domingo, 30 de abril de 2017

Fetiches do dia-a-dia

Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. (I Coríntios 6:12)

 

L: Viajando?
HS: Sim, viagem longa e pra longe. Acordado ainda Lê?
L: rss.... Aqui são 2130.
HS: Eh só eu ficar fora q vc começa com hábitos ruins kkkkk.
L: E tanta história pra contar kkkk.
HS: Eh mesmo? Opa!
L: Afff. Só vc voltando pra me regular.
HS: Quem te comeu?
L: kkkkk o macho alpha q eu tava adiando conhecer. Me arregaçou!
HS: Gente...
L: Fiquei quase abalado.
HS: Até tremi o dedo aqui. Quem eh esse?
L: Dúvida cruel se levo adiante.
HS: Lembro de uma história dessas mas qdo vc tava com seu ex.
L: Teve tb?                                                
HS: Teve. Um cara que te deu uma intimada forte.
L: Pensa num cara gostoso.
[manda foto]
HS: hahahaha q tesão esse cara. Deve ter feito barba, cabelo e bigode em vc. E ele curtiu tbém? Quer repetir ctgo?
L: Cara tá fissurado hahaha. Tem os q curtem homens maduros. Ahaaaa sou maduro kkkkk. Ai meu amigo, fiquei c medo de confundir minha cabeçinha.
HS: Lê, pra vc estar assim eh pq deve ter sido mto intenso.
L: foi pra caralho.
HS: E te proporcionado sensações diferentes das usuais. Pq não usufruir? Seria muito contraditório?
L: Aí já não sei. Tive medo de estar voltando para um conhecido muito angustiante. Tesão demais e nada demais. Sei lá... [grifo meu]
HS: Huuummmm.... Nossa, isso eh muito interessante. Ah Lê, eu sempre sou pelo lado de não deixar passar coisas boas. Acho que vc tem tarimba suficiente pra levar isso sem surtar...
L: Pois é... Mas com o namorado tá bom demais. Não seria besteira pôr em risco?
HS: Mas tbém tem tarimba pra preferir não... Vc não eh obrigado e não precisa disso pra ser feliz. Já provou o que tinha de provar hahahaha. 
L: Cara rolou um lance de dominação surreal. Sutil.
HS: E vc curte dominação né, Renata? [piada interna de amigos com altíssimo grau de intimidade]
L: Tipo o lançe era eu cozinhar pra ele enquanto ele ficava vendo TV, tomando heinekken e fumando seu marlboro. Juro, um tesão! E meio carinhoso, mas tb brusco. Pura fantasia.
HS: Te bateu?
L: Uns tapas na cara enquanto metia. E no fim me comeu numa posição em que eu não tinha como escapar. Olha! Tesão.
HS: Essa fantasia eu tenho tbém... De não ter como escapar...
L: Cara, depois posso te comer assim!!! Kkkk td mto didático.... Seu lindooooooo!
[risos....]

Se quiser ficar só com o gostinho da fantasia dessa transa na cabeça, termine a leitura por aqui...

Se quiser ler e analisar alguns aspectos da conversa, vem comigo!

Em primeiro lugar, eu tô meio passado por ter usado um versículo bíblico pra abrir o post. E especialmente este versículo de Paulo, porque sempre me incomodou essa história de que "nem tudo me convém". Explico: na minha vida sempre tive de conviver com gente me limitando os desejos e as ações, tive uma criação rígida de pai conservador e da própria igreja, e infelizmente, a educação cristã tradicional tende a colocar deus como um pai punitivo e o pecado como ponto central de toda a doutrina. Perverso, não?

Eu abandonei há muitos anos esse conceito maldito de pecado e disse pra mim mesmo que nunca mais deixaria ninguém me dizer o que deveria ou não fazer, ou me dizer que algo era proibido ou que não me convinha... Quem decide isso sou eu! Quero inclusive ter a prerrogativa de cometer meus próprios erros e de aprender com eles. 

