segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Adriano, o bruto romântico.

Voltemos às histórias individuais que eu tanto gosto de escrever!

O título enfatiza, de propósito, um aspecto [aparentemente] dúbio do Adriano que levei muito tempo pra compreender.

Nos conhecemos já há alguns anos. Eu estava numa balada com aquela sensação total de "looser", porque tinha visto meu último namorado acompanhado de outro cara, feliz da vida, e eu lá chupando dedo, sem ninguém pra me atracar e com a sensação de que tinha perdido o amor da minha vida (já comentei um pouco sobre isso em um post anterior). 

Ia pagar a conta e ao passar por um dos corredores um cara confiante e sorridente me abordou e começou a conversar comigo, num claro movimento de paquera. Eu, com a estima em baixa, nem tive muita dúvida e logo partimos pra um beijo gostoso. Desconfio que ele queria o mesmo!

Mas ainda que não estivesse com a auto-estima em baixa, mesmo assim teria ficado com ele. Adriano é um cara mais alto, a princípio você pensaria que ele é um mulato pela cor da pele... só que ele é uma mistura exótica e muito interessante, pois provavelmente tem miscigenação indígena, ou seja, ele tem cabelo preto bem lisinho (e já raleando, com umas entradas), nariz e formato de rosto mais delicados e os olhos um pouco puxadinhos.

Pra tentar dar uma ideia inicial de como ele é, pense no Neymar mais homem, mais alto e não tão magrelo.  Esse é o meu Adriano.


Mas não se engane com os traços delicados do rosto e a voz mansa e lenta (sabe aquelas pessoas que falam um pouco mais devagar e demorado?). Por baixo disso se esconde um cara bem viril... viril até demais pro meu gosto... um cara impetuoso na cama, que "chega chegando"... e isso minha colega, pra mim é um problema... um problema sério...

Nossa 1a transa foi no mínimo curiosa... o Adriano era um cara meio travado quando eu o conheci (e depois, ao saber um pouco mais sobre a vida dele, entendi o porquê). Eu o chamei para terminar a balada lá em casa e ele topou. As coisas estavam indo bem, eu tava curtindo e ele se colocou na transa como ativo. Mas lá pelas tantas ele perdeu a ereção e não conseguiu continuar. Perguntei se ele queria dar pra mim e ele disse que não.

Não sei se foi algo que falei, alguma referência que ele viu no meu apto, alguma lembrança... e hoje, revendo essa história, eu não sei ao certo se nós continuamos depois, ou se só na manhã seguinte e se cheguei a dar pra ele nessa vez. Simplesmente não me lembro.

Eu viajei e, umas 3 semanas depois, voltei e liguei pra ele. Liguei sem muito compromisso, tava com vontade de transar e ele era quem poderia realizar isso da maneira mais prática. Nessa 2a transa se colocou a questão principal que inviabilizou essa história (já joguei o spoiler aqui antes do fim do texto...)

Nós começamos a nos pegar no sofá e fomos pra cama... pouco tempo depois ele quis me penetrar. E não foi legal, eu estava desconfortável e senti dor. Até por isso, acabei gozando rapidamente. No começo da minha vida sexual isso acontecia com certa frequência (até pela intensidade de sensações no sexo anal) - eu fiquei um pouco chateado e me desculpei. Ele disse que entendia e que o ideal era que fosse bom pra ambos. Assim, ele se virou "na mão", mas ainda demorou pra gozar.

Ainda tivemos mais um encontro durante a semana e nesse fomos até o final. E foi foda! Eu não curti novamente, mas decidi que aguentaria até o final, e ele gozou me comendo. Mas porra, como doeu... ele metia forte, rápido como um bate-estacas e demorou muito pra gozar.


Eu não sei se era a forma forte de fazer, se era porque o pau dele era mais fino do que grosso (tinha um tamanho médio, bem duro, mas era um pouco mais fino do que a média de paus que conheço e do que o meu tbém); mas o fato é que o jeito dele transar não bateu com o meu e não me agradou.

Ah... outra coisa que me intrigou e incomodou: o Adriano não soltava a língua no beijo, ele colocava só a pontinha. Eu sou um cara muito beijoqueiro; eu o beijava e pensava comigo: cadê a língua desse cara? Até uma hora em que falei: solta essa língua! (isso até virou piada interna e ele entendeu o meu pleito!).

Ele ainda me ligou algumas vezes mas da forma como havia acontecido, eu perdi o interesse e não dei muito retorno. Além disso, eu já tinha percebido que ele tava querendo uma ligação mais forte, com mais frequência e não era algo que me inspirava naquele momento.


O mais interessante é que ao mesmo tempo em que é impetuoso e meio bruto, o Adriano tem um romantismo, ele busca alguém pra chamar de seu, quer se ligar emocionalmente, quer ficar de conchinha e se aninhar... É como diz a sabedoria popular: os brutos também amam!

