sábado, 31 de dezembro de 2016

Final de ano...

o ano tá acabando... mas a putaria continua firme e forte.

Mensagens singelas e fraternas - diretamente da praia de Ipanema - de um dos meus brothers mais queridos e que este ano conheceu um lado que ele desconhecia até então. 

Pelo menos metade do meu face é de amigos ou conhecidos curtindo muito o Réveillon no Rio de Janeiro. Aquilo deve estar uma loucura, pra dizer o mínimo.





Que em 2017 continuemos abertos a novas experiências. Que tenhamos asas frondosas para alçar altos vôos. Que não permitamos patrulhas morais repressoras e limitantes a nos impor uma suposta normalidade. Que alegria, felicidade e prazer possam ser nossas companhias frequentes.

Obrigado por estar aqui comigo nessa jornada!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

George Michael, para mim.

A morte de George Michael, aos 53 anos, pegou todo mundo de surpresa e só confirmou o ano zicado que foi 2016.

E sinceramente, eu não esperava ainda este ano ter de escrever mais um texto ao estilo R.I.P., como já havia feito para o Prince.

Eu o curtia bastante no começo da adolescência, quando via a MTV pela parabólica e claro, Freedom 90 é música obrigatória em qualquer balada que toque flashback. Então decidi escrever um texto sobre estas lembranças e registrar aqui.

O texto pode ser acessado na página do blog na Obvious magazine:

http://obviousmag.org/diarios_de_um_gay_paulistano/2016/george-michael-para-mim.html

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Sonhos

O sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou recalcado). (Sigmund Freud)


Não sei vocês, mas eu quase sempre fico muito impressionado com a capacidade da nossa mente em 'montar' e nos apresentar sonhos. 

Também não sei vocês, mas eu quase sempre fico muito impressionado com a confusão que são os meus sonhos, a junção de coisas díspares, de contextos diferentes, personagens que na vida real estão separados de repente estão reunidos com a maior naturalidade. 


E por mais óbvio que possa ser, é incrível como os sonhos revelam nossos desejos (os que aceitamos e principalmente os que negamos) e também os nossos conflitos mais perturbadores ou aqueles que temos dificuldade de resolver e encaminhar. 

Acho que foi exatamente isso que me aconteceu no domingo.

Não sei explicar muito claramente, mas a partir do momento em que saí da casa dos meus pais, gradualmente as afinidades foram se perdendo e fui me distanciando. A vida cotidiana é muito diferente; os objetivos de vida são muito diferentes. Hoje em dia temos poucas afinidades e nos momentos em que convivemos, há pouco a ser dito e partilhado.  

A minha vivência gay foi também um fator de distanciamento em relação à minha família, mesmo depois de ter escancarado as portas do armário. Não sei se precisava ter sido assim, mas foram colocadas por mim em lados opostos. Até porque certamente desaprovariam muitas das coisas que faço, dada a herança católica ainda bastante presente ali. Há coisas inclusive que eles nem fazem ideia que existem. 

