quinta-feira, 27 de outubro de 2016

IMPORTANTE - pesquisa sobre HPV


Pessoal, ontem eu recebi de alguns amigos pesquisadores o convite para responder a um questionário sobre conhecimentos em relação ao vírus HPV e desdobramentos causados por ele. 

Achei a pesquisa muito interessante e de extrema importância para homens gays e bissexuais. Gostaria de pedir aos leitores do blog que também o fizessem. É totalmente anônimo, sigiloso e não leva mais do que 05 minutos:

Acesse o questionário aqui.  Para mais informações clique aqui. (os links foram testados e não são vírus - sem nenhum trocadilho, hehehe).

Minha primeira reação ao ver as perguntas foi de espanto pelo fato de não saber várias das respostas (e nesse caso, basta colocar a alternativa "não sei"). Ou seja, sei muito pouco sobre o HPV (na verdade são vários subtipos de vírus, uns mais agressivos, outros menos e uns inofensivos). 

Depois disso conversei com um amigo sobre esta minha sensação de não saber exatamente quais riscos estou correndo na minha vida sexual. E a gente sabe que de uns tempos pra cá a incidência de outras DSTs tem crescido muitíssimo no Brasil. Na cidade de São Paulo, em especial, vivemos uma epidemia de sífilis. 

As campanhas de prevenção ao HIV sempre passaram a mensagem de que "basta" usar camisinha e tudo estará bem, todos estaremos devidamente protegidos. 

Bom, se considerarmos estritamente o HIV, isso é realmente verdade. O vírus não passa pela barreira do preservativo e a proteção é 100% efetiva (desde que usado corretamente, claro). Aliado a isso, o uso ampliado e sistemático da terapia antiretroviral reduz drasticamente a presença do vírus no organismo, diminuindo muito a chance de contágio em caso de sexo sem preservativo (ou em caso de rompimento do preservativo ou mesmo num possível acidente com profissionais de saúde).  

Infelizmente, não dá pra ter essa mesma segurança em relação a outras DSTs, como as provocadas pelo HPV, pois o agente infeccioso pode estar em outras regiões do corpo que não aquelas "tampadas" pelo uso do preservativo. E mesmo que você não faça sexo com penetração, esse risco não deixa de existir. E vamos ser honestos: praticamente ninguém faz sexo oral com camisinha... 

Obviamente, não estou recomendando que ninguém deixe de trepar ou que pare de usar preservativo. E também não estou dizendo que usar preservativo seja necessariamente fácil ou automático. Muitas vezes a tentação em não usar é grande, quase uma coação irresistível.

Mas a verdade é que o uso do preservativo continua absolutamente essencial, porque continua sendo nossa proteção mais efetiva contra o HIV e reduz em muito o risco de contrair outras DSTs. A Aids ainda não tem cura e a terapia antiretroviral ainda tem efeitos colaterais.

É fundamental saber que estamos expostos (ainda que em menor grau) a outras DSTs. Felizmente, na maioria dos casos há tratamento eficaz disponível e a vida segue. E cada um vai desenvolvendo suas estratégicas de redução de riscos - em especial aqueles homens e mulheres com múltiplos parceir@s. 

Eu digo isso por que é maluco se você parar pra pensar que ao longo dos anos 70 e começo dos anos 80 as pessoas não tinham a menor ideia de que existia o HIV e de que ele era transmitido pela via sexual, por transfusão de sangue e por uso de seringas. Você imagina, todo mundo se esbaldando no sexo & drogas sem saber de todos riscos que corria, e mesmo hemofílicos tomando transfusões regulares de sangue sem saberem que o controle dos bancos não era efetivo neste caso. 

Felizmente isso é passado e ficou para registro nos livros da história da Aids. Mas não custa lembrar que continua sendo importante a cautela. Pode a princípio parecer contraditório, mas eu tenho tentado assumir riscos com um mínimo de responsabilidade e ciente das possíveis consequências. 

Ainda não será dessa vez que poderemos nos jogar num desbunde geral! Mas ainda dá pra fazer muuuuuuuuuita coisa boa!!!


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Adriano, o bruto romântico.

Voltemos às histórias individuais que eu tanto gosto de escrever!

O título enfatiza, de propósito, um aspecto [aparentemente] dúbio do Adriano que levei muito tempo pra compreender.