Então o uso deste versículo aqui tem esse sentido: ninguém melhor do que você pra decidir se algo lhe convém ou não. Os outros até podem opinar, falar da própria experiência, mas quem decide é você. Isso sim é livre arbítrio! (E por favor, decida sem medo de represálias divinas ou de ir pro inferno futuramente). Tem vontade de fazer? analise, meça as consequências, planeje... E faça! Eu prefiro me arrepender de algo que fiz do que de algo que deixei de fazer (por medo de arriscar). 

A discussão do que convém ou não cabe bem neste relato do Léo, amigo meu carioca e super querido! Não conversávamos já há algumas semanas e num dia de semana à noite ele me escreveu pra contar o ocorrido. Léo tem um namoro estruturado, maduro e há uma abertura 'tácita' entre eles pra experiências extras ocasionais (e ninguém precisa contar pro outro... Só se proteger, óbvio!). E essa abertura é muito conveniente porque eles moram em cidades diferentes então se vêem com menor frequência. Convenhamos: é algo bastante civilizado e razoável, não? (bom, eu acho...)

Então meu amigo Léo por vezes se diverte, dá uma variada, alivia o tesão e o stress com histórias como esta. Mas dessa vez foi um pouco mais do que uma mera foda pra não acumular fluídos. Rolou uma identificação maior com a fantasia de dominação, um certo desejo de ser subjugado por um macho - e pelo visto, ele encontrou alguém perfeito pra realizar.


Conversamos dias depois e o Lèo (um ser humano já bastante analisado por anos de terapia) me disse que havia pensado na situação e chegado à conclusão de que não precisa disso. Que ele é homem macho também e não precisa ser subjugado por outro homem macho. A idéia em si soa interessante, excitante pra ele, mas na hora H, também rola certo desconforto em se imaginar naquele papel subjugado. Foi uma conclusão interessante,  que o deixou tranquilo para não continuar essa história, e ele nunca mais se encontrou com o tal cara gostoso. 


O outro ponto interessantíssimo é o que ele fala na frase que grifei: Tive medo de estar voltando para um conhecido muito angustiante. Tesão demais e nada demais. 

Essa é uma situação que vira e mexe me confunde a cabeça. Acho que nós partimos do pressuposto de que se existe tesão, tudo o mais vai existir... Mas basta pouco tempo pra gente se dar conta que nem sempre. E aí, o que fazer numa situação assim? Pra algumas pessoas pode ser muito frustrante acontecer isso, elas estão de certa forma -condicionadas- a se envolver em relações que tragam necessariamente alguma carga de sentimento junto. Outras pessoas conseguem administrar isso bem e fazer a separação entre sexo e sentimento, sabendo que podem aproveitar estes momentos, apesar de não serem necessariamente "completos", e que tudo bem ser assim. 

Mas tem uma variável que precisa ser levada em conta aqui: quando rola tesão de ambos os lados e ninguém tem outra expectativa, daí tudo bem - estaríamos diante do famoso conceito de pau amigo e isso pode ser incrível. O que pega mesmo é quando as expectativas diferem entre os dois. É aí que mora o perigo. 

No caso do Léo, o que pegou mesmo parece ter sido a sensação de que só tesão demais é insuficiente pra ele e que mesmo a foda mais foda do planeta não valeria a angústia do vazio que viria na sequência. Claro, faz sentido, se você considerar que ele tem tesão e vários 'algos a mais' quando está com o namorado. 

Pra fechar, quero falar um pouco sobre essa coisa de ser dominado por um outro homem. É incrível a herança machista que ainda recebemos e sob a qual somos educados. A questão aqui não é sobre orientação sexual e atração por pessoas do mesmo sexo. É muito mais sobre gênero e como nós gays nos enxergamos como homens. 

 

Eu até acho que faz sentido pensarmos que antes de sermos gays, somos homens. E aí, como é que temos nos visto enquanto homens que somos?

Nossa sociedade machista e preconceituosa estabelece medidas de valoração e escala que colocam certos tipos no panteão da masculinidade (os tais machos-alpha, por exemplo) e claro, para que isso seja possível, terá necessariamente de jogar outros tipos nas partes inferiores da escala. E isso muitas vezes nos traz sentimentos de inferioridade, incapacidade, a ponto de precisarmos olhar em outra figura masculina como se buscássemos algo que supostamente nos falta. 

