quinta-feira, 9 de junho de 2016

Beto biker - Ou 'sumiços são explicáveis?'



Eu não me canso de celebrar a vida que a cidade de São Paulo pode proporcionar às pessoas... (PS: bom, isso eu disse quando comecei a escrever esse post... o desfecho não poderia ter sido mais diferente... mas ainda assim, tá valendo a pena. De qualquer forma, vamos manter o curso do relato).

Num dia muito fudido de trabalho (no qual tive de ficar numa reunião chata, non-sense até quase dez da noite) eu cheguei em casa puto e decidi que, mesmo tarde da noite, sairia pra pedalar e não deixaria de fazer minha atividade física. No ritmo de trabalho que tenho e na dinâmica de uma cidade como São Paulo, tenho certeza de que só não adoeci física e mentalmente pelo fato de fazer atividade física regular.

Finalizando meu passeio resolvi passar pela avenida paulista... nem tava previsto no roteiro, mas é sempre tão agradável passear de bike pela paulista, especialmente à noite... parece que você é mais "dono" da cidade, se sente menos oprimido pelos carros.

Cruzei com o Beto e trocamos olhares, mas estava no começo do trajeto e ele na direção oposta... na volta, nos encontramos de novo, e daí eu fui mais incisivo no olhar e uns passos depois parei a bike e olhei pra trás. Ele também olhou e parecia que ia parar. Eu continuei parado, admirando a paisagem, até que ele voltou, passou por mim, olhou, mas ainda não parou. Foi até o restante final da ciclovia, fez a volta e vinha na minha direção.

Eu fiz um sinal mais enfático e aí ele parou e veio até mim...



o Beto faz um tipo mais magrelo, barba por fazer, meio "sujinho" como diria uma amiga minha... e eu adoro esse tipo... adoro caras magrelos, rosto fino, um sorriso lindo... Beto me disse que era ator num circuito mais alternativo e também trabalhava com artes. Continuamos a pedalar juntos e fomos trocando ideias, discutindo a situação do país, as coisas boas de São Paulo, o que cada um curtia fazer...

Numa das paradas do sinal ele colocou as mãos nas minhas costas, como se quisesse me dar um abraço. Foi uma primeira forma de demonstrar que sim, ia rolar e que a atração tinha sido mútua. Foi aumentando uma certa ansiedade porque queríamos achar um lugar para ficar, beijar, abraçar... e fomos procurar uma rua mais tranquila ali próximo. E quando achamos paramos um pouco e ficamos juntos. Não foi muito confortável porque ficamos próximos das bikes e muito atentos para não sermos pegos.

Mas foi legal e deu vontade de repetir. Trocamos telefone e passamos a nos falar por msg. Daí começam os desencontros... horários que não batiam, respostas que não aconteciam... ele me disse que tava com problema no celular... o fato é que se passaram uns 5 dias sem que ele respondesse minhas msgs e eu meio que já tinha desistido (como em tantas outras situações que nos acontecem... #quem nunca ).

Na semana seguinte ele me retornou, falou do defeito no celular e  marcamos novo passeio de bike, que aconteceu da mesma forma: dia de semana, meia noite (parece até horário de amante, não?). Dessa vez ficamos num lugar mais tranquilo, conversamos sobre artes, tomamos uma stella e nosso beijo realmente foi arrebatador... um beijo firme, cadenciado, de dois homens que sabem o que curtem.



Eu curti ainda mais e nos dias seguintes a conversa pelo whatsup foi esquentando... Eu falei pra ele que imaginava nós dois na cama nos pegando só de cueca (criei essa fantasia com ele, imaginando aquele corpo magrelo, com alguns pelos). Trocamos fotos e numa quinta feira nos falamos e meio que combinamos uma cerveja num bar no centro. Ele ficou de me retornar quando terminasse o freela que tava fazendo num ateliê. Só que não ligou, eu mandei uma msg que ele supostamente não visualizou... e nada na quinta, nada na sexta e aí, no sábado à noite, chegou uma msg meio seca. Ele dizia que tinha tido problemas novamente no celular e que por isso não tinha ligado. Mas me perguntava se iria fazer algo neste sábado à noite.