Nos conhecemos já há alguns anos. Eu estava numa balada com aquela sensação total de "looser", porque tinha visto meu último namorado acompanhado de outro cara, feliz da vida, e eu lá chupando dedo, sem ninguém pra me atracar e com a sensação de que tinha perdido o amor da minha vida (já comentei um pouco sobre isso em um post anterior). 

Ia pagar a conta e ao passar por um dos corredores um cara confiante e sorridente me abordou e começou a conversar comigo, num claro movimento de paquera. Eu, com a estima em baixa, nem tive muita dúvida e logo partimos pra um beijo gostoso. Desconfio que ele queria o mesmo!

Mas ainda que não estivesse com a auto-estima em baixa, mesmo assim teria ficado com ele. Adriano é um cara mais alto, a princípio você pensaria que ele é um mulato pela cor da pele... só que ele é uma mistura exótica e muito interessante, pois provavelmente tem miscigenação indígena, ou seja, ele tem cabelo preto bem lisinho (e já raleando, com umas entradas), nariz e formato de rosto mais delicados e os olhos um pouco puxadinhos.

Pra tentar dar uma ideia inicial de como ele é, pense no Neymar mais homem, mais alto e não tão magrelo.  Esse é o meu Adriano.


Mas não se engane com os traços delicados do rosto e a voz mansa e lenta (sabe aquelas pessoas que falam um pouco mais devagar e demorado?). Por baixo disso se esconde um cara bem viril... viril até demais pro meu gosto... um cara impetuoso na cama, que "chega chegando"... e isso minha colega, pra mim é um problema... um problema sério...

Nossa 1a transa foi no mínimo curiosa... o Adriano era um cara meio travado quando eu o conheci (e depois, ao saber um pouco mais sobre a vida dele, entendi o porquê). Eu o chamei para terminar a balada lá em casa e ele topou. As coisas estavam indo bem, eu tava curtindo e ele se colocou na transa como ativo. Mas lá pelas tantas ele perdeu a ereção e não conseguiu continuar. Perguntei se ele queria dar pra mim e ele disse que não.

Não sei se foi algo que falei, alguma referência que ele viu no meu apto, alguma lembrança... e hoje, revendo essa história, eu não sei ao certo se nós continuamos depois, ou se só na manhã seguinte e se cheguei a dar pra ele nessa vez. Simplesmente não me lembro.

Eu viajei e, umas 3 semanas depois, voltei e liguei pra ele. Liguei sem muito compromisso, tava com vontade de transar e ele era quem poderia realizar isso da maneira mais prática. Nessa 2a transa se colocou a questão principal que inviabilizou essa história (já joguei o spoiler aqui antes do fim do texto...)

Nós começamos a nos pegar no sofá e fomos pra cama... pouco tempo depois ele quis me penetrar. E não foi legal, eu estava desconfortável e senti dor. Até por isso, acabei gozando rapidamente. No começo da minha vida sexual isso acontecia com certa frequência (até pela intensidade de sensações no sexo anal) - eu fiquei um pouco chateado e me desculpei. Ele disse que entendia e que o ideal era que fosse bom pra ambos. Assim, ele se virou "na mão", mas ainda demorou pra gozar.

Ainda tivemos mais um encontro durante a semana e nesse fomos até o final. E foi foda! Eu não curti novamente, mas decidi que aguentaria até o final, e ele gozou me comendo. Mas porra, como doeu... ele metia forte, rápido como um bate-estacas e demorou muito pra gozar.


Eu não sei se era a forma forte de fazer, se era porque o pau dele era mais fino do que grosso (tinha um tamanho médio, bem duro, mas era um pouco mais fino do que a média de paus que conheço e do que o meu tbém); mas o fato é que o jeito dele transar não bateu com o meu e não me agradou.

Ah... outra coisa que me intrigou e incomodou: o Adriano não soltava a língua no beijo, ele colocava só a pontinha. Eu sou um cara muito beijoqueiro; eu o beijava e pensava comigo: cadê a língua desse cara? Até uma hora em que falei: solta essa língua! (isso até virou piada interna e ele entendeu o meu pleito!).

Ele ainda me ligou algumas vezes mas da forma como havia acontecido, eu perdi o interesse e não dei muito retorno. Além disso, eu já tinha percebido que ele tava querendo uma ligação mais forte, com mais frequência e não era algo que me inspirava naquele momento.