Ou mesmo na via contrária: quando rechachamos os tais "afeminados" (ai gente, que horrível essa atitude dos gays... Muito triste ver tanta ênfase nisso, sinceramente) e no fundo acho que temos medo de que estar perto de alguém assim vai nos "roubar" a masculinidade (aquela que julgamos não ter o suficiente) - da mesma forma como muitos héteros têm esse medo inconsciente de que podem "virar gays" se conviverem com outros gays. Muito louco, né?

É uma equação perversa e muitas vezes enraizada em nós. É difícil quebra-la, se libertar, mas não é impossível. Me pergunto quantas vezes procuramos masculinidade no outro pelo fato de não conseguirmos enxergar isso em nós. O próprio Léo se questionou isso: por que preciso de um suposto macho alpha pra me dominar se eu sou homem e tenho tanta potência quanto ele?

 

Não quero com isso bancar o chato e ficar tirando o barato dos outros. Há algumas fantasias que podem ser interessantíssimas...Eu mesmo tenho fantasias com lutas, me imagino numa luta onde quem imobiliza o outro, come ele como prêmio. Ou situações em que o parceiro te prende e te come, sem você ter como escapar hehehe... Um jogo simulado (e claro, consentido) de dominação. No fundo, seja hetero, seja gay, sexo tem um quê de dominação e competição.

 

A questão é só mesmo avaliar até que ponto curtimos isso por não nos vermos homens o bastante.A fantasia pode ser super saudável ou mostrar algo interno que precisa ser trabalhado em nós. 

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Carnaval 2017 parte III - Gustavo, um quase-namorado

E quando eu te encontrar, meu grande amor, me reconheça! (Angela Rô Rô)
Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem. (O Teatro Mágico)

Vocês sabem que o pontapé definitivo para começar a escrever esse blog veio de um fora que tomei de um anjo que conheci no carnaval do ano passado e pelo qual me encantei perdidamente? Foi a motivação para o 1o post escrito aqui... e lá se foi um ano de muitas histórias, lembranças registradas e partilhadas.

Pois não é que uma situação muito parecida me aconteceu também em 2017? Mas com um final diferente.

Eu tenho aprendido que sim, pode demorar, mas as coisas boas acontecem, disse isso aqui recentemente. E como é verdade!!! [Claro, vc tem de fazer por onde, não adianta ficar sentado no sofá comendo doritos e vendo BBB.]

Apesar de toda a pegação do carnaval, os meus mixed feelings estavam à solta... O fim da história com André, os atritos com meu melhor amigo Mário e a total falta de paciência com o pessoal que estava junto no apto que alugamos. Então na média, o carnaval não estava tão bom quanto o do ano passado (exceto pela surpreendente pool party). 

A pegação forte dos blocos era uma tentativa [um tanto quanto desesperada] de aliviar a dor pela ausência do André e pelo distancimento do Mário. Funcionou, até certo ponto. Novamente, não espero encontrar morangos em plantação de laranjas, mas que a gente procura... Aaahhh, isso procura!. 

Pois bem. Ùltima noite de carnaval, bloco noturno, Marina da Glória. Havia muita, mas muita gente e o bloco estava atrasado, tinha uma música preliminar tocando mas que se ouvia pouco pelo número de pessoas. Nós estávamos num grupinho fazendo um aquecimento, bebendo [e pra variar eu sem muita paciência depois de tantas confusões e desencontros da turma].

Nessas aglomerações as pessoas vão tentando abrir caminhos pelos grupos, vão tentando passar, meio apertado, às vezes empurrando. Lá pelas tantas vejo um garoto lindo, alto, aquele tipo magro que eu adoro. Ele passava ao lado do meu grupo e eu tentei colocar meu braço junto ao dele para que ele o sentisse enquanto caminhava. 

Ele não só sentiu como correspondeu ao meu movimento, olhou diretamente nos meus olhos e começamos a nos beijar. Simples assim. Sem nenhuma palavra dita. O olhar já dizia sobre o desejo intenso que subitamente brotara ali.