Porra, eu confesso que tava puto pelo não retorno dele. E fui um pouco ríspido na resposta. Disse que ele tinha agido num mix de descuido e descaso, que eu o havia esperado na noite de 5a. Uns minutos depois falei que iria a um bar no centro e que se ele estivesse a fim, que me encontrasse por lá.



Mensagens visualizadas. Mensagens não respondidas.




O Beto não me respondeu e isso me angustiou bastante. Eu ainda enviei uma msg de texto dizendo que não conseguia entender o silêncio dele. E ainda uma msg de voz (dessa vez fui mais suave). Ele deve ter visualizado as msgs nas tela, mas não me respondeu. Daí decidi bloquear pra poder esquecer. E assim terminou uma historia que mal havia começado, que tinha me atiçado e que poderia ter sido bem legal.

Fiquei pensando se ele teria ficado puto com minha msg (às vezes não percebemos mesmo a expectativa que o outro coloca sobre nós e pra ele pode ter soado absolutamente normal, corriqueiro não ter me respondido). Relatando aqui pensei também que talvez ele tivesse um namorado, uma namorada, e que tivesse ficado comigo e depois desistido por causa desse relacionamento. É até engraçado ver que nossos dois encontros foram na madrugada. Foram rápidos e nos outros horários ele nunca podia.

Mas pode ser que ele simplesmente tenha decidido sumir e não me responder... isso é relativamente comum, as pessoas de repente param de responder... eu também já fiz isso... e se vc está empolgadinho, se aguarda essa msg, é certo que vai se frustrar e se fuder. No meu caso, o incômodo e uma dorzinha vêm da sensação de rejeição, de alguém que vc estima não ter te respondido, não ter tido contigo a mesma atenção e interesse que você teve com ele. Sentimento narcísico, eu diria... e carrego comigo algumas feridas narcísicias, umas já cicatrizadas, outras nem tanto.

Mas nada que uns dias não resolvam, ninguém é a última coca cola zero do deserto e São Paulo nos reserva surpresas a cada esquina.


Renato - casado e sufocado

Terça feira, depois da academia, rolou no Grindr o seguinte diálogo:

R: E aí.
Eu: tudo bem cara?
R: Tudo e vc?
Eu: Chegando do parque agora. Correr nesse frio eh bom hehe
R: Tesão kk
Eu: Pois eh. Uns pegas e uns bjs seriam ótimos agora
R: Tb acho. Tem foto de rosto?
Eu: [envia arquivo]
R: :) vc tá a fim de trepar né?
Eu: Esse momento eh sempre tenso rs... A gente não sabe se a pessoa curtiu, se não curtiu, se tá com preguiça, se tem um padrão inatingível. A comunicação trava... daí me dá um pouco de preguiça desse app.
R: hahahaha curti sim. E aí fui ler o perfil. Eu que fico inseguro pq não sou malhado.
Eu: hehehehe relaxa
R: Tá a fim de curtir no sigilo sem trepar?
Eu: Cara, o app a princípio tem essa pegada.. não necessariamente precisa ser. Se por trepar vc quer dizer meter, pra mim não eh essencial... curto uns bons pegas. Eu li teu perfil, de boa pra mim.
R: Legal. Tem local?
Eu: To sozinho em casa. Mas vc curte bj? Isso pra mim eh importante.
R: Curto mto.
Eu: Ótimo, eu tbém. Mais até do que meter. Manda uma foto tua de rosto tbem.
R: [envia arquivo]
Eu: quer vir? bora curtir pelados de boa?
R: Tem alguma bebida aí?
Eu: Tem hehe. Alguma preferida em especial?
R: Frio né? Vinho eh uma boa. Ou qq destilado.
Eu: Tenho sim... adoro vinho.
R: Tô terminando o jantar aqui.
Eu: Vou tomar uma ducha aqui então...
R: Ou deixa pra tomarmos juntos rs...
Eu: Opa, se vc prefere, por mim tá ótimo, rs
R: A verdade eh o seguinte. Eu sou comprometido e tô mto bem no meu relacionamento, quase 5 anos já. Mas to me sentindo sufocado, faz tempo q tô a fim de ver outro cara pelado na minha frente kkk Curto ficar pelado trocando ideia, vendo filme, dando uns bjos... bem sussa então eh isso
Eu: blz cara.. vai ser interessante trocar uma ideia ctgo. E uns pegas tbém
R: Curte o q em filmes e música?
Eu: Mpb algumas cantoras novas. Filmes um bom drama ou comedia. Ficção científica eu curto tbém
R: Legal. 15 min devo estar aí.
Eu: blz... de boa
R:Tô aqui em baixo haha mandei seu endereço e foto pro meu amigo. Se alguma coisa acontecer ele tá alerta! Haha
A conversa foi bacana e achei interessante a situação que o Renato me contou. Eu já tive oportunidade de escrever isso aqui e é um assunto que sempre volta à tona nas rodas de conversas com meus amigos gays. A maioria dos meus amigos ou é casada ou namora há muito tempo... muitos deles gostam de estar namorando ou casados, mas, ao mesmo tempo, sentem desejo de ficar com outros caras em situações esporádicas como forma de variar e exercer o tesão.