O mais interessante é que ao mesmo tempo em que é impetuoso e meio bruto, o Adriano tem um romantismo, ele busca alguém pra chamar de seu, quer se ligar emocionalmente, quer ficar de conchinha e se aninhar... É como diz a sabedoria popular: os brutos também amam!

Ele próprio ressaltou essa diferença entre a gente, em uma de nossas conversas. Ele tem razão e não deixa de ser curioso. Eu curto muito uma putaria, mas não quer dizer que eu também não curta conversar, ouvir música, ter momentos de carinho. A diferença é que disso não se conclui que eu queira estreitar laços rumo a um namoro.

Meus amigos me tiram o maior sarro porque eu vou à sauna e gosto de conversar antes de transar, gosto de trocar uma ideia com alguém que abordo (ou que me aborda). No intervalo de uma transa e outra eu às vezes vou pro bar e fico lá conversando. Ué... e por quê não?

Adriano e eu deixamos de nos falar e um tempo depois ele começou a namorar e se casou... nos reencontramos uns anos depois, quando ele me escreveu após se separar. Eu estava morando em outra cidade mas vinha a São Paulo algumas vezes e me deu vontade de aceitar seu convite pra uma cerveja. A conversa foi ótima, ele me parecia mais maduro, mais solto e mais à vontade consigo e sua sexualidade.

[Um breve parêntesis: o Adriano tem um passado familiar complicado com o pai e uma formação religiosa evangélica que, ao mesmo tempo que feria sua real sexualidade, também foi o fator viabilizador da faculdade e da vinda dele pra SP - onde então ele começou a ampliar a vivência gay. Ele por muito tempo fez aquela linha "só como" e tratava os outros caras de maneira inferior, se achando melhor e "menos gay". Relações clandestinas e "fora do meio". Alguns anos se passaram até que ele tivesse condição de encarar seus sentimentos e desejos de frente e ficasse mais em paz com a sexualidade. Hoje creio que ele leva isso de uma ótima forma, não se esconde e nem sufoca seus sentimentos. Ainda ficaram alguns traços de Ogro, mas aí acho que seja o estilo dele mesmo, rs... e gays também podem ser ogros... e como bom Ogro, ele encontrou seu Fiono, do jeitinho que ele gosta, loirinho, branquinho, um príncipe, hehe]

Só que as incompatibilidades sexuais continuavam lá... e foi só nesse reencontro que me dei conta disso de forma mais analítica... Adriano é um cara que não curte preliminares, já quer meter logo de cara. Eu adoro! [e posso me satisfazer apenas com elas]. Adriano é o cara estilo "pau no cú", é muito focado nisso e logo já quer chegar aí. Eu não tenho essa necessidade tão imediata e não acho que penetração seja sempre item essencial de uma foda. Eu tentava segura-lo um pouco mas ele vinha tão pra cima que, além de me irritar, me tirava a espontaneidade na transa e me deixava travado, literalmente encurralado!


A dificuldade da língua no beijo continuava, talvez seja o estilo dele e mudar isso não é fácil. E por fim - o cara mudava de posição no sexo de 2 em 2 minutos... quando eu estava conseguindo curtir, ficando confortável, ele me puxava e me colocava em outra posição.


E ainda... leva uma eternidade pra gozar... e algumas vezes ele não chegava a gozar. Olha, transar com alguém que não goza é algo que me deixa muito, muito atordoado (esse tema já discuti em outro post).

Eu dei alguns toques  nele sobre estes pontos. Mas definitivamente não tava a fim de lembra-lo a toda hora e a cada transa nossa. Não é assim que tem de ser e não sou daqueles que acredita que se muda alguém.

Nosso último encontro foi em um final de semana que passamos juntos numa praia e essas incompatibilidades ficaram claras pra ele. Eu inclusive falei que ele tinha me machucado (e até por isso não metemos outras vezes). A partir daí ficou claro pra ambos que não rolaria mais e cada um seguiu sua vida. Às vezes nos encontramos, conversamos, bebemos, mas agora como bons conhecidos.
O mais interessante dessa história é que ela me mostrou que a compatibilidade ou incompatibilidade sexual entre dois caras vai muito, mas muito além de uma ´simples´ dicotomia ativo/passivo. 
Essa dicotomia é muito falada, mas não é só isso que importa. Bom, primeiro que me ressentia de ele não querer dar pra mim algumas vezes (e pro namorado recente ele finalmente teve de fazer essa concessão!). Segundo, mesmo topando ser passivo com ele, eu não curtia a forma como ele fazia. E terceiro, se você tá confortável numa posição na hora da transa, por que vai querer mudar? Não tem essa obrigação de alternar o script, como se fosse uma aula de lambaeróbica...