Nos beijamos por um bom tempo, nos curtimos, nos tocamos, nos sentimos... Parecia que não havia mais nada ali, apenas uma música de fundo. Eu gostei demais do beijo e da pegada dele e numa hora em que ficamos abraçados começaram as perguntas básicas sobre nome, idade, profissão, etc... E a constatação mais curiosa de todas: ele mora em SP e trabalha a duas quadras de onde moro. Não... Nunca havíamos nos enconrado ou nos cruzado pelo bairro até então. 

Como ele estava de passagem por ali e precisava achar os amigos, nosso momento não durou muito. Mas trocamos contato com a "promessa" de um novo encontro no bloco antes do amanhecer. Ali tinha acontecido um princípio de conexão, quando vc marca "SIM" para vários 'quesitos' que valoriza e que busca em alguém. E pelo visto, tinha sido um movimento de mão dupla. 

Nós ainda nos encontramos uma segunda vez e ficamos juntos, foi tão bom quanto. Ele não ficou até muito tarde, mas me disse que se quisesse, poderíamos ir à praia na manhã seguinte. Eu acordei e liguei pra ele... Nos encontramos, tomamos café num lugarzinho super charmoso em Ipanema e fomos pra praia... Pegamos cadeiras e guarda sol e, antes de nos sentarmos e depois de termos tirado as camisetas, ele me abraçou forte e me deu um beijo. Cinematográfico. Minhas pernas bambearam ali... Parecia cena de novela das oito [dos tempos em que elas eram boas].

Ele voltaria à tarde para São Paulo. Eu o levei até o apto em que ele estava e nos despedimos.  


Infelizmente ele se mudaria de SP por questões profissionais em poucos dias e para um lugar bem distante. Então nós simplesmente curtimos todo o tempo que tínhamos, felizes por esse 'encontro' ter acontecido e ao mesmo tempo sem nos lamentarmos pelo 'desencontro' que aconteceria logo na sequência [só um pouquinho...]. Aquela conexão era algo precioso e, pra mim, um indicador do que devo buscar e do que tem me feito falta [e que era tanto o que eu queria ter tido com o André, mas que não rolou].

No pós-Carnaval nos vimos todos os dias, e nosso sexo foi arrebatador, o encaixe perfeito! Sexo com carinho e intimidade é sensacional (não que precise ser sempre assim, pois não é algo fácil de se materializar). E para além do sexo, nós começamos a ver nossos gostos em comum, curtir a companhia um do outro, e tudo foi correndo de forma natural. Novamente, era muito gostoso sentir que havia um caminho aberto entre eu e ele e isso me deixava tranquilo pra ser carinhoso, intenso, falar das minhas coisas pra ele, de perguntar sobre as coisas dele, etc... Como é bom ser correspondido, não?

E o corpo dele me dava arrepios, me causava um tesão maluco... Magro, definido pela academia disciplinada que ele faz quase todos os dias, pêlos na medida e um tônus equilibrado, sem exagero. Sabe quando vc olha e vê ali toda a materialização da beleza masculina? E havia uma correspondência da parte dele, algumas vezes eu o pegava me olhando como se também admirasse meu corpo... Em uma das noites em que me levantei do sofá pra pegar um vinho pra nós, ele me pediu pra parar no meio do caminho, me olhou (eu estava só de cueca) e disse (como se falasse pra ele próprio): "nossa, eu tenho muito bom gosto mesmo..." 

 

O momento mais mágico dessa semana passada com o Gustavo foi o fechamento do carnaval 2017 com ninguém menos que a rainha Daniela Mercury! São Paulo nunca mais foi a mesma depois que ela, em janeiro de 2016, levou uma multidão da av. Faria Lima até a Igreja da Consolação em 6 horas de bloco. Era lindo ver as duas faixas da Avenida Rebouças (pra mim, um dos símbolos mais opressores da dureza do concreto e do mau planejamento urbano dessa cidade) tomadas de gente feliz. Em 2017 o percurso foi menor, mas foi tão intenso quanto. E choveu, como choveu!!!! E nós ficamos juntos o tempo todo dançando, beijando, nos abraçando e curtindo um ao outro!

