quinta-feira, 22 de junho de 2017

Eu quero namorar! [um texto sobre esperança]

Não vou sentir medo de me entregar
O medo passa longe de mim
Tem que correr quem quiser alcançar
E é claro, claro que eu tô afim
Caju, Caju* eu leio os sinais
Vem vindo coisa boa pra mim
Me sinto bem, me sinto capaz
De transformar o tempo ruim 
(Pode Ser O Que For, Marina Lima)

Incrível como o mundo dá voltas bem antes do que esperamos.

Há pouco mais de um ano, eu escrevi um texto chamado EU NÃO QUERO NAMORAR!!!!!!! (assim mesmo, em letras maiúsculas... como se estivesse gritando, puto da vida).

Mas os últimos meses foram me trazendo novas situações e novas vivências. Felizmente eu consegui me permitir vivê-las e isso me abriu um pouco os horizontes e me trouxe novas perspectivas, a ponto de hoje - junho de 2017 - eu estar escrevendo um texto de título oposto.


Vou narrar brevemente como cheguei até aqui.

Primeiramente, há pouco mais de dois anos fui apresentado a um universo até então desconhecido de festas no qual pude conhecer casais que têm uma vivência a dois, mas que que inclui interações com terceiros, quartos e quintos. Isso é vivido como algo que naturalmente faz parte do 'viver a dois'. Longe de ser algo contraditório, acaba sendo algo agregador e que contribui para fortalecer os laços e manter acessa a chama do tesão - como na história do Laio e Roberto. 

Isso me mostrou que havia possíveis caminhos alternativos à monogamia estrita e aprisionadora - coisa na qual não acredito e onde definitivamente não desejo estar.


Dentro deste contexto, que foi sendo percebido e apreendido por mim, entra a história do André - por mais dolorido que tenha sido o desfecho, por mais raiva que tenha ficado dele, essa história foi uma espécie de turning point. Me permiti novos sentimentos. Gostei demais do André, fiz planos a dois com ele, me vi vivendo uma história ao lado dele sem medo de me sentir sufocado, pois ambos tínhamos uma visão mais aberta sobre relacionamentos e isso foi um fator chave pra me dar tranquilidade em viver isso.


Depois veio o Gustavo, essa certeza de querer namorar aumentou ainda mais, novamente uma conexão incrível e eu continuava tranquilo a respeito disso. Certamente se ele tivesse ficado em Sampa, eu teria me jogado de cabeça nessa história.

A gradação da intensidade atingiu seu ponto máximo há algumas semanas quando um novo encontro aconteceu. Verdadeiro, mágico, quase surreal. Em uma festa nossos olhares se cruzaram e pararam... nos aproximamos, começamos a nos tocar, a nos explorar, a nos [re]conhecer.


Asher tinha um olhar certeiro, firme e eu não me deixei intimidar. Respondi com um olhar tão forte e decidido quanto. Após alguns instantes, o primeiro beijo e foi como se as comportas da represa do desejo tivessem sido abertas e uma energia intensa fluísse dele pra mim e de mim pra ele.

Nós ficamos juntos até o final da festa, numa sintonia incrível, os dois descamisados dançando, cantando, nos beijando, nos tocando, nos abrancando, dizendo coisas lindas no ouvido um do outro. "Babe, I think I like you". "Babe, you´re sooo sexy!". "Babe, I´ll take care of you".  Eu tenho ciência que a bala que eu havia tomado potencializou tudo isso (e ele certamente havia tomado algum aditivo também). Mas isso não tira a autenticidade e a verdade desse encontro.


E por mais incrível que pareça, essa sintonia que tivemos não barrou algumas brincadeiras com terceiros ao longo da noite... houve espaço para alguns bons beijos a três, o que de maneira alguma mudou minha disposição em ficar com ele. Me senti tão à vontade com o Asher, me despi de todas as minhas armaduras, naquele momento fui meu mais autêntico 'eu', disse e fiz coisas de maneira espontânea e sem me preocupar. Parecia que só havia nós dois ali, eu e ele, curtindo o maravilhoso som eletrônico que o DJ tocava.


Houve um momento hilário quando um garoto que dançava perto de nós nos olhou e disse: please stop kissing, you two are soooo cute! E de fato, a gente tava numa beijação tão intensa, eu acariciava o rosto e a cabeça dele, não conseguíamos parar... simplesmente.

A festa estava tão, mas tão boa; fazia calor, estávamos ao ar livre e o céu estava lindo... eu não queria que acabasse, não podia acabar, eu queria tanto curti-lo mais... de certa forma eu sentia que aquele momento seria único e muito dificilmente se repetiria.

