis que chega nova mensagem no whatsapp, dessa vez da minha irmã. Uma frase dura: 'vc não tem vergonha de mentir pro seu pai?' Me lembro que no sonho eu entendia que meu pai tinha me esperado um tempo e ido embora. Me lembro também de ter ficado muito mal e um pouco desesperado pelo meu pai e muito puto pela abordagem agressiva da minha irmã. 
Este o sonho. Quando acordei e me lembrei dele senti um certo desconforto, parecia tudo tão real. E foi muito do que vivi esse ano, sendo demandado a passar mais tempo com minha família.

Minha irmã representa essa posição de cobrança mais dura à qual eu sempre tento resistir. E fui desenvolvendo estratégias pra tanto, pois do contrário, seria sugado por ela, que de certa forma acha que as demais pessoas têm de viver em função da rotina dela, dos filhos e do marido. 




Meus pais já expressaram sutilmente em muitas ocasiões que se ressentem e que gostariam de me ter mais por perto. Pra mim é muito difícil, pois o trabalho me consome demais durante a semana e nos finais de semana tudo o que quero é um pouco de descanso e um outro tanto de prazer. Gosto de ficar sozinho em muitos momentos e em outros, quero a companhia dos meus amigos.

Separar parte do final de semana para programas familiares quase sempre significa abrir mão dessas coisas. E aí eu fico muito incomodado na hora, por sentir que estão tentando me tirar o sossego que tanto prezo e busco. 


E tem a outra oposição que o sonho retrata muito bem, entre a vida tradicional e certinha representada pela família e a vida lasciva gay; do tipo levar a sobrinha pra pedalar na Paulista no domingo depois de ter fritado na balada a noite anterior. [Por favor gente, sem julgamentos morais...] 


Equaçãozinha complicada essa, mas que não vejo muita solução a não ser a manutenção dessa distância saudável e o aperfeiçoamento das estratégias de resistência. Me incomoda um pouco perceber essa situação de pouca afinidade em relação aos meus pais e não ver muito horizonte de mudança pela frente. 

domingo, 11 de dezembro de 2016

Conexões parte II - ou "de bad na balada"

Não quero só ficar bem na foto. Quero dizer a que vim. Mesmo que isso me custe revelar coisas que não gosto em mim. Nem sempre gosto dessa cara de alegre, quando sei que tenho tanta dor por trás. Eu não acredito em mais nada a 8 ou 80. Você sabe, eu aprendi demais. (Marina Lima)

Dizem que tudo em excesso cansa, não?

Talvez seja isso que tenha acontecido ontem comigo. Ido a festas com muita frequência. Não é exatamente o que eu queria. Daí me frustro, deixa de ser leve, fica mais pesado, o tempo parece passar mais devagar.

Devia ter me policiado um pouco mais pra poder continuar curtindo. No fundo, eu sempre fui mais "devagar" que meus amigos... O Mário e o João têm um pique maior e daí ficam me chamando pra função. O Mário tem uma abertura e um apetite maior para experimentações químicas e ele é impetuoso, vai testando, se arriscando, indo na base da tentativa & erro. Eu acabo sendo um pouco mais comedido (e nem tô dizendo que isso seja mérito) e me satisfaço com menos coisa.

Já ficou claro pra mim que tenho de dar um espaço maior, pra poder curtir a pegada eletrônica, os beijos e demais interações. Alguns "nãos" estão sendo ditos e mais alguns serão daqui pra frente. 

E no meio disso tudo tem o André, me povoando a mente com intensidade cada vez maior. Nos falamos pelo whats todos os dias ou skype, na prática é como se fosse um namoro. Mas estamos [muito] longe um do doutro, eu faço minhas artes aqui e ele as dele lá no outro continente. Sem cobranças... só um pouco de ciúme.


O fato é que criamos uma conexão emocional, um carinho imenso, um bem querer e uma vontade de estar junto. Vamos nos encontrar no final do ano e no começo do ano que vem, serão pelo menos 3 momentos. Sinceramente, eu não faço ideia do que vai acontecer, eu sinto que tem grande chance de dar errado e de eu me fuder bonito de verde & amarelo.

Mas como a experiência me mostra [sempre] que vale a pena tentar e arriscar, que vale a pena sair da zona de conforto, aqui estou eu abrindo meu coração, sentindo um pouco de ciúmes dele, me expondo ao falar dos meus sentimentos, dizendo pra ele que o adoro e que sempre estou com saudades.


Isso tem sido recíproco, pelo menos até a última semana. Nestes últimos dias tenho sentido ele mais distante, mais comedido nas palavras. Não sei se é uma fase dura no trabalho ou se algo mudou. Decidi não fazer a linha histérica e nem qualquer cobrança. Vou segurar minha ansiedade e esperar pelo nosso encontro de fim de ano. Eu quero ir pra esse momento me sentindo seguro, ciente das minhas qualidades e de que não há motivo pra me sentir diferente.

[eu aqui escrevendo o texto no note e chega msg dele: saudade de vc]

Confesso que não gosto de me sentir assim, vulnerável e na "dependência" de um sentimento. Bate um medinho de rejeição, de vc estar sentindo algo tão gostoso, intenso e de estar fazendo papel de trouxa, de não ser recíproco [e só ainda não te avisaram]. Encontros sexuais fortuitos ou relações com fuck buddies te deixam menos vulnerável e vc transita num território mais definido, sabendo com mais certeza o que vai encontrar e o que esperar de algo assim.

Nesta história com o André, eu me sinto tateando em um local desconhecido, imprevisível. E de certa forma, eu crio uma capsula protetora pra não me mostrar assim pra ele, a gente fica com receio de errar, de dar uma bola fora e gasta uma puta energia com isso (ao menos até vc minimamente sentir um pouco de segurança do lado de lá - acho que eu ainda não senti essa segurança de maneira mais objetiva - será que ele, lá longe, também sente isso q eu estou sentindo? Será que ele também se sente vulnerável, assim como eu?).

As químicas também não andam me fazendo muito bem... uma experimentação na semana anterior me fez cair a pressão e precisei da ajuda do meu fiel escudeiro Mário. Nem foi uma questão de dose, foi simplesmente meu corpo rejeitando o produto. A sensação foi horrível e me bateu um pouco de ressaca moral por isso ter acontecido comigo. Talvez seja hora de voltar (ao menos por um tempo) para a boa e velha loira gelada.
Mário: e aê, e a parte física? que susto...
Eu: Nossa, ainda refletindo. Mas nunca mais passo por isso.
Mário: precisamos conversar sobre isso. É algo que você me comentou também quando caí no outro show, lembra? É tomar cuidado sem encaretar.
Eu: Tô sentindo que não tô conseguindo aproveitar como antes. Não tô conseguindo entrar na vibe. Não bateu tão bem nas últimas vezes.
Mário: Sua pressão deve ter caído muito. Também sinto que não aproveita mais... desde outro dia desses tem algo que não é a mesma energia. Não sei se é ansiedade, ou desgaste da fórmula de diversão, rs...
Eu: pode ser um pouco de cada, e não tivemos nenhuma big party depois do aniversário da casa.
Mário: pois é, pode ser. Mas não podemos demonizar o objeto, né?
Eu: mas a minha sensação eh q meu corpo tá rejeitando esses aditivos. Mas eu dormi bem. Acho q passou o susto, rs...
Mário: Bem vindo ao grupo dos que apagaram na balada kkkkk
Eu: ai Mário... não queria ter entrado nesse clube
Mário: Bem... são os riscos que assumimos, né. Contamos com a possibilidade dessa consequência quando nos aventuramos... Por isso que temos que estar sempre juntos... que insisto pra não nos separarmos...
Eu acho que essa conexão mais íntima com o André está me tirando o foco e o prazer da balada. Com ele aqui provavelmente seria bem diferente, a gente poderia ficar junto a balada toda com abertura para interagir com outras pessoas (como fizemos em agosto). Mas teria uma diferença - nós e os outros. Os outros passam, ele vai embora comigo ao final da noite (ou ao começo do dia, hehehe)


Fazendo uma retrospectiva do ano e observando o meu modus operandi fica claro pra mim que a balada é um momento onde quero buscar conexões emocionais e sensoriais com outras pessoas. Não é o beijo pelo beijo simplesmente, a pegação pela pegação... claro, se for isso, vamos curtir, eu não vou deixar de fazer, mas se vier com algo mais, certamente será melhor. [tô aqui tentando desenvolver o argumento - talvez não fique muito claro].