 

Agora, teria um problema... [sempre tem, né?]. E eu não sei como eu conseguiria resolvê-lo [se é que teria jeito]. 

Do que conversamos e nos conhemos, o Gustavo parece ser um cara mais "certinho", estudioso, criação mais rígida, muito focado no trabalho, batalha pra caramba e não tem o hábito de curtir a noitada como eu e meus amigos mais próximos curtimos. Nem chegamos a conversar sobre isso, mas eu teria um abacaxi pra descascar ao falar pra ele das últimas festas que tenho ido e de como tenho aproveitado minha solteirice nos últimos anos. Não sei o que ele iria achar, mas certamente ficaria um pouco assustado [numa de nossas conversas pós-sexo não sei ao certo porque o assunto veio, mas ele disse que não tirava a camisa na balada 'por princípio'... Eu engoli a seco e disfarçei, hehehe - apesar de que ele me conheceu no carnaval sem camisa].

E nesse meu momento de vida eu consigo imaginar a 'sociedade gay' dividida em dois grandes grupos

               1) aqueles que tem uma vivência mais ampla da sexualidade em um estilo de vida muito característico dos gays de grandes cidades do ocidente, construído nas últimas décadas de liberação comportamental. Esse estilo inclui baladas (mesmo que vc já tenha passado da faculdade), abertura pra relações amorosas-sexuais não convencionais, relativização da monogamia como indicador de fidelidade e experimentações com drogas (especialmente as sintéticas). Basicamente, pode ser descrito como uma "reação" e uma alternativa ao tal 'padrão heternormativo dominante'.

               2) gays que, "apesar" de serem gays, vivem uma vida praticamente igual à da maioria dos heterossexuais, não havendo grandes diferenças em relação a eles (exceto pelo fato de que se relacionam com pessoas do mesmo sexo). Eles vivem relações monogâmicas tradicionais, querem se casar, ter filhos, enfim, viver uma vida muito parecida com a que levam seus pais, irmãos, primos e colegas de trabalho heteressexuais.

Não estou pleiteando caráter científico e estatístico para essa divisão [inclusive porque há heterossexuais que se assemelham aos gays do grupo 01], mas ela faz muito sentido pra mim ao olhar os gays que conheço. E aí vem o dilema: eu faço parte do grupo 01 e conheci alguém do grupo 02. O que esperar disso?

O sortudo filho da puta do Mário, hehehe...deu sorte de encontrar um namoradinho do grupo 01 e tá lá, feliz da vida, namorando e ao mesmo tempo curtindo a balada, as balinhas, o key, sem ter de abrir mão de nada (bom, foi uma longa e tortuosa negociação entre eles...). Até foram na sauna dia desses e aprontaram horrores por lá!

Eu acho que provavelmente o Gustavo não toparia passar do grupo 02 pro grupo 01, e caberia a mim fazer uma [difícil] escolha. Passar eu para o grupo 02 e viver essa história plenamente ou me manter no grupo 01 correndo provável risco de perdê-lo? Seria muito difícil decidir e sinto que perderia muito, qualquer que fosse a escolha. Felizmente (ou infelizmente, a depender do ângulo), nao foi preciso.

Pra fechar esse texto, eu citei a música do Teatro Mágico porque quando de fato se quer, as pessoas fazem acontecer. Não tem enrolação, não tem "talvez, ainda não sei", não tem "tá, qualquer coisa eu ligo", não tem "vamos ver como rola". E quanto antes conseguirmos descobrir se o outro com quem estamos nos relacionando é "oposto" ou "disposto", menos sofrimento para nós e menos estaremos andando em terras desconhecidas. Pra cada tipo, um jeito diferente de tratar e se portar. 

PS: pra quem não conhece, o lindão da foto é o porn star Jarec Wentworth, revelado pela produtora de filmes Sean Cody[em breve teremos um post sobre Porn, prometo!]. Nem precisa dizer que é COMPLETAMENTE meu número, e me lembrou muito o meu quase-namorado!Jarec Wentwort

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Carnaval 2017 parte II - receita pra afastar mágoas

Eu não espero o carnaval chegar pra ser vadia. Sou todo dia, sou todo dia! (Pabllo Vittar) 

Três anos de carnaval no Rio e deu pra aprender muita coisa da dinâmica gay da festa lá. Eu jamais saberia que podia ser assim. Agora, não troco!