Outra questão bacana que essa história me mostrou é a importância do parceiro estar atento aos sinais do outro - dicas, sinalizações, sutilezas - mesmo que seja numa foda sem compromisso (eu pelo menos penso assim). Isso pode tornar as coisas mais agradáveis pra ambos e garantir futuras novas fodas (e quem sabe algo ainda além).


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Karina Buhr para libertinos


Esse é meu 2º texto para a trilogia Música para Libertinos. O 1º fiz para canções de Adriana Calcanhotto. Neste aqui falo sobre uma das minhas artistas preferidas, Karina Buhr. A trilogia se fechará com Marina Lima (cujas canções também foram gravadas por Adriana e Karina e de onde tive a ideia original).

A íntegra do texto pode ser acessada no link abaixo:


E por falar nisso, quero compartilhar essa notícia bacana de que o blog terá uma "perna" mais cultural abrigada na plataforma colaborativa de língua portuguesa Obvious

Fiquei muito feliz com essa possibilidade pois a Obvious congrega escritores e blogueiros de todos os países de língua portuguesa e tem uma audiência ampla e qualificada. Alguns textos que publico inicialmente aqui terão versões mais enxutas por lá - a plataforma tem uma linha editorial bem definida e por isso não tenho lá toda a autonomia [e libertinagem] que tenho pra escrever aqui.

Os textos e histórias mais quentes continuam aqui, sem censura, pra quem quiser ler (e fazer igual também, por que não?).

bj no coração!  

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Amenidades de meio de semana...

    Aquela nuvem que passa lá em cima sou eu. Aquele barco que vai mar afora sou eu. (Gilliard)

Acontecimentos de uma quarta feira rotineira... Reuniões longas e assuntos entediantes... Pensando em coisas melhores a se fazer. O tempo passa muito devagar...

É engraçado porque sempre que me pego neste estado mental - entediado em reuniões longas, com pouco ou nenhum interesse em acompanhar - eu começo a pensar em situações sexuais [ah... que jeito chic de dizer as coisas, hehehe]. E meio que de forma automática, a cena que me vem à cabeça são boas fodas onde estou sendo penetrado. 


Ou me lembro de boas fodas que já ocorreram [e algumas são realmente memoráveis] ou penso em fodas que gostaria de ter, com caras que me dão tesão e que estão me penetrando. Me imagino tomado por eles, entregue à situação, sem receio, aproveitando o momento ao máximo. A vantagem de deixar a sua imaginação voar é que não há limites, você não sente dor, não precisa ter camisinha e gel à mão e pode fazer o que quiser com aquele seu colega de trabalho casado.


Que tesão me imaginar assim... deitado, com o peso de alguém em minhas costas e pernas, enfiando o pau duraço todinho dentro de você, te envolvendo em um abraço apertado do qual você não pode escapar [claro que você nem está pensando na hipótese de...]. Quem já foi penetrado sabe do mix estranho de dor e prazer que se sente. E com o tempo você vai entendendo melhor como funciona, vai curtindo mais e melhor.

Tem caras que sabem fazer e o fazem absurdamente bem... outros tiram a média pra passar de ano...alguns são simplesmente um desastre.

Confesso que me é um pouco constrangedor escrever isso aqui de forma tão aberta... falar do meu desejo de ser penetrado e de como me imaginar nessa situação me é prazeroso.

Infelizmente nossa criação cristã-latina nos faz nos envergonhar primeiramente de sermos gays e, pior ainda, de sermos passivos. A própria ênfase que se dá a essa dicotomia ativo/passivo é o maior sintoma do nosso machismo e da nossa ignorância em explorar o prazer sexual em todas as suas dimensões. Sim, porque a crítica que se faz ao homem passivo tem a ver com vê-lo em uma posição entendida como feminina (e se é feminina, é inferior por natureza, argumentam ignorantemente). 