À medida que avanço nesse caminho, a tendência é que eu fique mais seletivo (nas primeiras festas parecia que o mundo ia acabar, eu queria beijar todo mundo!) e só me atraque com alguém(ns) com quem eu sentir minimamente que possa rolar algum nível de conexão emocional / sensorial.

Este post também se chama "Conexões" por esses motivos: a conexão construída com o André e a percepção da busca de outras conexões ao longo dessas noites tórridas de balada.

E antes que alguém pergunte, não, isso não tem nada a ver com monogamia careta.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Conexões parte I - ou "amor, tá na hora da gente ir"

The sex was so good even the neighbors had a cigarette. (Annonymous) 

E lá vem mais história de casal... caramba, será que tô ficando especialista?

Interessante como às vezes os melhores momentos de uma noitada acontecem ao final, quando você já não tem grandes ou mais nenhuma expectativa e já queimou tudo o que tinha pra queimar ali. Talvez a personificação da famosa frase "the best is yet to come".

Se fosse outra balada, diferente de onde costumo ir, eu até diria que havia chegado a famosa "hora da xêpa", onde todo mundo deixa temporariamente seus preconceitos, babaquices e resistências de lado e parte pra felicidade (momentânea, quase sempre). Mas sinceramente, ali onde rola a balada forte esse conceito de xêpa perde muito do sentido, porque no geral as pessoas estão mais dispostas a interagir, vão embora bem mais tarde (ou bem mais cedo, a depender do ângulo) e há muito mais gente junta (o que explica tudo isso, aí já é outra discussão, rs...)

Numa das últimas grandes festas que fui na região da Lapa/SP, ali por volta das 5 da manhã eu já tava com fome e cansado de tanto dançar. Também já tinha beijado muito, muito e encontrado um cara que havia me despertado instintos de namoro (mas que pena... despertou só em mim).

No meio da muvuca a céu aberto topei com um cara que tava a fim de beijar há tempos e fui lá ficar com ele e os amigos, também muito interessantes. Pouco depois eu me senti à vontade pra ir pra cima e dei um beijo nele, que correspondeu. O namorado estava por perto, beijei também, mas não tive retorno muito empolgado, só um beijo protocolar pra não ficar feio. Mas o fato é que ficou um enrosco gostoso ali de um monte de caras se beijando, se abraçando, dançando e confraternizando a liberdade inenarrável de se ser gay e de se fazer aquilo que dá prazer! (acho que dificilmente vou trocar isso na vida!)

Um pouco depois me viro e vejo um deus grego que também estava ali junto da turma... um Apollo, pele morena, corpo torneado e liso, uma tatuagem enigmática em grego e claro, foi a deixa pra eu me aproximar e perguntar o que significava. Vc se aproxima e meio que já dá um semi-abraço pra envolver o boy. A resposta foi também enigmática e acho que ali não caberia uma explicação mais detalhada (a língua grega tem nuances e significados que podem ser tão ou mais complexos do que a alemã, por exemplo). 

Da discussão sobre a tatuagem em grego pra realização da música do Radio Taxi foi um pulo: um beijo... na boca... um abraço apertado, forte e suado... quente como as noites quentes de verão.

Laio é um cara muito interessante... lindo e com um papo estruturado, profundo, de conteúdo... engenheiros e arquitetos têm um charme todo especial pra mim e eu me derreto quando me deparo com um deles. Trocamos outras palavras, muitos outros beijos sabor MDMA e havia ali uma sintonia fina, deliciosa, o padrão ideal do que procuro em noites como esta. 
Uma breve pausa no texto para reflexões chatas (porém necessárias). Eu já disse isso aqui e repito (pra mim mesmo inclusive): o fato de vc encontrar alguém com uma super afinidade, aquela sensação de "nunca antes na história da minha vida", não significa que disso vá derivar algo mais amplo tão espetacular quanto aquele momento. Preste atenção nisso: o momento pode ser mágico e ficar ali, circunscrito. Module suas expectativas e aprenda a valorizar quando acontece, pra depois não ter de tomar comprimidos pra dormir (isso Angela Rorô já dizia em 1979 na clássica Balada da Arrasada).
Um tempo ali passado e vem a famosa (e já muitas vezes ouvida) frase: "mas eu tenho namorado". Na hora vem um banho de água fria mas a gente logo se recupera e nem tem tempo pra fazer draminha. Bom, se o cara tem namorado mas vc tá ali com ele dando um pega forte de dar inveja nos amigos, certamente há uma liberalidade entre o casal que permite isso. 

E foi o que se constatou quando o Roberto chegou com outros caras juntos (e já devia tê-los beijado inclusive) e me foi apresentado. Naquela hora ele parecia muito louco e não se atentou muito pra mim (apesar de termos nos beijado rapidamente, a dois e a três). Acho que ele tinha outros interesses fora da roda, ficou pouco ali e depois saiu. Eu continuei beijando o Laio por mais algum tempo e também saí para procurar meus amigos. Ficou um gostinho de "quero mais" e uma abertura pra que aquilo tivesse sequência.
  
Achei o Laio no face e começamos a trocar msgs. Eu o chamei para um vinho lá em casa num dia de semana à noite. Ele super topou mas disse que essas coisas ele sempre fazia em par com o namorado, nunca sozinho, que era um acordo entre os dois. Eu achei muito honesto e justo da parte dele dizer isso e falei que o convite se estendia ao Roberto também e que teria muito prazer em receber os dois na minha casa.

Confesso que da 2ª feira até a 5ª feira me bateu certo receio de encarar a situação. Sexo a 3 é gostoso, mas dá trabalho, a dinâmica é um pouco mais complexa e mobiliza mais energia e foco. Mas sempre que sentia isso colocava na cabeça que era a hora de sair da zona de conforto, que tinha tudo pra ser legal, que não tinha razão pra me sentir inseguro e que, começada a função, tudo se ajeitaria: "vai que vc não vai se arrepender", me disse meu ID.

A expressão "muito prazer" dita na ocasião se provou muito mais do que uma mera frase de educação e sedução. Primeiro que Laio acertou comigo a 5a feira e não fez corpo mole. Foi combinado e eles apareceram aqui (quantas vezes os "combinados" são só palavras jogadas ao vento, não é mesmo?).


Eu separei dois ótimos vinhos, um espumante e um tinto para tomarmos, castanhas e frutas secas e ficamos ali na bancada da cozinha conversando por um bom tempo. Papo ótimo, sem pressa, que aos poucos revelava afinidades e interesses em comum. Tivemos ainda um tempo pra desfazer um leve desconforto do Roberto, que não se lembrava de mim daquela noite e que, ainda assim, apareceu lá quase que num "blind date". Claro, o Laio foi o fiador da noite ao dizer: "tenho certeza que vc vai gostar dele" (a minha auto estima agradece!).  

Eu ainda teria conversado por mais um tempo com eles, mas chegou uma hora em que naturalmente eu e o Roberto nos aproximamos, passei a mão por trás do ombro dele, ficamos meio que abraçados vendo algum detalhe de um livro. Já tínhamos tomado vinho o suficiente pra ficarmos relaxados e foi a deixa pro Laio se aproximar também e nos entregamos a um delicioso beijo, sob as bençãos de Bacco! 

Continuamos a nos pegar na sala e eu os conduzi para o meu quarto. Dali em diante o sexo aconteceu de forma espontânea e muito natural (o que é incrível para 3 caras que nunca tinham trepado antes). Foi delicioso tirar a roupa deles, sentir o corpo deles, o cheiro deles, ver também eles tirando a minha roupa e explorando meu corpo. Enquanto Roberto e eu nos beijávamos Laio me chupava; eu também chupei os dois com todo empenho e dedicação, tanto porque eu estava com vontade como porque queria agrada-los naquele momento tão gostoso. 


O bacana é que ninguém ficou com restrição ou frescuras. Do que percebi da dinâmica do casal, o Laio era o ativo (mais frequente ou em tempo integral) e o Roberto o passivo. Daí isso se reproduziu também ali na hora. Confesso que antes da transa rolar eu fiquei um pouco encanado pensando: puts, mas será que vou ter de dar pros dois?

