quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Rejeição - a teoria

Por mais que eu tenha a consciência (no plano racional) de que não deveria me abalar quando alguém que eu quero não me quer... porra, como dói!!!


A depender do momento em que vc está, pode doer mais ou pode doer menos. E às vezes é algo aparentemente banal mas que desperta algum gatilho emocional na sua mente, e aí a coisa sai pior do que deveria. 

Dia desses estava lendo um artigo super interessante: um leitor perguntava como deveria manifestar interesse após o 1º encontro com um cara, mas sem se colocar numa posição 'vulnerável' (como se estivesse do lado 'mais fraco'). Como se o fato de mostrar interesse te colocasse nessa posição e, caso o outro também não demonstrasse, vc ficaria 'marcado' na história como o looser (perdedor). 

O leitor colocava sua angústia (muitíssimo conhecida de todos nós, diga-se de passagem) sobre como o mundo da paquera virtual gay costuma ser cruel, com as pessoas fazendo jogos e mais jogos e ninguém tendo coragem de se posicionar e avançar para algo mais concreto.

O escritor conclui dizendo que prefere ver esse "jogo" da paquera não como um jogo propriamente (que pressupõe a existência de ganhadores e perdedores), mas mais como uma "dança", na qual por vezes os parceiros conseguem interagir de forma sincronizada, mas em outras, não.


Ele incentiva o leitor a deixar claro seu interesse (ele próprio diz que já no 1º encontro deixaria claro o interesse por um 2º, caso fosse esse mesmo seu sentimento). Se o parceiro demorar a responder, não mostrar interesse, ou mesmo disser um "não rola", bem... IT IS WHAT IT IS! Simples assim. Ou seja, vc não perde nada em mostrar interesse. Mostrar ou não mostrar não tem o condão de alterar o interesse do outro (que na maioria das vezes já está formado previamente).  

A gente não deveria levar isso pelo lado pessoal. E sabe por que? Pense de forma invertida e lembre-se das (várias) vezes em que vc disse "não rola". Provavelmente vc agiu assim porque simplesmente não se interessou pelo cara, e não por alguma característica bizarra ou medonha que ele pudesse ter. Simplesmente não rolou química, não rolou atração, não rolou interesse. E quanto tempo levou para vc se dar conta de que não tinha interesse? Quase tão rápido quanto votar na urna eletrônica, hehe...


IT IS WHAT IT IS! bitch 



Quando acontece conosco, tendemos a significar a rejeição como algo maior do que ela é. Como se tivéssemos alguma falha ou defeito muito grande que justificasse a falta de interesse do outro. Mas de novo, invertamos a equação e, ao mudarmos de lado, veremos que não é bem assim.

Em suma: o que vc sofre é exatamente o que faz os outros sofrerem. [é nessas horas que sinto falta de um emoji pra representar um 'tapa na cara', hahahaha]

E é impressionante como tua mente [ou o universo, se preferir] te faz se lembrar, a cada situação onde vc reclama que está sofrendo, de outra situação muito parecida na qual vc esteve do outro lado. Acontece muito comigo. Insights... [e novamente, cadê a porra do emoji pra representar o tapa na cara...]

Incrível também como os interesses são nossa grande roda motora. Soa inclusive bem egoísta colocar as coisas nestes termos. É o nosso interesse particularista que faz a gente tirar a bunda da cadeira e correr atrás daquilo que queremos com impressionante determinação, movendo montanhas se preciso for.

Mas sem interesse... aahh minha colega... não movemos a unha do dedinho do pé... não esticamos o dedinho pra mexer no celular. Sequer lembramos de que há uma outra pessoa nos desejando ardentemente e ansiando por uma simples mensagem no celular. Cruel né? Mas é assim. 

Eu acho que também ajuda se pensarmos que a regra geral da vida é a do desencontro. Desencontro dos desejos, das expectativas, das afinidades, dos momentos de vida. Por mais triste e revoltante que possa parecer, faz muito mais sentido do que partir do pressuposto de que a regra é o encontro. E a vida tende a ser dura, ninguém nasceu com "direito" à felicidade (por mais que nossos pais nos tenham prometido isso ou mesmo a mídia bombardeie esse tipo de ideia na nossa cabeça).

Agora... será que esta minha análise é muito imediatista? Será que, ao conceber as coisas de maneira tão rápida e acelerada eu não estaria "abortando" inúmeras possibilidades de histórias interessantes? O interesse em alguém pode ser manifestar de forma lenta e gradual?

Honestamente, não tenho essa resposta pra te dar, querido leitor! :) Quer me ajudar a pensar? Eu adoraria!

Obviamente eu não quero generalizar e dizer que isso é uma regra única e universal. Todos conhecemos histórias de pessoas que foram se interessando gradualmente ou até mesmo depois de brigarem ou de terem um estranhamento inicial. Mas acho que a "teoria" que tentei descrever acima funciona pra grande parte das histórias, especialmente nesse universo da paquera virtual e de um mundo extremamente acelerado... o 'tal' mundo da modernidade líquida.

De qualquer forma, vamos deixar essa brecha para outras possibilidades. É sempre bom ser surpreendido.

Feita essa ressalva, vamos tentar continuar a visão pragmática das coisas: como sair desse ciclo? Tem como?

Eu, particularmente, não quero sofrer assim. E também não tenho intenção nenhuma em fazer os outros sofrerem.

Fiquei pensando em como poderia responder à pergunta que eu mesmo me fiz. Se isso seria possível, dado que estamos a todo tempo nos relacionando com outras pessoas e que ninguém vai virar celibatário ou se trancafiar em um convento.

Elencaria três possíveis ações:

  • Começaria dizendo que é importante estarmos fazendo constantemente esse exercício de desvincular o "não" recebido de qualquer valoração de nós mesmos. Esse "não", por mais que não o queiramos, nada tem a ver com nosso valor próprio, não deveria abalar nossa auto-estima. Claro, não é fácil, especialmente quando queremos muito estar com alguém. Mas parece ser da loteria da vida... temos pouco controle sobre nossos desejos (assim como os outros também não tem).
  •  Resiliência é uma palavra que também cabe aqui. Uma definição básica pra ela: "é a capacidade de suportar ou se recuperar de situações difíceis. Saber que não seremos destruídos significa que estamos mais à vontade com o risco e a incerteza, então provavelmente somos mais eficazes e podemos viver a vida com positividade, apesar dos reveses que encontramos." Resiliência é uma competência que pode [e deve] ser treinada e aprendida. 
  • Por fim, tentemos aplicar aquela famosa regra: não fazer com os outros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco. Caso não tenha interesse em alguém, tente ser o mais objetivo possível, sem necessariamente ser rude ou estúpido. Deixe as coisas claras o quanto antes, assim a pessoa não terá falsas esperanças e tenderá a levar o "não" recebido de forma mais racional e menos pessoal.

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