Esse contexto ajuda a explicar a "salada mista" que vou narrar abaixo.
Eu estava no meu quarto quando recebo uma mensagem do meu pai pelo whatsapp. Ele estava em São Paulo, voltaria pro interior e passava no meu prédio pra se despedir.
Eu respondo a mensagem dizendo que desceria à portaria para vê-lo e me despedir.
Daí eu saio do quarto pra pegar o elevador e eis que chego à sala e lá está rolando uma suruba com vários caras. Eu não consigo identificar nenhum ao certo, exceto um deles: meu chefe.
Eu não me lembro ao certo se estavam pelados... sei que ninguém estava trepando na hora, mas rolava aquele andar de reconhecimento pelo local típico de corredor de sauna; abordagens preliminares.
Eu sei que começo a conversar com as pessoas, estou preocupado em agradar meu chefe, em que ele não tenha uma visão negativa a meu respeito e o tempo vai passando, passando e eu simplesmente não consigo sair do apto e descer à portaria onde meu pai estava me esperando. 
[Pausa: esse tipo de situação é um sonho muito recorrente pra mim. Acontece de eu ter de ir a algum lugar ou realizar alguma tarefa mas nunca conseguir. Daí eu passo a noite inteira lutando no sonho pra conseguir e é muito desgastante. Por exemplo: um relatório que preciso escrever no trabalho, uma reunião com itens a negociar ou uma viagem na qual não consigo chegar ao aeroporto. Tem sempre algo (ou algoS) me impedindo de finalizar um determinado objetivo.] 
Num dado momento eis que chega nova mensagem no whatsapp, dessa vez da minha irmã. Uma frase dura: 'vc não tem vergonha de mentir pro seu pai?' Me lembro que no sonho eu entendia que meu pai tinha me esperado um tempo e ido embora. Me lembro também de ter ficado muito mal e um pouco desesperado pelo meu pai e muito puto pela abordagem agressiva da minha irmã. 
Este o sonho. Quando acordei e me lembrei dele senti um certo desconforto, parecia tudo tão real. E foi muito do que vivi esse ano, sendo demandado a passar mais tempo com minha família.

Minha irmã representa essa posição de cobrança mais dura à qual eu sempre tento resistir. E fui desenvolvendo estratégias pra tanto, pois do contrário, seria sugado por ela, que de certa forma acha que as demais pessoas têm de viver em função da rotina dela, dos filhos e do marido. 




Meus pais já expressaram sutilmente em muitas ocasiões que se ressentem e que gostariam de me ter mais por perto. Pra mim é muito difícil, pois o trabalho me consome demais durante a semana e nos finais de semana tudo o que quero é um pouco de descanso e um outro tanto de prazer. Gosto de ficar sozinho em muitos momentos e em outros, quero a companhia dos meus amigos.

Separar parte do final de semana para programas familiares quase sempre significa abrir mão dessas coisas. E aí eu fico muito incomodado na hora, por sentir que estão tentando me tirar o sossego que tanto prezo e busco. 


E tem a outra oposição que o sonho retrata muito bem, entre a vida tradicional e certinha representada pela família e a vida lasciva gay; do tipo levar a sobrinha pra pedalar na Paulista no domingo depois de ter fritado na balada a noite anterior. [Por favor gente, sem julgamentos morais...] 


Equaçãozinha complicada essa, mas que não vejo muita solução a não ser a manutenção dessa distância saudável e o aperfeiçoamento das estratégias de resistência. Me incomoda um pouco perceber essa situação de pouca afinidade em relação aos meus pais e não ver muito horizonte de mudança pela frente. 

domingo, 11 de dezembro de 2016

Conexões parte II - ou "de bad na balada"

Não quero só ficar bem na foto. Quero dizer a que vim. Mesmo que isso me custe revelar coisas que não gosto em mim. Nem sempre gosto dessa cara de alegre, quando sei que tenho tanta dor por trás. Eu não acredito em mais nada a 8 ou 80. Você sabe, eu aprendi demais. (Marina Lima)

Dizem que tudo em excesso cansa, não?

Talvez seja isso que tenha acontecido ontem comigo. Ido a festas com muita frequência. Não é exatamente o que eu queria. Daí me frustro, deixa de ser leve, fica mais pesado, o tempo parece passar mais devagar.

Devia ter me policiado um pouco mais pra poder continuar curtindo. No fundo, eu sempre fui mais "devagar" que meus amigos... O Mário e o João têm um pique maior e daí ficam me chamando pra função. O Mário tem uma abertura e um apetite maior para experimentações químicas e ele é impetuoso, vai testando, se arriscando, indo na base da tentativa & erro. Eu acabo sendo um pouco mais comedido (e nem tô dizendo que isso seja mérito) e me satisfaço com menos coisa.