Depois me dei conta da bobagem que esse tipo de pensamento representa e parei de me preocupar, imaginando que o sexo iria rolar com naturalidade, que se eu não quisesse eu não precisaria fazer nada e que, na lógica inversa, poderia (e deveria) fazer tudo o que tivesse vontade. 

Então, assumindo de fato a postura de melhor anfitrião, eu comecei dando pro Laio (que tomou a iniciativa de me puxar e encapar o pau dele) e na sequência, pro Roberto. Fiz isso naturalmente, foi delicioso e não me senti "diminuído" em nenhum momento. E eles também foram sensacionais.

E acho que foi isso que inclusive deixou o Roberto muito à vontade pra dar pra mim na sequência. Eu comecei a roçar o pau na bunda dele, ele encaixou as pernas em mim e ficamos ali nos enroscando. Eu, gentil como sempre, perguntei: posso pegar uma camisinha? ouvi um "Pode" espontâneo que não deixou dúvidas sobre o desejo dele (tá vendo como muitas vezes a gente complica quando poderia facilitar?)

Comecei a comer o Roberto e foi um puta tesão... e aí veio o momento auge da noite. O Laio encapou o pau dele de novo e veio por trás de mim e eu experimentei uma sensação e uma posição até então inédita... o famoso trenzinho. Foi um pouco atrapalhado no começo mas depois que a gente pegou o jeito, foi delicioso! Pensando hoje, me pergunto por que não ficamos mais tempo daquele jeito...


Um pouco mais de beijos, chupadas e muita pegação gostosa e eu disse pro Laio: come ele que eu quero ver. Ele pegou outra camisinha (naquela noite gastei meu estoque todo...) e foi pra cima do Roberto, numa pegada e ritmo fortes, que até me assustou um pouco. Eu coloquei a cabeça do Roberto no meu colo e o beijava enquanto ele era fodido forte pelo Laio. Pouco tempo depois ele avisou que ia gozar e deu um belo esporro que sujou toda sua barriga branquinha e lisinha. Que maravilha aquela cena!

Chegou a vez de eu e Laio gozarmos também e ele se enroscou por cima de mim e veio forte também. Sentir aquele cara viril se movimentando em cima de mim me deu muito tesão... nossos corpos entraram numa vibe muito boa, mas eu tentava controlar a força dele um pouco para não me machucar. 

Uma hora ele trocou de posição, me puxou e eu fiquei sentado em cima dele, cavalgando com seu pau dentro de mim. Aí já não dava pra segurar muito mais. Explodimos no gozo, eu um pouco antes do que ele, mas tão intenso quanto. 

Pausa pós-orgasmos para nos recompormos e ficamos os três abraçados, extasiados, curtindo aquele momento. Roberto cochilou e eu e Laio ainda conversamos um pouco e nos beijamos, lenta e sofregamente. 

Quando Roberto despertou, Laio, super fofo, disse pra ele: amor, tá na hora da gente ir. Amanhã acordamos cedo.

Ao passarmos pela cozinha, vimos que ainda havia um resto da 3a garrafa de vinho (eles também haviam trazido uma) e não deixaríamos essa sagrada bebida sem ser apreciada. Finalizamos a garrafa e nos despedimos com a certeza de que ali tinha rolado uma energia muito boa, pessoas de espírito livre, gente do bem se juntando pra curtir e ter prazer. Liberdade vivida e exercida - isso não tem preço! Não tem preço! 

Mesmo tendo tomado muita água durante e depois, a ressaca no outro dia foi inevitável (melhor a ressaca física do que a moral). No meio da manhã chega uma mensagem fofa no face pra mim do Laio:
Ligeiramente de ressaca, muito sono, mas valeu a pena! Fantástico ontem!!😉
Respondi:
Adorei me atracar contigo, olhar nos teus olhos e poder sorrir, de tão bom que tava. E o Rô é uma graça, super gente boa, uma delícia... ontem fizemos tudo o que gosto de fazer... um bom vinho, um papo inteligente e estimulante, vcs são ótimas cias e sexo da melhor qualidade, com tesão, pegada e carinho.
Laio finalizou:
Concordo plenamente com o q vc disse, tudo o que gostamos de fazer! Eu e o Rô saímos de lá falando a mesma coisa!! E aquele seu sorriso safado ficou gravado. 😏
Ora, e por que o título do texto se chama "Conexões"

Simples, porque percebi no casal uma conexão incrível, parecem ser de fato parceiros e vivem uma vida a dois pelo simples fato de desejarem estar juntos. Cultivam afinidades e objetivos em comum. Isso, no entanto, não os impede de ter uma vivência ampliada e mais intensa da sexualidade. 


Intuitivamente não esperava por isso, mas tenho me deparado com muitos outros casais que se portam de forma semelhante. Têm uma vivência a dois, mas que inclui interações com terceiros, quartos e quintos e isso é vivido como algo que naturalmente faz parte do 'viver a dois'.

Longe de ser algo contraditório, acaba sendo algo agregador e que contribui para fortalecer os laços e manter acessa a chama do tesão.

O fato de ter vivenciado essa experiência até o fim e a maneira como me portei também me deram uma sensação interna bacana de me sentir adulto, fazendo coisa de gente grande, coisa complexa, bem conduzida.

Enfim, um substantivo: Sexo. E dois adjetivos: Adulto. Bem feito.  

PS: As ilustrações deste post foram linda e generosamente feitas por um amigo muito querido que acompanha o blog! Ao visualizar alguns de seus desenhos mais recentes lhe fiz um desafio para que ilustrasse essa história, desafio que foi prontamente aceito por ele. Certamente outras artes tão lindas virão futuramente!!!!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Sexo na balada - versão resumida

Eu adoro e me delicio com as histórias que a Carmen X conta no blog dela X de Sexo - A cama é de todos.

Um blog democrático, pra tod@s e com histórias 'sobre' e 'para' quem não tem medo de sexo!

Trocamos alguns emails quando lhe escrevi falando sobre esse blog. O que mais gostei no retorno dela (além do próprio retorno, claro!) foi ela ter dito que tinha curtido a "pegada pop" do blog. Eu não tinha me dado conta disso, mas ela tinha total razão na observação. 

As referências pop me inspiram demais e fazem conexões com as minhas histórias. O blog, naturalmente, acabou por uni-las numa deliciosa combinação. 

O post anterior - Sexo na balada foi escrito inicialmente numa versão "full" e com mais detalhes. Mas como sei que a pegada do X de Sexo é de textos bem menores, enviei uma versão resumida, e que foi publicada hoje no link abaixo com o sugestivo nome de: Banheiro na balada, onde tudo é apertadinho (essa Carmen é criativa demais!) 

http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2016/11/08/banheiro-da-balada-onde-tudo-e-apertadinho/

Como o blog é restrito para assinantes folha/uol, reproduzo aqui abaixo a versão resumida, que além de ser menor, tem uma intro e o toque editorial da Carmen - deixando-o com a leitura ainda mais dinâmica. 

PS: não, esse tanquinho aê não é o meu... mas em breve será!