Ele próprio ressaltou essa diferença entre a gente, em uma de nossas conversas. Ele tem razão e não deixa de ser curioso. Eu curto muito uma putaria, mas não quer dizer que eu também não curta conversar, ouvir música, ter momentos de carinho. A diferença é que disso não se conclui que eu queira estreitar laços rumo a um namoro.

Meus amigos me tiram o maior sarro porque eu vou à sauna e gosto de conversar antes de transar, gosto de trocar uma ideia com alguém que abordo (ou que me aborda). No intervalo de uma transa e outra eu às vezes vou pro bar e fico lá conversando. Ué... e por quê não?

Adriano e eu deixamos de nos falar e um tempo depois ele começou a namorar e se casou... nos reencontramos uns anos depois, quando ele me escreveu após se separar. Eu estava morando em outra cidade mas vinha a São Paulo algumas vezes e me deu vontade de aceitar seu convite pra uma cerveja. A conversa foi ótima, ele me parecia mais maduro, mais solto e mais à vontade consigo e sua sexualidade.

[Um breve parêntesis: o Adriano tem um passado familiar complicado com o pai e uma formação religiosa evangélica que, ao mesmo tempo que feria sua real sexualidade, também foi o fator viabilizador da faculdade e da vinda dele pra SP - onde então ele começou a ampliar a vivência gay. Ele por muito tempo fez aquela linha "só como" e tratava os outros caras de maneira inferior, se achando melhor e "menos gay". Relações clandestinas e "fora do meio". Alguns anos se passaram até que ele tivesse condição de encarar seus sentimentos e desejos de frente e ficasse mais em paz com a sexualidade. Hoje creio que ele leva isso de uma ótima forma, não se esconde e nem sufoca seus sentimentos. Ainda ficaram alguns traços de Ogro, mas aí acho que seja o estilo dele mesmo, rs... e gays também podem ser ogros... e como bom Ogro, ele encontrou seu Fiono, do jeitinho que ele gosta, loirinho, branquinho, um príncipe, hehe]

Só que as incompatibilidades sexuais continuavam lá... e foi só nesse reencontro que me dei conta disso de forma mais analítica... Adriano é um cara que não curte preliminares, já quer meter logo de cara. Eu adoro! [e posso me satisfazer apenas com elas]. Adriano é o cara estilo "pau no cú", é muito focado nisso e logo já quer chegar aí. Eu não tenho essa necessidade tão imediata e não acho que penetração seja sempre item essencial de uma foda. Eu tentava segura-lo um pouco mas ele vinha tão pra cima que, além de me irritar, me tirava a espontaneidade na transa e me deixava travado, literalmente encurralado!


A dificuldade da língua no beijo continuava, talvez seja o estilo dele e mudar isso não é fácil. E por fim - o cara mudava de posição no sexo de 2 em 2 minutos... quando eu estava conseguindo curtir, ficando confortável, ele me puxava e me colocava em outra posição.


E ainda... leva uma eternidade pra gozar... e algumas vezes ele não chegava a gozar. Olha, transar com alguém que não goza é algo que me deixa muito, muito atordoado (esse tema já discuti em outro post).

Eu dei alguns toques  nele sobre estes pontos. Mas definitivamente não tava a fim de lembra-lo a toda hora e a cada transa nossa. Não é assim que tem de ser e não sou daqueles que acredita que se muda alguém.

Nosso último encontro foi em um final de semana que passamos juntos numa praia e essas incompatibilidades ficaram claras pra ele. Eu inclusive falei que ele tinha me machucado (e até por isso não metemos outras vezes). A partir daí ficou claro pra ambos que não rolaria mais e cada um seguiu sua vida. Às vezes nos encontramos, conversamos, bebemos, mas agora como bons conhecidos.
O mais interessante dessa história é que ela me mostrou que a compatibilidade ou incompatibilidade sexual entre dois caras vai muito, mas muito além de uma ´simples´ dicotomia ativo/passivo. 
Essa dicotomia é muito falada, mas não é só isso que importa. Bom, primeiro que me ressentia de ele não querer dar pra mim algumas vezes (e pro namorado recente ele finalmente teve de fazer essa concessão!). Segundo, mesmo topando ser passivo com ele, eu não curtia a forma como ele fazia. E terceiro, se você tá confortável numa posição na hora da transa, por que vai querer mudar? Não tem essa obrigação de alternar o script, como se fosse uma aula de lambaeróbica...

Outra questão bacana que essa história me mostrou é a importância do parceiro estar atento aos sinais do outro - dicas, sinalizações, sutilezas - mesmo que seja numa foda sem compromisso (eu pelo menos penso assim). Isso pode tornar as coisas mais agradáveis pra ambos e garantir futuras novas fodas (e quem sabe algo ainda além).


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