Já ficou claro pra mim que tenho de dar um espaço maior, pra poder curtir a pegada eletrônica, os beijos e demais interações. Alguns "nãos" estão sendo ditos e mais alguns serão daqui pra frente. 

E no meio disso tudo tem o André, me povoando a mente com intensidade cada vez maior. Nos falamos pelo whats todos os dias ou skype, na prática é como se fosse um namoro. Mas estamos [muito] longe um do doutro, eu faço minhas artes aqui e ele as dele lá no outro continente. Sem cobranças... só um pouco de ciúme.


O fato é que criamos uma conexão emocional, um carinho imenso, um bem querer e uma vontade de estar junto. Vamos nos encontrar no final do ano e no começo do ano que vem, serão pelo menos 3 momentos. Sinceramente, eu não faço ideia do que vai acontecer, eu sinto que tem grande chance de dar errado e de eu me fuder bonito de verde & amarelo.

Mas como a experiência me mostra [sempre] que vale a pena tentar e arriscar, que vale a pena sair da zona de conforto, aqui estou eu abrindo meu coração, sentindo um pouco de ciúmes dele, me expondo ao falar dos meus sentimentos, dizendo pra ele que o adoro e que sempre estou com saudades.


Isso tem sido recíproco, pelo menos até a última semana. Nestes últimos dias tenho sentido ele mais distante, mais comedido nas palavras. Não sei se é uma fase dura no trabalho ou se algo mudou. Decidi não fazer a linha histérica e nem qualquer cobrança. Vou segurar minha ansiedade e esperar pelo nosso encontro de fim de ano. Eu quero ir pra esse momento me sentindo seguro, ciente das minhas qualidades e de que não há motivo pra me sentir diferente.

[eu aqui escrevendo o texto no note e chega msg dele: saudade de vc]

Confesso que não gosto de me sentir assim, vulnerável e na "dependência" de um sentimento. Bate um medinho de rejeição, de vc estar sentindo algo tão gostoso, intenso e de estar fazendo papel de trouxa, de não ser recíproco [e só ainda não te avisaram]. Encontros sexuais fortuitos ou relações com fuck buddies te deixam menos vulnerável e vc transita num território mais definido, sabendo com mais certeza o que vai encontrar e o que esperar de algo assim.

Nesta história com o André, eu me sinto tateando em um local desconhecido, imprevisível. E de certa forma, eu crio uma capsula protetora pra não me mostrar assim pra ele, a gente fica com receio de errar, de dar uma bola fora e gasta uma puta energia com isso (ao menos até vc minimamente sentir um pouco de segurança do lado de lá - acho que eu ainda não senti essa segurança de maneira mais objetiva - será que ele, lá longe, também sente isso q eu estou sentindo? Será que ele também se sente vulnerável, assim como eu?).