Não que a gente não possa ser uma coisa ou outra (as duas inclusive)... não que não haja preferências de cada um... o problema é a valoração que se dá a isto... e suas nefastas consequências. As pessoas podem gostar mais de verde ou de vermelho. Preferir coca a pepsi ou só tomar água. Ninguém "valora" este tipo de preferência. Ninguém te discrimina se você diz não gostar de beterraba ou só comer carne bem passada. Ninguém te elogia se você só usar gravata lisa. Mas as pessoas (os gays inclusive e principalmente) te movem na escala valorativa se você é ativo ou se é passivo. Ora, isso simplesmente não deveria fazer sentido. Preferências são preferências. Não se vale mais ou menos por isso.  


Uma das minhas cenas prediletas de imaginar envolve o Marcelo, de quem já escrevi aqui. Das duas últimas vezes em que nos encontramos a foda foi pegando fogo devagar... Eu de costas, ele deitado sobre mim e a gente foi esquentando até o ponto de ele tentar me penetrar antes de colocar a camisinha. Ele chegou a entrar um pouco e eu tive de ser muito, mas muito sangue frio pra não continuar. Não fiquei à vontade de deixa-lo me fuder assim e depois rolou com camisinha. Pena que o clima tenha quebrado um pouco, mas não me arrependo de ter agido assim.

Pra compensar um pouco, vira e mexe aquele mulato macho gostoso ocupa minha mente e eu imagino como teria sido se tivéssemos continuado sem aquela interrupção [necessária]. Vou confessar outra coisa aqui: nas minhas fantasias deste tipo, eu me imagino de certa forma dominado pelo parceiro, numa simulação de estar sendo pego à força, de não poder me desvencilhar daquela posição em que me encontro (vamos deixar bem claro - uma simulação consentida e sem violência). 

Saca aquele 1º momento em que você mete... o cara sente dor, mas ao mesmo tempo está ali entregue,  com as pernas abertas, sabendo que vai ser fudido e é isso o que ele quer. Ser fudido por trás, ou pressionado contra uma parede, ter os braços segurados ou as pernas prendidas, sem escapatória. "Imagina essa rola toda dentro de você", me disse o Marcelo com a voz rouca e amena em uma de nossas transas. O cara sabe o que faz! 

Naquela mesma quarte entediante, rolou uma jantinha à noite com meus amigos mais próximos: Leandro vira e mexe curte testar as receitas da Bela Gil. Eu e Zeca levamos bons vinhos e dessa vez o Mário foi o fiel ajudante de forno e fogão.


É muito interessante e reconfortante estar à uma mesa com amigos e perceber o grau de intimidade que existe ali entre pessoas que se conhecem e convivem há tantos anos. Não tem assunto proibido, não tem crítica que não possa ser feita. As ironias podem ser um tapa com luva de pelica ou um gancho direto no queixo.

Eu mesmo critico muito o namorado do Zeca [e ele sabe que tenho razão hahahahaha], acho um chato de galocha, rapaz entojado [a recíproca também é verdadeira]. O Mário joga umas coisas na cara do Leandro, mesmo depois de 12 anos do casinho fast que tiveram. O Leandro adora dar umas alfinetadas no fato de eu e o Mário estarmos muito próximos e fazendo putarias juntos (enquanto ele tá numa fase namoro e dedicado à pós graduação). Daí tenho de ouvir pérolas como esta: depois que começou a andar com o Mário, é só whey protein, drogas e sexo adulto. Mas eles adoram ouvir nossas histórias de putaria e sensualidade.

Agora pense na caminhada que amigos precisam ter pra chegar a fazer comentários peculiares como estes... 

A comida estava ótima! Harmonizamos com um branco e depois um tinto pra terminar o papo. Fui embora com a certeza de ter pessoas que me amam e com quem posso ser eu mesmo... sem qualquer censura. É um privilégio saber que vou envelhecer com estes caras ao meu lado... Isso é amizade pra vida toda... Zeca e eu planejamos montar um Melrose Place da 3ª idade, projeto pra daqui uns 35 anos. A ver...e a se imaginar...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Trios e grupais... da prática à teoria.

"Everybody´s got the fever. There is something you should know. Fever isn´t such a new thing. Fever started long ago." 

aaahhhhh... os trios! Eu acho trios excitantes. Eu acho trios transgressores. Trios me fazem questionar o porquê de, após tanta prática e discussão sobre liberdade sexual, ainda estarmos absolutamente limitados a experiências "do tipo a dois".