Banheiro da balada: onde tudo é apertadinho

POR CARMEN
Tem umas festas que ficam na memória para mim, seja pelo set de músicas, pela risada com os amigos, ou pela atmosfera sexy.
Fim de ano chegando, tempo de celebrar, e me recordo da balada incrível que fui nos últimos dias de 2015, em uma das casas com mais personalidade da Vila Madalena. Na mesa, um pernil desfiado de comer lambendo os dedos; no jardim, música brasileira e um povo sexy da porra.
Uma amiga ficou tão inebriada pelo clima hedonista que arrancou a roupa na pista de dança. E nem tinha bebido mais do que duas Heinekens. Eu confesso que levantei a saia, mostrei a calcinha, mas parei por aí.
Flerte e pegação estão em casa numa balada. Mas transar, de verdade, com boquete, penetração e o escambau, é mais raro, né? Eu e Diego sempre falamos de transar nos banheiros dos bares, mas nunca ficamos bêbados o suficiente. Nossa transa acaba rolando numa rua escura, no banco do passageiro  (eu sei, eu sei, adolescentes e inconsequentes).
Aí chega mais um relato do blogueiro Homo Sapiens Sampa, que apronta muito pela noite LGBTQ paulistana. 
Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com
Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com
 “Sexta-feira não é meu dia predileto pra balada forte, em geral estou bem cansado do batidão do trabalho. Mas como viajaria no sábado, acabei indo para mais um momento de pegação e música eletrônica.
A noite transcorria da mesma forma como as demais: uma cerveja para abrir os trabalhos, a sintonia progressiva com o som.  Saindo pra tomar um ar, passo por um baixinho de calça jeans apertada, malhadinho. Nós nos olhamos, trocamos rápidas palavras e começamos a nos tocar. As mãos passavam pelo corpo um do outro como se estivessem buscando tesouros escondidos (e acredite, eles existem!).
Sabe o que quero dizer quando alguém é muito ‘gostosinho’? Esse rapaz fazia uma linha mais mignon e me despertou uma fúria erótica. Deslizava minhas mãos pelo peito, barriga, o abraçava forte, até que cruzei a fronteira da sua calça jeans e fui direto à bunda.
Uma bundinha gostosa, redonda, pequena. Não conseguia tirar as mãos de lá. Meu pau duro (ainda dentro da calça) tocava o dele (também dentro da calça) e esfregávamos nossos corpos suados.
Pouco tempo depois ele me puxou e me levou em direção ao banheiro. Eu já imaginava o que estava por vir e pensei comigo: ‘Onde consigo uma camisinha?’ Só que ele foi me guiando e, de repente, já tínhamos entrado em uma cabine, ele abriu minha calça e começou a punhetar meu pau babão.
Eu me encostava na parede da cabine e curtia o momento inusitado. Até o ponto em que o virei para sentir sua bunda; comecei a roçar meu pau ali imaginando que não daria pra ir muito além sem proteção.
Qual não foi minha surpresa quando ele levou a mão a um bolso da sua calça e sacou de lá uma camisinha e um sachê de gel?
Foi uma cena linda ver aquela bundinha se mexendo, indo e vindo sobre o meu pau, ao mesmo tempo em que o escutava gemer de tesão. Ele também tinha um pau gostoso, grande, e batia uma punheta pela frente, enquanto curtia meu pau por atrás.
Nós estávamos quase pra gozar quando um segurança bateu forte na porta, nos lembrando sutilmente que havia outras pessoas que também gostariam de utilizar a cabine. Tomei um certo susto e aí já era impossível gozar. Tirei a camisinha, vestimos a calça e saímos tranquilamente. Nos despedimos com um abraço curto, algumas palavras e um sorriso de canto de rosto. Tudo muito simples, sem drama, só prazer.”
Conte sua aventura erótica, vou adorar ler e publicar: carmenfaladesexo@gmail.com

sábado, 5 de novembro de 2016

Sexo na balada - versão full

I know, I know, I know
I shouldn't act this way
I know, I know, I know
Good girls don't misbehave
Misbehave
But I'm a bad girl anyway, hey 
(Madonna, Girl gone wild)


                              

Sexta feira não é meu dia predileto pra balada forte, em geral estou bem cansado do batidão do trabalho. Mas como viajaria no sábado, e a pressão dos amigos era forte pela minha presença, acabamos indo todos à região da Lapa para mais um momento de pegação, viagens químicas e música eletrônica.


Nessa balada em especial tudo se mistura numa incrível sintonia! A música e a química deixam as pessoas muito mais abertas a todo tipo de interação, seja na pista, nos banheiros ou em uma espécie de corredor escuro ao ar livre lá disponível.


A noite transcorria da mesma forma como as demais: uma cerveja para abrir os trabalhos, a sintonia progressiva com a música eletrônica e uma meia hora depois, um gatorade turbinado para cruzar as fronteiras rumo a um mundo mais leve, sexy e feliz! 

Algumas boas bocas e muitos beijos depois, eis que saindo pra tomar um ar passo por um baixinho sem camisa, calça jeans apertada, malhadinho... nós nos olhamos, trocamos rápidas palavras e começamos a nos tocar... as mãos passavam pelo corpo um do outro como se estivessem buscando tesouros escondidos (e acreditem, eles existem!). 

Sabe o que quero dizer quando alguém é muito "gostosinho"? Esse rapaz fazia uma linha mais "mignon" e me despertou certa fúria erótica... deslizava minhas mãos pelo seu peito, barriga, o abraçava forte, até que cruzei a fronteira da calça jeans e fui direto à bunda dele.

Uma bundinha gostosa, redonda, pequena... daquelas que você aperta com força e apalpa com os dedos. Não conseguia mais tirar as mãos de lá... meu pau duro (ainda dentro da calça) tocava o dele (também dentro da calça) e esfregávamos nossos corpos suados. 


Pouco tempo depois ele me puxou e me levou em direção ao banheiro. Eu já imaginava o que estava por vir e pensei comigo: onde consigo uma camisinha? Será que eles têm aqui? Só que ele foi me guiando, me puxando e de repente, já tínhamos entrado em uma cabine, ele abriu minha calça e começou a punhetar meu pau babão. 

Eu me encostava na parede da cabine e curtia o momento inusitado. Até o ponto em que o virei para sentir sua bunda; comecei a roçar meu pau ali imaginando que não daria pra ir muito além disso sem proteção. 

Qual não foi minha surpresa quando ele levou a mão a um bolso da sua calça e sacou de lá uma camisinha e um sachê de gel. Não tive dúvida, encapei meu pau, pus a mão dele lá e deixei que ele o posicionasse.

Com a cabeça na portinha, ele começou a se esfregar e vir pra trás, fazendo com meu pau deslizasse e entrasse de forma muito gostosa... quase gozei ali de tanto tesão... mas me segurei e comecei a meter forte. Ficamos assim por um bom tempo e era a posição que a cabine apertada nos permitia ficar com um mínimo de conforto e discrição.


Era uma cena linda ver aquela bundinha se mexendo, indo e vindo contra o meu pau, ao mesmo tempo em que o escutava gemer de tesão. Ele também tinha um pau gostoso, grande, e batia uma punheta pela frente, enquanto curtia meu pau por atrás. 

Nós estávamos quase pra gozar quando um segurança bateu forte na porta, nos lembrando sutilmente que havia outras pessoas que também gostariam de utilizar a cabine (para outros fins, obviamente). Tomei um certo susto e aí já era impossível gozar. Tirei a camisinha, vestimos as calças e saímos tranquilamente. Nos despedimos com um abraço, algumas palavras e um sorriso de canto de rosto.

Assim que me despedi encontrei meus amigos que estavam ali no banheiro, esperando um outro conhecido. Foi eu me aproximar e começaram comentários irônicos e risadinhas... Não é que os putos tinham me visto entrar na cabine e ficaram ali espiando os movimentos revelados pelas nossas sombras e pés à mostra? Não existe mais privacidade nem nos banheiros! :-)    


Essa foi minha primeira experiência, digamos - completa, de sexo na balada.

Me lembrei que há muitos anos eu tive uma primeira punheta a dois com o Rodney (um sex buddy com quem tive minha primeira transa a três). Estávamos dançando no canto da pista e havia uma espécie de prateleira para apoio onde se podia ficar sentado e um pouco mais elevado. Eu estava ali e a gente se beijava com muito tesão. Não sei quem começou exatamente, mas me lembro de ter o abraçado e, seguro de que poderia fazer de forma discreta, enfiei minha mão na calça e comecei a punhetar o pau dele. 

Acho que ele não esperava aquilo, deixou rolar mas sob certa sensação de espanto. E esse espanto foi crescendo à medida que ficava melhor e ele sentia que ia gozar. Ele tentou me parar, mas eu o ignorei e continuei até sentir minha mão melada com um líquido quente e espesso. Foi muito bom fazer aquilo e o mais interessante foi que, um pouco depois, quando já estávamos no bar bebendo e relaxando, ele me confessou que andava com algumas dificuldades pra ficar de pau duro e gozar (provavelmente uma fase de preocupações e stress em excesso) mas que naquele momento tudo fluiu muito naturalmente comigo. 

Essa brincadeira bacana no começo da década de 2000 foi um acontecimento isolado e isso nem me passou mais pela cabeça. Até que esse ano, numa das festas baphônicas na Lapa, eu resolvi dar um passeio por aquele dark room a céu aberto e ao andar pelo corredor fui abordado por dois caras que deviam ser amigos próximos. Começamos a nos beijar e é sempre aquela história: você gosta mais de um do que do outro, mas acaba aceitando o pacote completo pra poder aproveitar parte dele.