As químicas também não andam me fazendo muito bem... uma experimentação na semana anterior me fez cair a pressão e precisei da ajuda do meu fiel escudeiro Mário. Nem foi uma questão de dose, foi simplesmente meu corpo rejeitando o produto. A sensação foi horrível e me bateu um pouco de ressaca moral por isso ter acontecido comigo. Talvez seja hora de voltar (ao menos por um tempo) para a boa e velha loira gelada.
Mário: e aê, e a parte física? que susto...
Eu: Nossa, ainda refletindo. Mas nunca mais passo por isso.
Mário: precisamos conversar sobre isso. É algo que você me comentou também quando caí no outro show, lembra? É tomar cuidado sem encaretar.
Eu: Tô sentindo que não tô conseguindo aproveitar como antes. Não tô conseguindo entrar na vibe. Não bateu tão bem nas últimas vezes.
Mário: Sua pressão deve ter caído muito. Também sinto que não aproveita mais... desde outro dia desses tem algo que não é a mesma energia. Não sei se é ansiedade, ou desgaste da fórmula de diversão, rs...
Eu: pode ser um pouco de cada, e não tivemos nenhuma big party depois do aniversário da casa.
Mário: pois é, pode ser. Mas não podemos demonizar o objeto, né?
Eu: mas a minha sensação eh q meu corpo tá rejeitando esses aditivos. Mas eu dormi bem. Acho q passou o susto, rs...
Mário: Bem vindo ao grupo dos que apagaram na balada kkkkk
Eu: ai Mário... não queria ter entrado nesse clube
Mário: Bem... são os riscos que assumimos, né. Contamos com a possibilidade dessa consequência quando nos aventuramos... Por isso que temos que estar sempre juntos... que insisto pra não nos separarmos...
Eu acho que essa conexão mais íntima com o André está me tirando o foco e o prazer da balada. Com ele aqui provavelmente seria bem diferente, a gente poderia ficar junto a balada toda com abertura para interagir com outras pessoas (como fizemos em agosto). Mas teria uma diferença - nós e os outros. Os outros passam, ele vai embora comigo ao final da noite (ou ao começo do dia, hehehe)


Fazendo uma retrospectiva do ano e observando o meu modus operandi fica claro pra mim que a balada é um momento onde quero buscar conexões emocionais e sensoriais com outras pessoas. Não é o beijo pelo beijo simplesmente, a pegação pela pegação... claro, se for isso, vamos curtir, eu não vou deixar de fazer, mas se vier com algo mais, certamente será melhor. [tô aqui tentando desenvolver o argumento - talvez não fique muito claro].


À medida que avanço nesse caminho, a tendência é que eu fique mais seletivo (nas primeiras festas parecia que o mundo ia acabar, eu queria beijar todo mundo!) e só me atraque com alguém(ns) com quem eu sentir minimamente que possa rolar algum nível de conexão emocional / sensorial.

Este post também se chama "Conexões" por esses motivos: a conexão construída com o André e a percepção da busca de outras conexões ao longo dessas noites tórridas de balada.

E antes que alguém pergunte, não, isso não tem nada a ver com monogamia careta.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Conexões parte I - ou "amor, tá na hora da gente ir"

The sex was so good even the neighbors had a cigarette. (Annonymous) 

E lá vem mais história de casal... caramba, será que tô ficando especialista?

Interessante como às vezes os melhores momentos de uma noitada acontecem ao final, quando você já não tem grandes ou mais nenhuma expectativa e já queimou tudo o que tinha pra queimar ali. Talvez a personificação da famosa frase "the best is yet to come".

Se fosse outra balada, diferente de onde costumo ir, eu até diria que havia chegado a famosa "hora da xêpa", onde todo mundo deixa temporariamente seus preconceitos, babaquices e resistências de lado e parte pra felicidade (momentânea, quase sempre). Mas sinceramente, ali onde rola a balada forte esse conceito de xêpa perde muito do sentido, porque no geral as pessoas estão mais dispostas a interagir, vão embora bem mais tarde (ou bem mais cedo, a depender do ângulo) e há muito mais gente junta (o que explica tudo isso, aí já é outra discussão, rs...)

Numa das últimas grandes festas que fui na região da Lapa/SP, ali por volta das 5 da manhã eu já tava com fome e cansado de tanto dançar. Também já tinha beijado muito, muito e encontrado um cara que havia me despertado instintos de namoro (mas que pena... despertou só em mim).

No meio da muvuca a céu aberto topei com um cara que tava a fim de beijar há tempos e fui lá ficar com ele e os amigos, também muito interessantes. Pouco depois eu me senti à vontade pra ir pra cima e dei um beijo nele, que correspondeu. O namorado estava por perto, beijei também, mas não tive retorno muito empolgado, só um beijo protocolar pra não ficar feio. Mas o fato é que ficou um enrosco gostoso ali de um monte de caras se beijando, se abraçando, dançando e confraternizando a liberdade inenarrável de se ser gay e de se fazer aquilo que dá prazer! (acho que dificilmente vou trocar isso na vida!)