Afinal de contas, quem foi que disse que saímos de fábrica só com a habilidade de fazer a dois? O que impediria o exercício da sexualidade e da afetividade direcionadas a mais de uma pessoa? Já parou pra pensar como tomamos esta e tantas outras coisas como algo dado, algo "natural" e sequer pensamos que poderia ser diferente?

Eu tento pensar que SEMPRE pode ser diferente... se a gente quiser.   

Quando me questiono, realmente me causa certo espanto a "não abertura" a este tipo de interação. O pior é que, como a sexóloga Regina Navarro já dizia a partir de suas pesquisas, transar a três é algo que de certa forma faz parte do imaginário das pessoas (sem entrar aqui na discussão sobre a visão tradicionalmente machista de um homem "pegando" duas mulheres). Então não deveria ser encarado como algo tão "anti-natural", abjeto.
No tabuleiro das paixões, nós adultos poderíamos andar várias casas a mais.
Eu fico pensando até que ponto as pessoas (e me incluo aqui inclusive) têm medo e/ou preguiça de experimentações e variações no campo sexual. A Manú, aquela minha amiga #esquerda_transante, acha que dou valor demais ao sexo, que na prática as pessoas têm milhares de outras preocupações e não o colocam no centro da vida delas. Pode ser mesmo... mas pra mim a vida fica tão mais sem graça (e olha que eu não deixo de fazer todas as outras coisas que adultos em grandes cidades precisam fazer pra sobreviver)... como já dizia Rita Lee: lá embaixo, o mundo cruel é tão chatinho...

Bom, mas hoje eu quero mesmo é escrever sobre minhas referências pop de trios e sexo "além de dois". São referências que povoam minha mente e estabelecem deliciosas conexões com minha vida sexual.

Trios e grupos: referências pop.

Fico honrado de ter em Madonna minha primeira "visão" de trios, ainda que na época não fosse algo compreendido como é hoje.

Minha primeira lembrança está na icônica coreografia de Like a Virgin no documentário Na Cama com Madonna. Nem precisa dizer que sentia vontade de fazer aquela dança sensualizada, lasciva, provocativa (em dado momento do refrão o bailarino Luis Camacho encara a platéia com um olhar provocativo e transgressor que sempre me chamava a atenção). Como muitos adolescentes gays (que ainda não sabiam exatamente que eram gays), ver esse filme trouxe um baita impacto na percepção da minha própria orientação [e identidade] sexual.

Naquele número musical, Madonna interage com seus dançarinos como se fossem uma espécie de criados sexuais. Talvez ali a dimensão sexual não ficasse tão clara, predominava um aspecto de mando e obediência (e essa devia ser mesmo a intenção, pois foi naquela turnê que Madonna passou a ocupar a posição de Rainha do Pop - não por menos, o nome da turnê era Blond Ambition). 


Essa percepção muda na turnê seguinte, a teatral e burlesca The Girlie Show, onde Fever arrebenta com qualquer visão conservadora do sexo. E não poderia ser diferente, depois da entrada triunfal de Erótica. Eu fiquei absolutamente fascinado por essa coreografia, também extremamente sensual e lasciva. Aqui apesar de também haver uma condução por Madonna, a dimensão sexual fica bem mais evidente.

Gostava de ver Madonna praticamente "avançando" pra cima dos bailarinos e se atracando com eles (como na cena abaixo, em que ela encaixa suas pernas nos ombros de um deles e rebola...). No meu imaginário de adolescente e depois de jovem, fantasiei por anos fazer performance semelhante naquelas gincanas animadas da escola (e imaginando o mais absoluto espanto de pais e professores rs... pode isso?).


A persona pública de Madonna é realmente a de uma mulher muito poderosa. Mas poderosa no sentido de exercer seus desejos sem ressalvas. E ao fazer isso, ela nos inspira a fazer o mesmo. "Pobre o homem cujos prazeres dependem da permissão de outros", já dizia ela no clip de Justify my Love. Na época do lançamento de SEX eu ainda era "de menor" e o mundo ainda não era conectado o bastante para que eu pudesse ter acesso ao livro... então, por incrível que pareça, eu nunca o li... ta aí algo que ainda preciso fazer e quem sabe surja um post futuramente sobre esse livro. 



