domingo, 23 de julho de 2017

À flor da pele

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer

Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!
(Zeca Baleiro, Flor da Pele)

Esses dias não tem sido fáceis pra mim.



Dizem que o primeiro passo pra resolver um problema é admiti-lo e eu preciso admitir meu estado de absoluta carência afetiva e que ele tem me feito sofrer um pouco além da média. 

Nas últimas semanas eu oscilei entre acreditar que a história com o Asher fosse de alguma forma possível e achar que não havia a menor possibilidade disso acontecer.

Acho que gastei energia desnecessária aqui, nos falamos algumas vezes por msg, eu me empolgava, as borboletas saíam do estômago novamente, mas aí na sequência vinha o silêncio (me incomodava o fato de sempre eu ter a iniciativa de puxar passo no whatsapp) e eu voltava a ficar triste. 

Cheguei a ensaiar pegar um avião e encontra-lo. Primeiro pensei: 'ok, você vai, será maravilhoso e depois? Vai voltar pro Brasil e ficar ainda pior. Vai sair do céu direto pro inferno.'

Depois pensei: 'eu preciso tirar isso a limpo, viver essa história, ainda que seja por um momento. Que seja eterno dentro deste curto momento.'

O fato é que eu o chamei no whatsapp para falar disso (já havíamos aventado essa possibilidade em conversas anteriores) e ele me disse que estava no trabalho e que me retornava em breve. 

Não retornou. [porra, que doído isso... eu não sei se é uma dificuldade em dizer 'não' à medida em que um avança e o outro não, mas deixar assim no vácuo é tão pior...]. De qualquer forma isso foi a deixa final pra eu entender que essa história acabou por hora. Você não responder uma msg - significa? Significa.

Ela TEM de acabar, pro meu próprio bem.

Nessas horas me alivia um pouco a angústia me comunicar por meio de músicas, sempre tem uma letra incrível. E lá fui eu pro facebook

Mandei a sofisticada Sunrise do Simply Red:

Maybe the next time I'll be yours and maybe you'll be mine
I don't know if it's even in your mind at all
It should be me, it could be me
Forever

Inesperadamente, em poucos minutos, ele curtiu meu vídeo e me retribuiu com Lust for Love da Lana del Rey. Para além do meu coração ter disparado, eu realmente não consegui entender muito porque ele estava me mandando essa música. 

O foda é que só consegui me reter na parte que fala:

My boyfriend´s back. And he´s coolest than ever.


Me doeu ler essa frase. Será que fiz uma análise míope e enviesada da letra? É uma canção linda, um pouco deprê [bom, é Lana del Rey haha], mas fala de um encontro, da possibilidade de influenciarmos os destinos das nossas vidas, de uma noite em que houve muita alegria (exatamente como aconteceu conosco).

Por hora eu decidi que não vou fazer nenhum momento. Não quero mais ter contato. Essa história vai ficar guardada em alguma gaveta bem profunda da minha alma... vai ficar lá - e ou aos poucos vai se decompor ou em algum momento vai renascer [eu posso estar muito pirado da cabeça, mas porra, será que encontros assim simplesmente acontecem pelo mero acaso?] 

Eu preciso zerar completamente minhas expectativas e esquecê-lo [sim, já tinha dito isso no post anterior mas não coloquei e prática - péssimo planejador eu, não?]. Vou ficar mal alguns dias, mas vai passar. SEMPRE passa.



O fato é que continuo procurando uma conexão mais intensa com alguém. Eu preciso admitir isso pra mim mesmo. Nessas últimas semanas saí com vários caras, fodas incríveis, e eu tenho me percebido na tentativa de estabelecer conexões com esses caras... a forma como beijo, minha dinâmica corporal, uma atitude mais carinhosa em encontros que a princípio dizem respeito a sexo, e nada mais. E isso tem me incomodado, porque com essa busca vem muita ansiedade, uma energia pesada - novamente me parece a velha história de procurar morangos numa plantação de laranjas.

Não sei muito o que fazer. Até apareceu um cara legal que conheci na balada, com quem daria pra pensar numa história mais séria, estável. Mas eu não senti o bastante que justificasse fazer esse movimento, e olha que eu tentei. Não vou também forçar uma situação só porque quero namorar, não é assim que as coisas funcionam.

Paciência não é das minhas maiores virtudes, mas nessas horas a gente percebe que não tem controle da situação. Talvez seja o caso de eu "simplesmente" estar aberto pra alguma história que venha a surgir [porque tem isso também... quantas vezes queremos algo e quando surge a oportunidade, nós não consideramos ou mesmo nem percebemos?].

Continuar focado no trabalho, cuidando do corpo e da mente, tentando manter a serenidade e controlando a ansiedade. E acima de tudo, SE ESQUECER daquilo que tem te feito mal e te trazido ansiedade. 

Ficar focado nisso, até que, como já dizia Cartola pela voz incrível de Ney:

Fim da tempestade.
O Sol nascerá.
Finda esta saudade, 
Hei de ter outro alguém para amar. 

E você, que leu este relato até aqui, só posso te agradecer por ter me ouvido. Obrigado! :)


PS: tem um texto super bacana na revista Vida Simples sobre como superar o fim de ciclos de vida. Muito bacana e reconfortante ler!

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