Um pouco depois me viro e vejo um deus grego que também estava ali junto da turma... um Apollo, pele morena, corpo torneado e liso, uma tatuagem enigmática em grego e claro, foi a deixa pra eu me aproximar e perguntar o que significava. Vc se aproxima e meio que já dá um semi-abraço pra envolver o boy. A resposta foi também enigmática e acho que ali não caberia uma explicação mais detalhada (a língua grega tem nuances e significados que podem ser tão ou mais complexos do que a alemã, por exemplo). 

Da discussão sobre a tatuagem em grego pra realização da música do Radio Taxi foi um pulo: um beijo... na boca... um abraço apertado, forte e suado... quente como as noites quentes de verão.

Laio é um cara muito interessante... lindo e com um papo estruturado, profundo, de conteúdo... engenheiros e arquitetos têm um charme todo especial pra mim e eu me derreto quando me deparo com um deles. Trocamos outras palavras, muitos outros beijos sabor MDMA e havia ali uma sintonia fina, deliciosa, o padrão ideal do que procuro em noites como esta. 
Uma breve pausa no texto para reflexões chatas (porém necessárias). Eu já disse isso aqui e repito (pra mim mesmo inclusive): o fato de vc encontrar alguém com uma super afinidade, aquela sensação de "nunca antes na história da minha vida", não significa que disso vá derivar algo mais amplo tão espetacular quanto aquele momento. Preste atenção nisso: o momento pode ser mágico e ficar ali, circunscrito. Module suas expectativas e aprenda a valorizar quando acontece, pra depois não ter de tomar comprimidos pra dormir (isso Angela Rorô já dizia em 1979 na clássica Balada da Arrasada).
Um tempo ali passado e vem a famosa (e já muitas vezes ouvida) frase: "mas eu tenho namorado". Na hora vem um banho de água fria mas a gente logo se recupera e nem tem tempo pra fazer draminha. Bom, se o cara tem namorado mas vc tá ali com ele dando um pega forte de dar inveja nos amigos, certamente há uma liberalidade entre o casal que permite isso. 

E foi o que se constatou quando o Roberto chegou com outros caras juntos (e já devia tê-los beijado inclusive) e me foi apresentado. Naquela hora ele parecia muito louco e não se atentou muito pra mim (apesar de termos nos beijado rapidamente, a dois e a três). Acho que ele tinha outros interesses fora da roda, ficou pouco ali e depois saiu. Eu continuei beijando o Laio por mais algum tempo e também saí para procurar meus amigos. Ficou um gostinho de "quero mais" e uma abertura pra que aquilo tivesse sequência.
  
Achei o Laio no face e começamos a trocar msgs. Eu o chamei para um vinho lá em casa num dia de semana à noite. Ele super topou mas disse que essas coisas ele sempre fazia em par com o namorado, nunca sozinho, que era um acordo entre os dois. Eu achei muito honesto e justo da parte dele dizer isso e falei que o convite se estendia ao Roberto também e que teria muito prazer em receber os dois na minha casa.

Confesso que da 2ª feira até a 5ª feira me bateu certo receio de encarar a situação. Sexo a 3 é gostoso, mas dá trabalho, a dinâmica é um pouco mais complexa e mobiliza mais energia e foco. Mas sempre que sentia isso colocava na cabeça que era a hora de sair da zona de conforto, que tinha tudo pra ser legal, que não tinha razão pra me sentir inseguro e que, começada a função, tudo se ajeitaria: "vai que vc não vai se arrepender", me disse meu ID.

A expressão "muito prazer" dita na ocasião se provou muito mais do que uma mera frase de educação e sedução. Primeiro que Laio acertou comigo a 5a feira e não fez corpo mole. Foi combinado e eles apareceram aqui (quantas vezes os "combinados" são só palavras jogadas ao vento, não é mesmo?).