 

Os aplicativos de troca de mensagens e as redes sociais ajudam imensamente pra que você faça a escolha certa ou a menos pior. Com eles você consegue ter uma boa idéia de onde a galera que é igual a vc vai estar e daí, é só zarpar pra lá (claro, se vc tiver comprado o bilhete do metrô antes, sair com antecedência pra pegar as filas imensas das estações da zona sul ou conseguir pegar um uber ou taxi via app).

Alguns blocos, que muitas vezes parecem mais aglomerações caóticas improvisadas, têm um "carimbo" de gay ou gay-friendly na testa, e isso significa que a sua chance de beijar e se divertir com outros muitos boys aumenta significativamente. 

 

Sim, porque no Rio há tantos blocos e tem pra todos os gostos, inclusive para os héteros e aqueles mais família, mais tradicionais. Então, saber escolher é fundamental, até porque muitos acontecem em horários simultâneos e a festa tem só quatro dias. 

Claro... O Rio fica muuuuuito gay no Carnaval, não é que haja uma segmentação estrita; em praticamente todos os lugares você deverá ver rapazes se beijando... Mas se dá pra facilitar, por que a gente vai complicar, não é? E eu, particularmente, destesto aglomeração de hétero bêbado querendo arrumar confusão. 

Tenho um amigo que toda vez que sai à noite dá um show de pegação nas pistas de Sampa. Só que no carnaval ele muda o foco... Ele veste sua fantasia riponga de palhaço e sai pra dançar marchinhas com as amigas HT e beber até cair. Rola um boy no meio do caminho? Claro que rola [ou rôla]... Até mais de um. Mas ele não tá pensando nisso quando faz a mega planilha excell organizando seus 5 ou 6 blocos por dia de folia. 

 

Eu não, eu já quero estar num aglomerado de gente interessante e com vontade máxima de interagir. Quero estar em lugares onde me sinta parte da maioria e onde haja abertura para a liberdade e para a libertinagem. 

 

Isso você encontra no Rio. E cooooomo encontra, minha colega!

Pra quem relaciona a vivência ampliada da sexualidade como um importante exercício de liberdade é simplesmente sensacional poder entrar dentro da muvuca de um bloco, sem camisa, latinha de cerveja na mão, algum pequeno adereço charmoso [como chapéu panamá, gravatinha borboleta, entre outros] e paquerar, olhar nos olhos, dizer na lata "delícia, quero vc!", ou mesmo nem precisar dizer nada e simplesmente beijar... beijar... beijar [como se o mundo fosse acabar logo ali quando o bloco dobrasse a esquina]. 

        

Um festival sequencial de beijos, com quantos você quiser e conseguir. Às vezes vc gosta mais de um beijo e fica ali parado por mais um tempinho... Mas a fila anda e vc quer conhecer outros foliões. Ação exploratória de corpos e bocas na potência máxima. 

Carnaval é isso.... Quantidade [às vezes, confesso, a gente abre mão um pouco da qualidade hehehe], fugacidade e luxúria. [poderia até fazer uma defesa moral desta equação, mas não tô com o menor saco agora. E claro...não sou obrigado kkkkkkk]

PS1: infelizmente, a região da Farme de Amoedo em Ipanema ficou perigosa... Local certo de muitos meliantes mal intencionados e chance altíssima de ter seu celular furtado ou mesmo de ser assaltado. Uma pena... Nos dois últimos anos senti um clima muito pesado ali. Mas continua cheeeeeio de viado! 