Eu achei que ficaríamos só nos beijos e na punheta, mas de repente um deles se abaixou e começou a me chupar. Foi muito excitante ver aquela visão abaixo de mim e eles ficaram se revezando na função: um me chupava enquanto o outro me beijava... ficamos assim por um tempinho os três, curtindo.

Mas voltando à transa do banheiro, não vou negar que fiquei com mixed feelings a respeito. Por mais gostoso que ele fosse, me passou também uma sensação de ser um cara muito maluquinho e de que estava bem alterado naquele momento em que nos encontramos. Tanto que não me senti à vontade para beijá-lo e para estabelecer laços mais íntimos (ainda que por um breve espaço de tempo). E acho que, por não ter conseguido estabelecer esse laço de intimidade, me bateu um pouco de ressaca moral na manhã seguinte. Não pelo ato em si, mas por fazê-lo com alguém com quem não queria estabelecer um mínimo de intimidade.

Por outro lado, acontecimentos como esse me fazem avançar em alguns limites que acho saudável serem ultrapassados, além de exercitar o furor e potência masculina interna que até certa fase da vida pensava não possuir. 

Eu: Mário, a gente tá muito abusado...
Mário: É a sociedade que peita a gente... e a gente não leva desaforo pra casa. Só na pontinha do     pé, hahahahahaha.
Eu: Ai Mário, aonde vamos parar? kkkkkkk
Mário: o que eh demais agora será fichinha amanhã. Depois quero te contar ao vivo meu domingo   surreal.
Eu: Tô doido pra ouvir. Vamos sair pra jantar essa semana. Continuamos no desafio de administrar   o excesso de oferta.


Ao escrever esta história, imediatamente me lembrei do filme Instinto Selvagem e a pegação forte que rolava numa boite em Los Angeles, onde se passa a história. As imagens dessa cena inspiram e ilustram este post!

Instinto Selvagem é um dos meus filmes prediletos, e pasmem... eu consegui entrar no cinema sem ser barrado pelo cara da catraca (ainda era menor de 18 à época). As coisas são como são e não há o que fazer: eu, um adolescente meio bobão e tímido, fui inundado por uma descarga de hormônios ao ver as cenas quentes do Michael Douglas e seu corpo delicioso sedento por sexo. #shooter #hot_cop. Definitivamente Michael ocupou o meu top 5 de punhetas no começo da minha adolescência.  

O outro ponto que vale mencionar aqui é a relação quente (e possessiva, não vamos negar) entre Catherine Tramell e Roxy. Que dupla maravilhosa! O sonho de consumo de qualquer hétero. Me lembro de ter ficado intrigado à época com a naturalidade com que o filme mostrava a relação entre as duas mulheres e a total liberdade de Tramell em tramitar pelos dois lados e exercer sua bissexualidade (apesar de se lamentar a certa altura por entender que não "dava sorte" com mulheres). 



Então é isso! Espero que essa história tenha sido inspiradora... Tchau... e até a próxima!



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

IMPORTANTE - pesquisa sobre HPV


Pessoal, ontem eu recebi de alguns amigos pesquisadores o convite para responder a um questionário sobre conhecimentos em relação ao vírus HPV e desdobramentos causados por ele. 

Achei a pesquisa muito interessante e de extrema importância para homens gays e bissexuais. Gostaria de pedir aos leitores do blog que também o fizessem. É totalmente anônimo, sigiloso e não leva mais do que 05 minutos:

Acesse o questionário aqui.  Para mais informações clique aqui. (os links foram testados e não são vírus - sem nenhum trocadilho, hehehe).

Minha primeira reação ao ver as perguntas foi de espanto pelo fato de não saber várias das respostas (e nesse caso, basta colocar a alternativa "não sei"). Ou seja, sei muito pouco sobre o HPV (na verdade são vários subtipos de vírus, uns mais agressivos, outros menos e uns inofensivos). 

Depois disso conversei com um amigo sobre esta minha sensação de não saber exatamente quais riscos estou correndo na minha vida sexual. E a gente sabe que de uns tempos pra cá a incidência de outras DSTs tem crescido muitíssimo no Brasil. Na cidade de São Paulo, em especial, vivemos uma epidemia de sífilis. 

As campanhas de prevenção ao HIV sempre passaram a mensagem de que "basta" usar camisinha e tudo estará bem, todos estaremos devidamente protegidos. 

Bom, se considerarmos estritamente o HIV, isso é realmente verdade. O vírus não passa pela barreira do preservativo e a proteção é 100% efetiva (desde que usado corretamente, claro). Aliado a isso, o uso ampliado e sistemático da terapia antiretroviral reduz drasticamente a presença do vírus no organismo, diminuindo muito a chance de contágio em caso de sexo sem preservativo (ou em caso de rompimento do preservativo ou mesmo num possível acidente com profissionais de saúde).  

Infelizmente, não dá pra ter essa mesma segurança em relação a outras DSTs, como as provocadas pelo HPV, pois o agente infeccioso pode estar em outras regiões do corpo que não aquelas "tampadas" pelo uso do preservativo. E mesmo que você não faça sexo com penetração, esse risco não deixa de existir. E vamos ser honestos: praticamente ninguém faz sexo oral com camisinha... 

Obviamente, não estou recomendando que ninguém deixe de trepar ou que pare de usar preservativo. E também não estou dizendo que usar preservativo seja necessariamente fácil ou automático. Muitas vezes a tentação em não usar é grande, quase uma coação irresistível.

Mas a verdade é que o uso do preservativo continua absolutamente essencial, porque continua sendo nossa proteção mais efetiva contra o HIV e reduz em muito o risco de contrair outras DSTs. A Aids ainda não tem cura e a terapia antiretroviral ainda tem efeitos colaterais.

É fundamental saber que estamos expostos (ainda que em menor grau) a outras DSTs. Felizmente, na maioria dos casos há tratamento eficaz disponível e a vida segue. E cada um vai desenvolvendo suas estratégicas de redução de riscos - em especial aqueles homens e mulheres com múltiplos parceir@s. 

Eu digo isso por que é maluco se você parar pra pensar que ao longo dos anos 70 e começo dos anos 80 as pessoas não tinham a menor ideia de que existia o HIV e de que ele era transmitido pela via sexual, por transfusão de sangue e por uso de seringas. Você imagina, todo mundo se esbaldando no sexo & drogas sem saber de todos riscos que corria, e mesmo hemofílicos tomando transfusões regulares de sangue sem saberem que o controle dos bancos não era efetivo neste caso. 

Felizmente isso é passado e ficou para registro nos livros da história da Aids. Mas não custa lembrar que continua sendo importante a cautela. Pode a princípio parecer contraditório, mas eu tenho tentado assumir riscos com um mínimo de responsabilidade e ciente das possíveis consequências. 

Ainda não será dessa vez que poderemos nos jogar num desbunde geral! Mas ainda dá pra fazer muuuuuuuuuita coisa boa!!!


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Adriano, o bruto romântico.

Voltemos às histórias individuais que eu tanto gosto de escrever!

O título enfatiza, de propósito, um aspecto [aparentemente] dúbio do Adriano que levei muito tempo pra compreender.

Nos conhecemos já há alguns anos. Eu estava numa balada com aquela sensação total de "looser", porque tinha visto meu último namorado acompanhado de outro cara, feliz da vida, e eu lá chupando dedo, sem ninguém pra me atracar e com a sensação de que tinha perdido o amor da minha vida (já comentei um pouco sobre isso em um post anterior). 

Ia pagar a conta e ao passar por um dos corredores um cara confiante e sorridente me abordou e começou a conversar comigo, num claro movimento de paquera. Eu, com a estima em baixa, nem tive muita dúvida e logo partimos pra um beijo gostoso. Desconfio que ele queria o mesmo!

Mas ainda que não estivesse com a auto-estima em baixa, mesmo assim teria ficado com ele. Adriano é um cara mais alto, a princípio você pensaria que ele é um mulato pela cor da pele... só que ele é uma mistura exótica e muito interessante, pois provavelmente tem miscigenação indígena, ou seja, ele tem cabelo preto bem lisinho (e já raleando, com umas entradas), nariz e formato de rosto mais delicados e os olhos um pouco puxadinhos.