Eu separei dois ótimos vinhos, um espumante e um tinto para tomarmos, castanhas e frutas secas e ficamos ali na bancada da cozinha conversando por um bom tempo. Papo ótimo, sem pressa, que aos poucos revelava afinidades e interesses em comum. Tivemos ainda um tempo pra desfazer um leve desconforto do Roberto, que não se lembrava de mim daquela noite e que, ainda assim, apareceu lá quase que num "blind date". Claro, o Laio foi o fiador da noite ao dizer: "tenho certeza que vc vai gostar dele" (a minha auto estima agradece!).  

Eu ainda teria conversado por mais um tempo com eles, mas chegou uma hora em que naturalmente eu e o Roberto nos aproximamos, passei a mão por trás do ombro dele, ficamos meio que abraçados vendo algum detalhe de um livro. Já tínhamos tomado vinho o suficiente pra ficarmos relaxados e foi a deixa pro Laio se aproximar também e nos entregamos a um delicioso beijo, sob as bençãos de Bacco! 

Continuamos a nos pegar na sala e eu os conduzi para o meu quarto. Dali em diante o sexo aconteceu de forma espontânea e muito natural (o que é incrível para 3 caras que nunca tinham trepado antes). Foi delicioso tirar a roupa deles, sentir o corpo deles, o cheiro deles, ver também eles tirando a minha roupa e explorando meu corpo. Enquanto Roberto e eu nos beijávamos Laio me chupava; eu também chupei os dois com todo empenho e dedicação, tanto porque eu estava com vontade como porque queria agrada-los naquele momento tão gostoso. 


O bacana é que ninguém ficou com restrição ou frescuras. Do que percebi da dinâmica do casal, o Laio era o ativo (mais frequente ou em tempo integral) e o Roberto o passivo. Daí isso se reproduziu também ali na hora. Confesso que antes da transa rolar eu fiquei um pouco encanado pensando: puts, mas será que vou ter de dar pros dois?

Depois me dei conta da bobagem que esse tipo de pensamento representa e parei de me preocupar, imaginando que o sexo iria rolar com naturalidade, que se eu não quisesse eu não precisaria fazer nada e que, na lógica inversa, poderia (e deveria) fazer tudo o que tivesse vontade. 

Então, assumindo de fato a postura de melhor anfitrião, eu comecei dando pro Laio (que tomou a iniciativa de me puxar e encapar o pau dele) e na sequência, pro Roberto. Fiz isso naturalmente, foi delicioso e não me senti "diminuído" em nenhum momento. E eles também foram sensacionais.

E acho que foi isso que inclusive deixou o Roberto muito à vontade pra dar pra mim na sequência. Eu comecei a roçar o pau na bunda dele, ele encaixou as pernas em mim e ficamos ali nos enroscando. Eu, gentil como sempre, perguntei: posso pegar uma camisinha? ouvi um "Pode" espontâneo que não deixou dúvidas sobre o desejo dele (tá vendo como muitas vezes a gente complica quando poderia facilitar?)

Comecei a comer o Roberto e foi um puta tesão... e aí veio o momento auge da noite. O Laio encapou o pau dele de novo e veio por trás de mim e eu experimentei uma sensação e uma posição até então inédita... o famoso trenzinho. Foi um pouco atrapalhado no começo mas depois que a gente pegou o jeito, foi delicioso! Pensando hoje, me pergunto por que não ficamos mais tempo daquele jeito...


Um pouco mais de beijos, chupadas e muita pegação gostosa e eu disse pro Laio: come ele que eu quero ver. Ele pegou outra camisinha (naquela noite gastei meu estoque todo...) e foi pra cima do Roberto, numa pegada e ritmo fortes, que até me assustou um pouco. Eu coloquei a cabeça do Roberto no meu colo e o beijava enquanto ele era fodido forte pelo Laio. Pouco tempo depois ele avisou que ia gozar e deu um belo esporro que sujou toda sua barriga branquinha e lisinha. Que maravilha aquela cena!