PS2: não deixe de curtir a praia em Ipanema, pedalar e/ou correr na Lagoa, e depois se jogue nos bloquinhos do centro do Rio, mais seguros e divertidos!  Tenho um super carinho pelo Toco Xona, bloco de Sapas lá de botafogo que mandam muito bem no som pop! O outro bloco BAPHÔNICO se chama Bloquete (sugestivo o nome, não?) - é chegar e se jogar!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Carnaval 2017 parte I - Pool party

É no chuê chuê. É no chuê chuá. Não quero nem saber, as águas vão rolar. (Mocidade Independente de Padre Miguel, 1991)

Após o banho de água fria da história do André, eu estava tentando me animar pra curtir o carnaval mesmo com toda a frustração e raiva que tomavam conta de mim. Foi estranho chegar ao Rio na sexta feira de manhã num contexto tão diferente do que havia planejado por meses. A cidade já estava naquele clima alegre e eufórico e eu um tanto quanto melancólico. 

Ainda bem que tenho um amigo mega, mega generoso que decidiu de última hora ir pro Rio e me inseriu num grupo que estava combinando de sair fantasiado e também de fazer uma festinha "esquenta" na sexta feira. 

Esse meu amigo é o Ìgor, que em anos anteriores teve um papel super importante na minha vida quando passei uma temporada de trabaho fora de São Paulo. E foi o "santo" Ìgor quem, há pouco mais de dois anos, me introduziu com todo cuidado e delicadeza no universo da química, da música eletrônica e das festas descamisadas, com suas inúmeras e deliciosas possibilidades. Nunca serei grato o suficiente a ele por ter aberto essa caixa de pandora!

Encontrei o Ígor, o namorado Daniel (um fofo que também adoro de paixão!), o anfitrião deles no Rio e seguimos para o endereço. Uma casa meio isolada, linda, rústica mas ao mesmo tempo sofisticada. Difícil imaginar que uma coisa linda daquelas estava localizada dentro do caos urbano do Rio de Janeiro. Passamos pela sala e um corredor interno nos levou a um mega quintal, com muita vegetação, um deck com churrasqueira e uma linda piscina. Tudo soava um vintage anos 80.      


Ao chegarmos, a primeira sensação que deu foi de que a festa iria ser um total fiasco (ao menos para os objetivos que tínhamos em mente e pelo que se espera de uma pool party gay). Havia pouca gente (apesar de ser uma festa privada), a galera não parecia muito animada além do que eu mesmo não conhecia ninguém ali, me senti um pouco intimidado. 

Quando me vejo numa situação que não era a que eu imaginava, a primeira sensação que me dá é a de ir embora dali, não entrar em contato com aquela dificuldade ou frustração e logo voltar à minha zona de conforto. Além disso, eu fico meio desesperado com a sensação de estar perdendo tempo.

Mas o tempo tem me mostrado que não posso ser assim tão impaciente ou achar que as coisas estão perdidas logo de início. É uma grande roubada pensar assim e tenho me policiado pra ser mais estratégico e paciente. Sabe por que?

Por que pode até demorar, mas quase sempre as coisas boas aparecem! Dê um pouco de tempo ao processo... Sempre vale a pena arriscar, até porque o "não" você já tem... Espere um pouco mais e poderá ter o "sim" que tanto deseja.

Bom, eu fui tentando me distrair, passar o tempo, tomar uns bons drinks e me integrar a alguma rodinha de conversa. Confesso que no começo foi desconfortável mas perto do Ígor tudo fica mais de boa. É incrível a capacidade dele de puxar assunto, de chegar nos grupos, de falar, fazer bons comentários, piadas engraçadas (ou nem tão engraçadas assim...) Numa dessas eu fui junto e comecei a conversar.

A coisa ia morna até que começou o 1o round na piscina (ainda bem, eu tava com muita vontade de nadar!!!). Eu não me fiz de rogado e junto com o Daniel tirei a camisa e entramos. Água morninha, clima super agradável e ficamos lá nadando, bebendo e conversando com outros caras.


Após um tempo o pessoal foi saindo da piscina e nós também. Daí paramos num grupinho que tava se enxugando, eu falei alguma coisa com um cara e percebi um olhar diferente, mais focado e com uma resposta à minha pergunta que soava querer algo mais... Não precisou mais de duas frases adicionais pra começarmos a nos beijar e era um dos caras mais lindos do grupo. Beijo bom, forte... 