Pra tentar dar uma ideia inicial de como ele é, pense no Neymar mais homem, mais alto e não tão magrelo.  Esse é o meu Adriano.


Mas não se engane com os traços delicados do rosto e a voz mansa e lenta (sabe aquelas pessoas que falam um pouco mais devagar e demorado?). Por baixo disso se esconde um cara bem viril... viril até demais pro meu gosto... um cara impetuoso na cama, que "chega chegando"... e isso minha colega, pra mim é um problema... um problema sério...

Nossa 1a transa foi no mínimo curiosa... o Adriano era um cara meio travado quando eu o conheci (e depois, ao saber um pouco mais sobre a vida dele, entendi o porquê). Eu o chamei para terminar a balada lá em casa e ele topou. As coisas estavam indo bem, eu tava curtindo e ele se colocou na transa como ativo. Mas lá pelas tantas ele perdeu a ereção e não conseguiu continuar. Perguntei se ele queria dar pra mim e ele disse que não.

Não sei se foi algo que falei, alguma referência que ele viu no meu apto, alguma lembrança... e hoje, revendo essa história, eu não sei ao certo se nós continuamos depois, ou se só na manhã seguinte e se cheguei a dar pra ele nessa vez. Simplesmente não me lembro.

Eu viajei e, umas 3 semanas depois, voltei e liguei pra ele. Liguei sem muito compromisso, tava com vontade de transar e ele era quem poderia realizar isso da maneira mais prática. Nessa 2a transa se colocou a questão principal que inviabilizou essa história (já joguei o spoiler aqui antes do fim do texto...)

Nós começamos a nos pegar no sofá e fomos pra cama... pouco tempo depois ele quis me penetrar. E não foi legal, eu estava desconfortável e senti dor. Até por isso, acabei gozando rapidamente. No começo da minha vida sexual isso acontecia com certa frequência (até pela intensidade de sensações no sexo anal) - eu fiquei um pouco chateado e me desculpei. Ele disse que entendia e que o ideal era que fosse bom pra ambos. Assim, ele se virou "na mão", mas ainda demorou pra gozar.

Ainda tivemos mais um encontro durante a semana e nesse fomos até o final. E foi foda! Eu não curti novamente, mas decidi que aguentaria até o final, e ele gozou me comendo. Mas porra, como doeu... ele metia forte, rápido como um bate-estacas e demorou muito pra gozar.


Eu não sei se era a forma forte de fazer, se era porque o pau dele era mais fino do que grosso (tinha um tamanho médio, bem duro, mas era um pouco mais fino do que a média de paus que conheço e do que o meu tbém); mas o fato é que o jeito dele transar não bateu com o meu e não me agradou.

Ah... outra coisa que me intrigou e incomodou: o Adriano não soltava a língua no beijo, ele colocava só a pontinha. Eu sou um cara muito beijoqueiro; eu o beijava e pensava comigo: cadê a língua desse cara? Até uma hora em que falei: solta essa língua! (isso até virou piada interna e ele entendeu o meu pleito!).

Ele ainda me ligou algumas vezes mas da forma como havia acontecido, eu perdi o interesse e não dei muito retorno. Além disso, eu já tinha percebido que ele tava querendo uma ligação mais forte, com mais frequência e não era algo que me inspirava naquele momento.


O mais interessante é que ao mesmo tempo em que é impetuoso e meio bruto, o Adriano tem um romantismo, ele busca alguém pra chamar de seu, quer se ligar emocionalmente, quer ficar de conchinha e se aninhar... É como diz a sabedoria popular: os brutos também amam!

Ele próprio ressaltou essa diferença entre a gente, em uma de nossas conversas. Ele tem razão e não deixa de ser curioso. Eu curto muito uma putaria, mas não quer dizer que eu também não curta conversar, ouvir música, ter momentos de carinho. A diferença é que disso não se conclui que eu queira estreitar laços rumo a um namoro.

Meus amigos me tiram o maior sarro porque eu vou à sauna e gosto de conversar antes de transar, gosto de trocar uma ideia com alguém que abordo (ou que me aborda). No intervalo de uma transa e outra eu às vezes vou pro bar e fico lá conversando. Ué... e por quê não?

Adriano e eu deixamos de nos falar e um tempo depois ele começou a namorar e se casou... nos reencontramos uns anos depois, quando ele me escreveu após se separar. Eu estava morando em outra cidade mas vinha a São Paulo algumas vezes e me deu vontade de aceitar seu convite pra uma cerveja. A conversa foi ótima, ele me parecia mais maduro, mais solto e mais à vontade consigo e sua sexualidade.

[Um breve parêntesis: o Adriano tem um passado familiar complicado com o pai e uma formação religiosa evangélica que, ao mesmo tempo que feria sua real sexualidade, também foi o fator viabilizador da faculdade e da vinda dele pra SP - onde então ele começou a ampliar a vivência gay. Ele por muito tempo fez aquela linha "só como" e tratava os outros caras de maneira inferior, se achando melhor e "menos gay". Relações clandestinas e "fora do meio". Alguns anos se passaram até que ele tivesse condição de encarar seus sentimentos e desejos de frente e ficasse mais em paz com a sexualidade. Hoje creio que ele leva isso de uma ótima forma, não se esconde e nem sufoca seus sentimentos. Ainda ficaram alguns traços de Ogro, mas aí acho que seja o estilo dele mesmo, rs... e gays também podem ser ogros... e como bom Ogro, ele encontrou seu Fiono, do jeitinho que ele gosta, loirinho, branquinho, um príncipe, hehe]

Só que as incompatibilidades sexuais continuavam lá... e foi só nesse reencontro que me dei conta disso de forma mais analítica... Adriano é um cara que não curte preliminares, já quer meter logo de cara. Eu adoro! [e posso me satisfazer apenas com elas]. Adriano é o cara estilo "pau no cú", é muito focado nisso e logo já quer chegar aí. Eu não tenho essa necessidade tão imediata e não acho que penetração seja sempre item essencial de uma foda. Eu tentava segura-lo um pouco mas ele vinha tão pra cima que, além de me irritar, me tirava a espontaneidade na transa e me deixava travado, literalmente encurralado!


A dificuldade da língua no beijo continuava, talvez seja o estilo dele e mudar isso não é fácil. E por fim - o cara mudava de posição no sexo de 2 em 2 minutos... quando eu estava conseguindo curtir, ficando confortável, ele me puxava e me colocava em outra posição.


E ainda... leva uma eternidade pra gozar... e algumas vezes ele não chegava a gozar. Olha, transar com alguém que não goza é algo que me deixa muito, muito atordoado (esse tema já discuti em outro post).

Eu dei alguns toques  nele sobre estes pontos. Mas definitivamente não tava a fim de lembra-lo a toda hora e a cada transa nossa. Não é assim que tem de ser e não sou daqueles que acredita que se muda alguém.

Nosso último encontro foi em um final de semana que passamos juntos numa praia e essas incompatibilidades ficaram claras pra ele. Eu inclusive falei que ele tinha me machucado (e até por isso não metemos outras vezes). A partir daí ficou claro pra ambos que não rolaria mais e cada um seguiu sua vida. Às vezes nos encontramos, conversamos, bebemos, mas agora como bons conhecidos.
O mais interessante dessa história é que ela me mostrou que a compatibilidade ou incompatibilidade sexual entre dois caras vai muito, mas muito além de uma ´simples´ dicotomia ativo/passivo. 
Essa dicotomia é muito falada, mas não é só isso que importa. Bom, primeiro que me ressentia de ele não querer dar pra mim algumas vezes (e pro namorado recente ele finalmente teve de fazer essa concessão!). Segundo, mesmo topando ser passivo com ele, eu não curtia a forma como ele fazia. E terceiro, se você tá confortável numa posição na hora da transa, por que vai querer mudar? Não tem essa obrigação de alternar o script, como se fosse uma aula de lambaeróbica...

Outra questão bacana que essa história me mostrou é a importância do parceiro estar atento aos sinais do outro - dicas, sinalizações, sutilezas - mesmo que seja numa foda sem compromisso (eu pelo menos penso assim). Isso pode tornar as coisas mais agradáveis pra ambos e garantir futuras novas fodas (e quem sabe algo ainda além).