Chegou a vez de eu e Laio gozarmos também e ele se enroscou por cima de mim e veio forte também. Sentir aquele cara viril se movimentando em cima de mim me deu muito tesão... nossos corpos entraram numa vibe muito boa, mas eu tentava controlar a força dele um pouco para não me machucar. 

Uma hora ele trocou de posição, me puxou e eu fiquei sentado em cima dele, cavalgando com seu pau dentro de mim. Aí já não dava pra segurar muito mais. Explodimos no gozo, eu um pouco antes do que ele, mas tão intenso quanto. 

Pausa pós-orgasmos para nos recompormos e ficamos os três abraçados, extasiados, curtindo aquele momento. Roberto cochilou e eu e Laio ainda conversamos um pouco e nos beijamos, lenta e sofregamente. 

Quando Roberto despertou, Laio, super fofo, disse pra ele: amor, tá na hora da gente ir. Amanhã acordamos cedo.

Ao passarmos pela cozinha, vimos que ainda havia um resto da 3a garrafa de vinho (eles também haviam trazido uma) e não deixaríamos essa sagrada bebida sem ser apreciada. Finalizamos a garrafa e nos despedimos com a certeza de que ali tinha rolado uma energia muito boa, pessoas de espírito livre, gente do bem se juntando pra curtir e ter prazer. Liberdade vivida e exercida - isso não tem preço! Não tem preço! 

Mesmo tendo tomado muita água durante e depois, a ressaca no outro dia foi inevitável (melhor a ressaca física do que a moral). No meio da manhã chega uma mensagem fofa no face pra mim do Laio:
Ligeiramente de ressaca, muito sono, mas valeu a pena! Fantástico ontem!!😉
Respondi:
Adorei me atracar contigo, olhar nos teus olhos e poder sorrir, de tão bom que tava. E o Rô é uma graça, super gente boa, uma delícia... ontem fizemos tudo o que gosto de fazer... um bom vinho, um papo inteligente e estimulante, vcs são ótimas cias e sexo da melhor qualidade, com tesão, pegada e carinho.
Laio finalizou:
Concordo plenamente com o q vc disse, tudo o que gostamos de fazer! Eu e o Rô saímos de lá falando a mesma coisa!! E aquele seu sorriso safado ficou gravado. 😏
Ora, e por que o título do texto se chama "Conexões"

Simples, porque percebi no casal uma conexão incrível, parecem ser de fato parceiros e vivem uma vida a dois pelo simples fato de desejarem estar juntos. Cultivam afinidades e objetivos em comum. Isso, no entanto, não os impede de ter uma vivência ampliada e mais intensa da sexualidade. 


Intuitivamente não esperava por isso, mas tenho me deparado com muitos outros casais que se portam de forma semelhante. Têm uma vivência a dois, mas que inclui interações com terceiros, quartos e quintos e isso é vivido como algo que naturalmente faz parte do 'viver a dois'.

Longe de ser algo contraditório, acaba sendo algo agregador e que contribui para fortalecer os laços e manter acessa a chama do tesão.

O fato de ter vivenciado essa experiência até o fim e a maneira como me portei também me deram uma sensação interna bacana de me sentir adulto, fazendo coisa de gente grande, coisa complexa, bem conduzida.

Enfim, um substantivo: Sexo. E dois adjetivos: Adulto. Bem feito.  

PS: As ilustrações deste post foram linda e generosamente feitas por um amigo muito querido que acompanha o blog! Ao visualizar alguns de seus desenhos mais recentes lhe fiz um desafio para que ilustrasse essa história, desafio que foi prontamente aceito por ele. Certamente outras artes tão lindas virão futuramente!!!!