Antes de Fever porém, houve ainda uma 2ª referência importante pra mim na mesma época de Like a Virgin. Prince com suas Diamond & Pearl no clip de Gett off, uma típica dança de acasalamento! Já escrevi em post anterior sobre essa canção, que fala de experimentações (a little box with a mirror and a tongue inside) e um cara confiante em poder satisfazer uma mulher que não anda lá muito feliz...(There's a rumor goin' all round that you ain’t been gettin' served (...) Lemme show you baby I'm a talented boy). Quero um dia ser tão confiante como Prince, seja numa transa a dois, a três ou numa coletiva! E que cara é esse, capaz de 23 positions in a one night stand! #passado...


Para além destas três referências iniciais no campo musical, há um filme que marcou muito, mas muito, minha adolescência: Threesome, traduzido no Brasil como Três formas de amar. Josh Charles talvez tenha sido minha primeira paixão platônica adolescente. Eu o achava (e ainda acho, vendo The Good Wife) lindo, sensível, doce. Me identificava com ele e com os dilemas de seu personagem. 

Assistir este filme me fez sentir de forma mais concreta a vontade de viver um amor e de estar junto a outro homem (e não a uma mulher). Aliado a isso, a dimensão "a três" dava um charme todo especial ao filme. Reparem inclusive na certa abertura do personagem HT do Baldwin para vivenciar tal história, sem que isso significasse um questionamento da sua identidade hétero, bastante demarcada. 

Pena que teve um desfecho tão moralista (não poderia esperar outra coisa da moral puritana americana, ainda mais no começo dos anos 90). Mas o filme ousou ao abordar o assunto de forma leve, divertida e factível - colocando um romance a três no mesmo patamar de outras tantas loucuras, traquinagens e experimentações dos anos de faculdade. 

Boyle, Baldwin & Charles

Por fim, mas não menos importante... o glorisoso trio feminino Ciconne, Aguillera & Spears em outra apresentação absolutamente baphônica no MTV Awards de 2003. Sério que chocou? Pior que sim. A cara do Timberlake foi ótima. Esses americanos, viu... caíram de pau na princesinha Britney acusando-a de ter "virado" lésbica. Quanta pobreza de espírito... não conseguem distinguir vida real de performance? Já deveriam estar acostumados com as ousadias da Rainha do Pop!



Eu em 2003 já tinha minha sexualidade consolidada e minha identidade gay muito bem definida. E me lembro da excitação que senti ao ver esse número, desde a entrada triunfal de Madonna sob aplausos efusivos da platéia até seus beijos ousados nas duas fedelhas. Sim, trios são mesmo transgressores! 

E por falar em Britney, vamos também trazer aqui um dos meus clips prediletos de todos os tempos! I'm A slave 4U


Não gente... pára que eu vou enfartar... A atmosfera desse clip é quente demais... todos suados, sensuais, dançando com seus corpos próximos uns dos outros, suspirando, gemendo... como eu queria estar ali também me deliciando. E a coreografia é realmente primorosa, intensa, vigorosa! Engraçado que anos mais tarde ela lançaria a música 3, mas não me convenceu nem um pouco. Passou muito longe de Slave 4U e soou um pouco forçado inclusive.


Slave 4U me fez lembrar de outras referências "surubísticas" da própria Madonna... dois momentos em especial me vieram à mente. O 1º na The Girlie Show, na transição de Deeper and Deeper para Why´s it so hard? De repente todo mundo começa a se pegar, se agarrar, uma gemeção sem fim... você não sabe mais quem é quem, de quem é aquela mão, aquele pé... e por aí vai...


Outra surubinha beeeem mais leve e chic se passa nas apresentações de Hung Up durante o lançamento e turnê de Confessions on a dance floor. Madonna um pouco mais comportada, mas tão sexy quanto.


Em relação a sexo grupal, cabe ainda uma reflexão mais profunda sobre o significado, dimensão e consequências. A dinâmica do sexo a três já me é mais familiar, mas nos grupais, apenas uma vez por enquanto (história a ser relatada aqui em breve - mas já adianto não ser nada muito excepcional). Ops... peraê... beijo a 4 na balada conta? #na_dúvida

Essa foi minha colcha de retalhos pop para trios e grupais! Uma senhora seleção, modéstia à parte. Melhor acompanhado? Impossível! O pop pode ser inspirador, criativo, incômodo até... Pode nos mostrar novas portas que nem sabíamos que eram portas, mas que estavam ali, prontas para serem abertas. Cabe a você girar chave e abri-las...

No mais, só posso dizer: Vida longa e ampla aos Threesomes e aos Grupais, abençoados pelas melhores inspirações do autêntico pop!