Eu confesso que esse arranjo me incomoda bastante, porque soa um pouco hipócrita, as pessoas querem ter a sensação de que podem controlar seus pares, fazem cenas rocambolescas de ciúmes, forjam situações de controle... mas ao mesmo tempo cedem aos próprios desejos na 1a oportunidade... ou ficam infernizando a vida do parceiro, querem limitar a convivência dele... me parece tão mais adulto admitir que o desejo não se direciona para um único ponto e que ninguém é capaz de satisfazer o outro em todos os aspectos... por que não se permitir prazer junto a outras pessoas? Por mais "simplista" que o raciocínio possa parecer (e ele não é), mas se o argumento vale para as amizades, para os alimentos, para os lugares que viajamos, por que uma única interdição referente ao "amor&sexo"? Não estou dizendo que seja algo fácil, automático, mas me parece muito mais honesto e saudável buscar formas ampliadas de prazer (e por que não... de amor). 

O Renato criou coragem, superou a ansiedade e bateu lá na porta de casa... chegou tenso, visivelmente nervoso...



Eu adotei uma linha bem light, não fiz nenhum movimento e ficamos uma meia hora conversando... um papo excelente, diga-se de passagem. Cultura, política, vinhos, filmes do Lars von Trier... eu abri um garrafa de vinho (delicioso Carmenére chileno, surpresa da última compra on line) até o momento em que ele se sentiu à vontade... estávamos à janela, contemplando a vista do apartamento, quando ele se aproximou, colocou a mão no meu ombro e nos abraçamos num beijo quente e esperado.

Daí pra frente rolou tão bem, tão natural... fomos para o sofá e ele tirou minha roupa como se quisesse ver todo o meu corpo imediatamente... eu tirei a camisa dele e nos tocamos, sentimos nossos corpos, nossa pele alva e lisa se enroscando... 



Como já tinha sido combinado (e o combinado nunca é caro...) não rolou penetração e eu não quis forçar a barra (mas comeria e daria pra ele com muito gosto). Ele me falou um pouco das fantasias dele, de ter um amigo com quem pudesse ficar conversando pelado, pegar no pau... uma coisa muito fratbrother... e ele várias vezes pegava no meu pau, batia uma pra mim... até que no final da transa eu disse pra ele: "bate uma pro seu brother gozar." Ele se empolgou e eu então perguntei: "Preparado pra sujar tua mão?" Uns minutos depois eu gozei... muito... a mão dele se lambuzou e ele, muito excitado, ainda espalhou aquele fluído quente pela minha barriga e peito, finalizando um ato que me encheu de prazer. 

Não sei exatamente porque, mas ele não fez questão de gozar... nem pediu que eu retribuísse a gentileza... terminamos nossas taças de vinho e eu o convidei para uma ducha, como bons brothers... ele deu uma risada gostosa, tranquila e seguimos pro chuveiro, água quente bem vinda... e ali ainda nos abraçamos, nos ensaboamos e nos beijamos. 


Hora da despedida, breves palavras, beijos curtos e um "até mais". Uma meia hora depois, novas msgs no grindr: 

R: Cara, curti mesmo hj.
Eu: Q bom Renato, tbém curti mto.
R: Se vc estiver a fim podemos nos ver de novo.
Eu: Só combinarmos
R: Deixa seu número. Bj.