Terminamos a festa no quarto de hotel dele pra uma noite incrível e gostosa de sexo. Carinho, cuidado, cumplicidade... eu me questionava como era possível que tudo isso acontecesse em tão pouco tempo, com alguém que eu acabara de conhecer. Eu me sentia seguro com ele, cuidado por ele, conectado com ele.


Novamente questões de geografia inviabilizaram a continuidade da história. Vivemos a uma distância muito grande um do outro. Na nossa última conversa via whats up, eu senti na fala dele que seria assim. Claro, não era o que eu queria ouvir, eu preferia ouvi-lo dizer que queria ficar comigo, apesar da distância. Bom, talvez ele seja mais pé no chão do que eu, hehehe...

A: I´m in bed. Going to sleep. Too tired.
HS: In bed... huuummmm
A: ahah. I wish you were here next to me.
HS: Me too. Close to you. I would kiss you the whole night.
A: Why did I meet you. Why? Now yor are so far.
HS: I ask myself the same.
A: For sure.
HS: Don´t know what to do with all this I´m feeling.
A: Feel alike. Can be virtual friends. Tell each other secrets. :)
HS: It´s so unfair.
A: I know! What other options we have?
HS: I was always too rational... too strong. And suddenly one look of you changed everything. 
A: Oh babe. I smile to myself.
HS: Something changed inside me...
A: I´m glad it was me the trigger for this change. You are so cute with a big heart.
HS: Babe, we don´t have to ´label´ things right now... let things flow... without pressure... who knows what can happen...
A: Right. I agree.
HS: Despite anything that can happen (including 'nothing'), I´ll be forever grateful for our paths have crossed that night.
A: So romantic babe. And I think we are also very similar. We have felt the same that night and I´m also very rational and strong.
HS: I´m so happy you felt the same... the connection we had... this is so rare... so difficult to happen... You woked up my romantic side who was asleep hahahahahaha now it´s like a vulcan!!! But instead of fire... it´s all about good feelings hahaha
A: Let it be out. You´re doing it rigt :) And you are so fucking sexy.
HS: Just for you babe.


Será isso o começo do amor? Será isso uma típica manifestação da paixão? Independente do que for, por quanto tempo dura?

Mesmo tendo durado tão pouco e sabendo que as chances desta história vingar são mínimas, esse encontro me trouxe esperança, me fez voltar a acreditar no amor, que o amor pode ser possível pra mim e de que vale muito buscar por algo assim.


Eu andei descrente disso por muitos anos, inclusive pelo que via de casais ao meu redor. O que eu via não me apetecia nem um pouco, ao contrário, me causava repulsa. Mas eu fui catapultado a um outro nível de emoções que nem sei se já senti isso um dia (e sim, eu já me apaixonei algumas vezes no passado, já namorei também).

De repente me peguei fazendo os planos mais malucos, mudando pro país dele, construindo uma vida a dois, reestruturando minha vida pra poder viver ao lado dele [às vezes tenho medo da minha imaginação, porque ela parece não ter limites e me leva a lugares e situações muito diferentes da realidade em que vivo]. Mas fato é que eu tenho muitos sentimentos bons guardados dentro de mim, só esperando uma janela de oportunidade para serem externalizados e exercidos.

Termino dizendo novamente que este é um texto de esperança, de alguém que está buscando a felicidade por caminhos que aos poucos parecem se tornar mais conhecidos, menos sombrios e menos intimidadores.

Eu vivi isso. Foi incrível. Aconteceu comigo. Sou muito grato! Mas agora é hora de esquecê-lo, pra não sofrer mais pela impossibilidade de estarmos juntos. E considerar essa história como parte de um caminho que ainda vai me trazer coisas tão ou mais incríveis e com potencial mais duradouro.

Por enquanto, foram alguns chutes na trave. Em breve, vai vir um gol de placa! Essa história (assim como as outras) me preparam pro futuro que virá! E como diz a canção, vem vindo coisa boa pra mim! 



* Se você não conhece essa canção inspiradora de Marina, clique aqui - e vá até 28m09s (o arquivo é do disco completo Marina Lima, de 1991 - claro, vale muito a pena ouvi-lo inteiro). Quando ela fala Caju, Caju, está se referindo a seu amigo Cazuza, que tinha esse apelido. Provavelmente foi escrita após sua morte e é como se a cantora desse algumas boas novas a ele via plano espiritual.

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