domingo, 29 de outubro de 2017

Começando um relacionamento

Pessoal, me digam, sem enrolação: O que é preciso "levar" na bagagem para começar um relacionamento?


Será que você precisa estar bem apaixonado desde o começo da história? Ou se houver pelo menos um mínimo de conexão, isso já seria o suficiente pra engatar a 1a marcha e dar a partida?

Nesses últimos dias esse questionamento me veio forte. Reencontrei, por acaso, um cara com quem passei um final de semana super bacana, o sexo foi ótimo, mas não chegou a me empolgar tanto a ponto de querer dar sequência. Ainda assim, tivemos vários pontos de afinidade.

Nós voltamos a conversar pelo app e a conversa fluiu muito bem, ele é muito inteligente e sensível. Quando nos percebemos no app, ele me escreveu:

"Nosso encontro foi muito especial pra mim. Me ajudou a sair de uma fase muito ruim. Tô passando por um momento de muitas mudanças, reflexão e de bem comigo mesmo. Queria poder compartilhar um pouco disso contigo. Muito curioso também pra saber como você anda e o que tem passado." 

À época ele dividia apto com um amigo. Perguntei se ainda estava morando lá e ele disse que havia se mudado pra um apto menor e que agora morava sozinho. 

"Cheguei num momento da vida que eu preciso ter meu espaço. Ter as minhas coisas. E a partir daí, me preparar para encarar um relacionamento sério." 

Essa última frase da conversa ficou ecoando na minha cabeça. Tentei me imaginar sendo essa pessoa com quem ele tentaria encarar um relacionamento sério. E não conseguia me sentir à vontade naquele papel. 

Acho que já deve ter acontecido com todo mundo: vc reencontra alguém com quem já ficou, na hora dá uma certa empolgação e vc se pergunta: puxa, mas pq não ele? Pq não tentar? Pq não dar uma chance. 

Daí dois dias depois saímos pra tomar um café. Quando o vi, eu realmente não me senti impelido a ficar com ele, por mais que o sexo tivesse sido bom. Isso me deixou chateado, porque se tiver de esperar ter as tais borboletas no estômago pra começar um relacionamento... puts, acho que tô bem ferrado na vida. 

Por outro lado, eu vivo bem sozinho, tenho meus amigos, curto minha própria cia, e sinceramente, não acho que deva entrar em um relacionamento simplesmente para não ficar sem alguém. Fazer isso me parece uma cilada. 

As poucas vezes onde tentei insistir sem estar muito a fim, foi meio desastroso. Eu me desesperei em pouco tempo e ainda machuquei a outra pessoa. 

Que bom que o tempo nos traz maturidade e aquilo que o poeta João Doederlein chamou de "responsabilidade afetiva" (sigo o insta dele @akapoeta  - é show de bola, recomendo!).

Na hora de me despedir dele a gente quase de beijou, foi por muito pouco. Mas eu não quis, e não porque me achasse melhor, simplesmente porque não senti vontade o bastante e percebia que a intenção dele era maior do que a minha. 

E se iremos inevitavelmente frustrar alguém, que seja pela honestidade e não pela dissimulação ou incapacidade de dizer 'não'. 

Há muitos anos, um antigo terapeuta me provocou dizendo assim: 'Mas vc nunca leu um livro que só foi começar a ficar bom lá pela página 40?'

Olhei pra ele meio que encantado com a argumentação. Só que até hoje nunca funcionou comigo. Claro, conheço histórias de casais que foram, de certa forma, "forçados" a ficar juntos e que, depois de umas tantas, passaram a gostar, se adaptaram e se entenderam. Mas em um cenário onde vc não precisa, me parece difícil algo assim se concretizar. 

E a minha cabeça fica ainda mais confusa quando vejo as pessoas em geral entrando em relacionamentos com aparente facilidade. E casais que continuam juntos apesar de, ao menos aparentemente, não valer mais a pena (claro, essa análise é a gente que faz, baseado no que consegue captar).

Parece até meio automático, como a gente fosse se matricular na academia ou no curso de inglês e passasse a frequentar. Fora os famosos "serial monogamists", que me dão completamente nos nervos hahahahaha (sim, já falei aqui que tenho um pouco de inveja deles).

Provavelmente vou continuar sem uma resposta definitiva pra essa questão. E essa resposta nem deve existir. Acho que as futuras experiências talvez me mostrem possíveis caminhos. O mais importante é perceber quando estiver frente a uma oportunidade e tentar não deixa-la escapar.

E novamente... tenho de dar uma suavizada na expectativa... reconhecer e aceitar que muitas das coisas na vida não acontecem necessariamente no nosso tempo, e que, quando for esse o caso, há de se ter um pouco de paciência e resignação. Não adianta brigar e maldizer o universo, só vai te fazer gastar energia de forma desnecessária.
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Decidi voltar neste poste depois de publicá-lo na página que o Blog tem no Facebook e acrescentar algumas outras ideias. 

Tive respostas incríveis, maduras, que me fizeram pensar que, resumidamente, pode haver dois caminhos:

  • aquele em que vc está bem apaixonado e "naturalmente" embarca numa história;
  • outro mais lento, onde os dois vão se conhecendo e a vontade de ficar juntos vai crescendo e se consolidando. 
O 1o talvez seja mais espontâneo e o 2o talvez exija mais paciência.

A euforia do 1o caminho não garante necessariamente a continuidade.

A 'aposta' do 2o caminho, apesar de mais arriscada no começo, pode garantir no futuro vínculos mais estáveis e duradouros. Mas também não há garantias aqui, pois a coisa pode não engrenar no começo mesmo.

De qualquer forma, alguns responderam que sim, entrariam num namoro ainda que não estivessem completamente apaixonados e que se dariam esta chance. Muito interessante ler os relatos.

Conclusão: estamos sempre, em alguma medida, fazendo apostas, com a única certeza de que não há garantias - por mais que estejamos conscientes da situação e supostamente embasados na nossa decisão. E a decisão de tentar e começar o relacionamento é só a 1a de muitas outras que se sucederão (Pode parecer muito óbvio o que estou dizendo - mas na prática é bem mais complicado discernir porque vamos vivendo as histórias ao longo do tempo - não se trata apenas de um único evento isolado no tempo e espaço).

O que me dá certo alívio é ver que, pelos relatos colocados, as coisas não parecem ser tão deterministas quanto eu às vezes as imagino. É uma visão para eu testar na minha própria vida, inclusive.

A ver.

2 comentários:

  1. Namora comigo? Essa pergunta dá medo porque remete mais a restrições do que concessões. Mas o sim é quase inevitável quando a única concessão possível vale todas as restrições. Isso se tivermos a necessidade de medir para se comprometer.

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    1. Puxa Rodrigo, que incrível o seu comentário!!! Me arrepiou! Obrigado por vir aqui e deixá-lo! (espero que volte outras vezes). Talvez vc tenha dado a resposta que eu estava procurando.

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