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Karina Buhr para libertinos


Esse é meu 2º texto para a trilogia Música para Libertinos. O 1º fiz para canções de Adriana Calcanhotto. Neste aqui falo sobre uma das minhas artistas preferidas, Karina Buhr. A trilogia se fechará com Marina Lima (cujas canções também foram gravadas por Adriana e Karina e de onde tive a ideia original).

A íntegra do texto pode ser acessada no link abaixo:


E por falar nisso, quero compartilhar essa notícia bacana de que o blog terá uma "perna" mais cultural abrigada na plataforma colaborativa de língua portuguesa Obvious

Fiquei muito feliz com essa possibilidade pois a Obvious congrega escritores e blogueiros de todos os países de língua portuguesa e tem uma audiência ampla e qualificada. Alguns textos que publico inicialmente aqui terão versões mais enxutas por lá - a plataforma tem uma linha editorial bem definida e por isso não tenho lá toda a autonomia [e libertinagem] que tenho pra escrever aqui.

Os textos e histórias mais quentes continuam aqui, sem censura, pra quem quiser ler (e fazer igual também, por que não?).

bj no coração!  

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Amenidades de meio de semana...

    Aquela nuvem que passa lá em cima sou eu. Aquele barco que vai mar afora sou eu. (Gilliard)

Acontecimentos de uma quarta feira rotineira... Reuniões longas e assuntos entediantes... Pensando em coisas melhores a se fazer. O tempo passa muito devagar...

É engraçado porque sempre que me pego neste estado mental - entediado em reuniões longas, com pouco ou nenhum interesse em acompanhar - eu começo a pensar em situações sexuais [ah... que jeito chic de dizer as coisas, hehehe]. E meio que de forma automática, a cena que me vem à cabeça são boas fodas onde estou sendo penetrado. 


Ou me lembro de boas fodas que já ocorreram [e algumas são realmente memoráveis] ou penso em fodas que gostaria de ter, com caras que me dão tesão e que estão me penetrando. Me imagino tomado por eles, entregue à situação, sem receio, aproveitando o momento ao máximo. A vantagem de deixar a sua imaginação voar é que não há limites, você não sente dor, não precisa ter camisinha e gel à mão e pode fazer o que quiser com aquele seu colega de trabalho casado.


Que tesão me imaginar assim... deitado, com o peso de alguém em minhas costas e pernas, enfiando o pau duraço todinho dentro de você, te envolvendo em um abraço apertado do qual você não pode escapar [claro que você nem está pensando na hipótese de...]. Quem já foi penetrado sabe do mix estranho de dor e prazer que se sente. E com o tempo você vai entendendo melhor como funciona, vai curtindo mais e melhor.

Tem caras que sabem fazer e o fazem absurdamente bem... outros tiram a média pra passar de ano...alguns são simplesmente um desastre.

Confesso que me é um pouco constrangedor escrever isso aqui de forma tão aberta... falar do meu desejo de ser penetrado e de como me imaginar nessa situação me é prazeroso.

Infelizmente nossa criação cristã-latina nos faz nos envergonhar primeiramente de sermos gays e, pior ainda, de sermos passivos. A própria ênfase que se dá a essa dicotomia ativo/passivo é o maior sintoma do nosso machismo e da nossa ignorância em explorar o prazer sexual em todas as suas dimensões. Sim, porque a crítica que se faz ao homem passivo tem a ver com vê-lo em uma posição entendida como feminina (e se é feminina, é inferior por natureza, argumentam ignorantemente). 

Não que a gente não possa ser uma coisa ou outra (as duas inclusive)... não que não haja preferências de cada um... o problema é a valoração que se dá a isto... e suas nefastas consequências. As pessoas podem gostar mais de verde ou de vermelho. Preferir coca a pepsi ou só tomar água. Ninguém "valora" este tipo de preferência. Ninguém te discrimina se você diz não gostar de beterraba ou só comer carne bem passada. Ninguém te elogia se você só usar gravata lisa. Mas as pessoas (os gays inclusive e principalmente) te movem na escala valorativa se você é ativo ou se é passivo. Ora, isso simplesmente não deveria fazer sentido. Preferências são preferências. Não se vale mais ou menos por isso.  


Uma das minhas cenas prediletas de imaginar envolve o Marcelo, de quem já escrevi aqui. Das duas últimas vezes em que nos encontramos a foda foi pegando fogo devagar... Eu de costas, ele deitado sobre mim e a gente foi esquentando até o ponto de ele tentar me penetrar antes de colocar a camisinha. Ele chegou a entrar um pouco e eu tive de ser muito, mas muito sangue frio pra não continuar. Não fiquei à vontade de deixa-lo me fuder assim e depois rolou com camisinha. Pena que o clima tenha quebrado um pouco, mas não me arrependo de ter agido assim.

Pra compensar um pouco, vira e mexe aquele mulato macho gostoso ocupa minha mente e eu imagino como teria sido se tivéssemos continuado sem aquela interrupção [necessária]. Vou confessar outra coisa aqui: nas minhas fantasias deste tipo, eu me imagino de certa forma dominado pelo parceiro, numa simulação de estar sendo pego à força, de não poder me desvencilhar daquela posição em que me encontro (vamos deixar bem claro - uma simulação consentida e sem violência). 

Saca aquele 1º momento em que você mete... o cara sente dor, mas ao mesmo tempo está ali entregue,  com as pernas abertas, sabendo que vai ser fudido e é isso o que ele quer. Ser fudido por trás, ou pressionado contra uma parede, ter os braços segurados ou as pernas prendidas, sem escapatória. "Imagina essa rola toda dentro de você", me disse o Marcelo com a voz rouca e amena em uma de nossas transas. O cara sabe o que faz! 

Naquela mesma quarte entediante, rolou uma jantinha à noite com meus amigos mais próximos: Leandro vira e mexe curte testar as receitas da Bela Gil. Eu e Zeca levamos bons vinhos e dessa vez o Mário foi o fiel ajudante de forno e fogão.


É muito interessante e reconfortante estar à uma mesa com amigos e perceber o grau de intimidade que existe ali entre pessoas que se conhecem e convivem há tantos anos. Não tem assunto proibido, não tem crítica que não possa ser feita. As ironias podem ser um tapa com luva de pelica ou um gancho direto no queixo.

Eu mesmo critico muito o namorado do Zeca [e ele sabe que tenho razão hahahahaha], acho um chato de galocha, rapaz entojado [a recíproca também é verdadeira]. O Mário joga umas coisas na cara do Leandro, mesmo depois de 12 anos do casinho fast que tiveram. O Leandro adora dar umas alfinetadas no fato de eu e o Mário estarmos muito próximos e fazendo putarias juntos (enquanto ele tá numa fase namoro e dedicado à pós graduação). Daí tenho de ouvir pérolas como esta: depois que começou a andar com o Mário, é só whey protein, drogas e sexo adulto. Mas eles adoram ouvir nossas histórias de putaria e sensualidade.

Agora pense na caminhada que amigos precisam ter pra chegar a fazer comentários peculiares como estes... 

A comida estava ótima! Harmonizamos com um branco e depois um tinto pra terminar o papo. Fui embora com a certeza de ter pessoas que me amam e com quem posso ser eu mesmo... sem qualquer censura. É um privilégio saber que vou envelhecer com estes caras ao meu lado... Isso é amizade pra vida toda... Zeca e eu planejamos montar um Melrose Place da 3ª idade, projeto pra daqui uns 35 anos. A ver...e a se imaginar...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Trios e grupais... da prática à teoria.

"Everybody´s got the fever. There is something you should know. Fever isn´t such a new thing. Fever started long ago." 

aaahhhhh... os trios! Eu acho trios excitantes. Eu acho trios transgressores. Trios me fazem questionar o porquê de, após tanta prática e discussão sobre liberdade sexual, ainda estarmos absolutamente limitados a experiências "do tipo a dois".

Afinal de contas, quem foi que disse que saímos de fábrica só com a habilidade de fazer a dois? O que impediria o exercício da sexualidade e da afetividade direcionadas a mais de uma pessoa? Já parou pra pensar como tomamos esta e tantas outras coisas como algo dado, algo "natural" e sequer pensamos que poderia ser diferente?

Eu tento pensar que SEMPRE pode ser diferente... se a gente quiser.   