Ah colega, aí nesse momento parece que brota um arco íris dentro de mim, vem a euforia, uma sensação do tipo "puta, valeu a pena, eu vim aqui pra isso!". O Ìgor olhou pra mim, fez um sinal positivo com o polegar e eu ri. Na sequência rolou mais um beijo rápido com outro cara ali e eu já me sentia totalmente integrado e animado. 

As pessoas iam e vinham dos grupos e eu, ao pegar uma bebida parei em outro grupo. Eu já me sentia mais confiante e comecei a direcionar a conversa pra um cara mais velho que estava ali, barbudo, grisalho, charmoso, que deve ter percebido a minha investida e se mostrou muito atencioso.

Uns dez minutos de conversa a gente se aproximou a começou a se beijar... Sabe quando você beija alguém num anglo meio fechado e parece que você não vê mais nada ao redor? Pois foi assim... a galera saiu de perto e ficamos lá nos atracando acho que uns 10 a 15 minutos, curtindo muito os beijos e os amassos. Ele era amigo do dono da casa e me chamou pra conhecer as outras partes do lugar, nós estavamos falando alguma coisa sobre casas no rio, estilos arquitetônicos, moradores ilustres e isso foi a deixa para um passeio. 

Eu sei que acabamos na cama do dono da casa, eu fiquei receoso mas ele disse que não tinha problema... Bom, a gente só tava de short então pra ficar sem roupa foi um pulo... Um amasso muito gostoso, ele abri as pernas dele, trouxe junto dos meus braços e ficamos nesse encaixe curtindo... Depois ele começou a me chupar muito, muito gostoso... 

Nesse rala e rola eu até cheguei a pedir uma camisinha, mas antes que pudesse encapar meu pau acho que sacamos meio que intuitivamente que ele iria me chupar até eu gozar. Eu tava curtindo tanto que deixei ele seguir e dei alguns toques de que, se ele não quisesse parar, eu iria gozar daquele jeito, sem nenhum pudor. 

 

Dito e feito. Um jato forte, quente e espesso de porra saiu do meu pau direto na garganta dele. Ele foi rápido e cuspiu. Na sequência ele gozou batendo uma enquanto eu o beijava e acariciava seus mamilos. Ainda ficamos ali, abraçados, rindo e curtindo aquela sensação gostosa do pós-foda.

Bom, já era hora de voltar à festa. Estava ficando tarde e parte da galera já tinha ido embora. Eu realmente achava que nós também iríamos em breve e já estava super feliz pela curtição que tinha rolado até então. 

Mas eis que uns animadinhos decidiram fazer o 2o round da piscina. E agora só entrava quem tirasse o calção.


Aos poucos fomos entrando e a sensação de tirar o calção e entrar nú na piscina é libertadora e muito prazerosa. A gente estava ali conversando, bebendo, e aos poucos começavam a se formar pares, um aqui, outro ali, sinalizando que o momento era propicio pra isso. Uma hora acho que ficamos num grupo de umas sete pessoas e naturalmente começamos a nos beijar, nos tocar, explorar os corpos um do outro com as mãos. É interessante a diferença ao tocar um corpo dentro da água, tão gostoso quanto fora. E assim ficamos nessa pegação.

O mais engraçado nessa hora foi que eu nunca tinha visto o Daniel pelado... Eu e o Ígor somos só amigos mesmo, e por mais que já tenhamos nos beijado na balada e beijado outros em formas mais coletivas, eu nunca o beijei com tesão ou desejo... É sempre uma forma de "abrir os trabalhos" na noite ou quando um compartilha o boy (ou os boys) num beijo coletivo. Mas dessa vez eu e o Daniel nos tocamos com um pouco de desejo, da minha parte com certeza e acho que da dele também. Ele tocou o meu pau duro e acho que de certa forma ficou surpreso, porque nunca nos imaginaríamos naquela cena, abraçados, sem roupa. Eu também gostei muito do que minhas mãos sentiram debaixo da água, mas ficamos só nisso mesmo e foi ótimo! O Ìgor tava tão ocupado na hora que nem deu tempo de nos "descobrirmos" da mesma forma. Fica pra próxima!

O Carnaval de 2017 tinha começado em grande estilo!