Quando me questiono, realmente me causa certo espanto a "não abertura" a este tipo de interação. O pior é que, como a sexóloga Regina Navarro já dizia a partir de suas pesquisas, transar a três é algo que de certa forma faz parte do imaginário das pessoas (sem entrar aqui na discussão sobre a visão tradicionalmente machista de um homem "pegando" duas mulheres). Então não deveria ser encarado como algo tão "anti-natural", abjeto.
No tabuleiro das paixões, nós adultos poderíamos andar várias casas a mais.
Eu fico pensando até que ponto as pessoas (e me incluo aqui inclusive) têm medo e/ou preguiça de experimentações e variações no campo sexual. A Manú, aquela minha amiga #esquerda_transante, acha que dou valor demais ao sexo, que na prática as pessoas têm milhares de outras preocupações e não o colocam no centro da vida delas. Pode ser mesmo... mas pra mim a vida fica tão mais sem graça (e olha que eu não deixo de fazer todas as outras coisas que adultos em grandes cidades precisam fazer pra sobreviver)... como já dizia Rita Lee: lá embaixo, o mundo cruel é tão chatinho...

Bom, mas hoje eu quero mesmo é escrever sobre minhas referências pop de trios e sexo "além de dois". São referências que povoam minha mente e estabelecem deliciosas conexões com minha vida sexual.

Trios e grupos: referências pop.

Fico honrado de ter em Madonna minha primeira "visão" de trios, ainda que na época não fosse algo compreendido como é hoje.

Minha primeira lembrança está na icônica coreografia de Like a Virgin no documentário Na Cama com Madonna. Nem precisa dizer que sentia vontade de fazer aquela dança sensualizada, lasciva, provocativa (em dado momento do refrão o bailarino Luis Camacho encara a platéia com um olhar provocativo e transgressor que sempre me chamava a atenção). Como muitos adolescentes gays (que ainda não sabiam exatamente que eram gays), ver esse filme trouxe um baita impacto na percepção da minha própria orientação [e identidade] sexual.

Naquele número musical, Madonna interage com seus dançarinos como se fossem uma espécie de criados sexuais. Talvez ali a dimensão sexual não ficasse tão clara, predominava um aspecto de mando e obediência (e essa devia ser mesmo a intenção, pois foi naquela turnê que Madonna passou a ocupar a posição de Rainha do Pop - não por menos, o nome da turnê era Blond Ambition). 


Essa percepção muda na turnê seguinte, a teatral e burlesca The Girlie Show, onde Fever arrebenta com qualquer visão conservadora do sexo. E não poderia ser diferente, depois da entrada triunfal de Erótica. Eu fiquei absolutamente fascinado por essa coreografia, também extremamente sensual e lasciva. Aqui apesar de também haver uma condução por Madonna, a dimensão sexual fica bem mais evidente.

Gostava de ver Madonna praticamente "avançando" pra cima dos bailarinos e se atracando com eles (como na cena abaixo, em que ela encaixa suas pernas nos ombros de um deles e rebola...). No meu imaginário de adolescente e depois de jovem, fantasiei por anos fazer performance semelhante naquelas gincanas animadas da escola (e imaginando o mais absoluto espanto de pais e professores rs... pode isso?).


A persona pública de Madonna é realmente a de uma mulher muito poderosa. Mas poderosa no sentido de exercer seus desejos sem ressalvas. E ao fazer isso, ela nos inspira a fazer o mesmo. "Pobre o homem cujos prazeres dependem da permissão de outros", já dizia ela no clip de Justify my Love. Na época do lançamento de SEX eu ainda era "de menor" e o mundo ainda não era conectado o bastante para que eu pudesse ter acesso ao livro... então, por incrível que pareça, eu nunca o li... ta aí algo que ainda preciso fazer e quem sabe surja um post futuramente sobre esse livro. 



Antes de Fever porém, houve ainda uma 2ª referência importante pra mim na mesma época de Like a Virgin. Prince com suas Diamond & Pearl no clip de Gett off, uma típica dança de acasalamento! Já escrevi em post anterior sobre essa canção, que fala de experimentações (a little box with a mirror and a tongue inside) e um cara confiante em poder satisfazer uma mulher que não anda lá muito feliz...(There's a rumor goin' all round that you ain’t been gettin' served (...) Lemme show you baby I'm a talented boy). Quero um dia ser tão confiante como Prince, seja numa transa a dois, a três ou numa coletiva! E que cara é esse, capaz de 23 positions in a one night stand! #passado...


Para além destas três referências iniciais no campo musical, há um filme que marcou muito, mas muito, minha adolescência: Threesome, traduzido no Brasil como Três formas de amar. Josh Charles talvez tenha sido minha primeira paixão platônica adolescente. Eu o achava (e ainda acho, vendo The Good Wife) lindo, sensível, doce. Me identificava com ele e com os dilemas de seu personagem. 

Assistir este filme me fez sentir de forma mais concreta a vontade de viver um amor e de estar junto a outro homem (e não a uma mulher). Aliado a isso, a dimensão "a três" dava um charme todo especial ao filme. Reparem inclusive na certa abertura do personagem HT do Baldwin para vivenciar tal história, sem que isso significasse um questionamento da sua identidade hétero, bastante demarcada. 

Pena que teve um desfecho tão moralista (não poderia esperar outra coisa da moral puritana americana, ainda mais no começo dos anos 90). Mas o filme ousou ao abordar o assunto de forma leve, divertida e factível - colocando um romance a três no mesmo patamar de outras tantas loucuras, traquinagens e experimentações dos anos de faculdade. 

Boyle, Baldwin & Charles

Por fim, mas não menos importante... o glorisoso trio feminino Ciconne, Aguillera & Spears em outra apresentação absolutamente baphônica no MTV Awards de 2003. Sério que chocou? Pior que sim. A cara do Timberlake foi ótima. Esses americanos, viu... caíram de pau na princesinha Britney acusando-a de ter "virado" lésbica. Quanta pobreza de espírito... não conseguem distinguir vida real de performance? Já deveriam estar acostumados com as ousadias da Rainha do Pop!



Eu em 2003 já tinha minha sexualidade consolidada e minha identidade gay muito bem definida. E me lembro da excitação que senti ao ver esse número, desde a entrada triunfal de Madonna sob aplausos efusivos da platéia até seus beijos ousados nas duas fedelhas. Sim, trios são mesmo transgressores! 

E por falar em Britney, vamos também trazer aqui um dos meus clips prediletos de todos os tempos! I'm A slave 4U


Não gente... pára que eu vou enfartar... A atmosfera desse clip é quente demais... todos suados, sensuais, dançando com seus corpos próximos uns dos outros, suspirando, gemendo... como eu queria estar ali também me deliciando. E a coreografia é realmente primorosa, intensa, vigorosa! Engraçado que anos mais tarde ela lançaria a música 3, mas não me convenceu nem um pouco. Passou muito longe de Slave 4U e soou um pouco forçado inclusive.


Slave 4U me fez lembrar de outras referências "surubísticas" da própria Madonna... dois momentos em especial me vieram à mente. O 1º na The Girlie Show, na transição de Deeper and Deeper para Why´s it so hard? De repente todo mundo começa a se pegar, se agarrar, uma gemeção sem fim... você não sabe mais quem é quem, de quem é aquela mão, aquele pé... e por aí vai...


Outra surubinha beeeem mais leve e chic se passa nas apresentações de Hung Up durante o lançamento e turnê de Confessions on a dance floor. Madonna um pouco mais comportada, mas tão sexy quanto.


Em relação a sexo grupal, cabe ainda uma reflexão mais profunda sobre o significado, dimensão e consequências. A dinâmica do sexo a três já me é mais familiar, mas nos grupais, apenas uma vez por enquanto (história a ser relatada aqui em breve - mas já adianto não ser nada muito excepcional). Ops... peraê... beijo a 4 na balada conta? #na_dúvida

Essa foi minha colcha de retalhos pop para trios e grupais! Uma senhora seleção, modéstia à parte. Melhor acompanhado? Impossível! O pop pode ser inspirador, criativo, incômodo até... Pode nos mostrar novas portas que nem sabíamos que eram portas, mas que estavam ali, prontas para serem abertas. Cabe a você girar chave e abri-las...

No mais, só posso dizer: Vida longa e ampla aos Threesomes e aos Grupais, abençoados pelas melhores inspirações do autêntico pop!